165 anos da Harmonia Lyra: confira momentos que marcaram a história da sociedade
Instituição foi fundada em 31 de maio de 1858
165 anos da Harmonia Lyra: confira momentos que marcaram a história da sociedade
Instituição foi fundada em 31 de maio de 1858
- Por Fred Romano
- 31/05/2023
- 18:57
A Sociedade Harmonia Lyra, de Joinville, completa nesta quarta-feira, 31, 165 anos de existência. Desde sua fundação, em 31 de maio de 1858, a instituição desempenha uma papel importante no setor cultural joinvilense.
“Ao longo de 165 anos, a Sociedade Harmonia Lyra tem cumprido seu destino, contribuindo para a grandeza de Joinville e se consolidando como uma guardiã da cultura e incentivadora das artes na cidade”, comenta Álvaro Cauduro de Oliveira, que preside a sociedade desde 2014.
A sociedade celebra seu aniversário com uma noite de ópera em Joinville. O salão principal da Harmonia-Lyra recebe nesta noite um grande concerto estrelado por nomes de destaque do canto lírico nacional.
Confira momentos que marcaram a história da sociedade:
1. Fundação
Álvaro conta que Ottokar Doerffel teve participação decisiva na fundação da Harmonia Lyra. Ottokar foi o primeiro secretário da sociedade e diretor artístico por 25 anos.
A Harmonia Lyra é a mais antiga sociedade cultural privada do Brasil. Ela foi fundada por 25 imigrantes que se estabeleceram na recém-fundada Joinville, vindos de países europeus. A cidade tinha pouco mais de 1,7 mil habitantes. Os imigrantes, no armazém de Eduardo Trinks, se reuniram para fundar a Harmonie-Gessellschaft.
“Mensalmente deverão ser realizadas festas com teatro, música, canto, dança ou quaisquer outros divertimentos com a presença dos sócios e suas famílias”, diz a ata da primeira reunião.
A partir de sua fundação a sociedade começou a realizar teatros e eventos musicais que envolviam toda a comunidade. Não se tratava apenas de assistir, mas também de participar ativamente nos palcos. Para se associar à sociedade as famílias pagavam mil réis e os solteiros 500 réis.
2. União da Lyra com a Harmonie
Em 28 de outubro de 1921, após se apresentarem juntos algumas vezes, a Harmonie-Gessellschaft se fundiu com a Sociedade Musical Lyra, que havia sido criada em 1899. Assim, 63 anos após sua fundação, a sociedade se tornou Harmonie-Lyra.
3. Inauguração da sede própria
A sede própria da sociedade foi inaugurada em 1930. O “Magnífico Palácio” foi construído na rua Quinze de Novembro.
A construção da sede é fruto da contribuição de 47 associados. Foram realizados empréstimos à sociedade. Os valores foram quitados com a realização de bailes e quermesses.
Simone Harger, arquiteta e ex-diretora de Preservação do Patrimônio Cultural da Fundação Catarinense de Cultura, explica que o edifício da Harmonia Lyra integra um conjunto de edifícios históricos protegidos pelo estado de Santa Catarina.
Ela informa também que o prédio apresenta arquitetura eclética. Composto por dois edifícios, totaliza uma área construída aproximada de 3.816,53 metros quadrados.
“Os dois prédios são interligados e apresentam unidade visual apesar da diferença de altura entre ambos”, comenta Simone. O prédio mais alto abriga o teatro e, o mais baixo, abriga a antiga sede social.
4. Berço para eventos e instituições
Além de grandes nomes nacionais e internacionais que passaram pelos palcos da Harmonia Lyra, Álvaro conta que eventos importantes na história de Joinville, como o Festival de Dança e a Festa das Flores, tiveram início na sociedade.
A primeira escola de balé de Joinville também foi criada na sociedade. Para Álvaro isso é um marco inicial na jornada que levou a cidade a ser reconhecida como a Capital Nacional da Dança.
“Em seus salões, quando ainda criança levado pelos meus pais, assisti às primeiras apresentações de teatro, música de orquestra e exposições de arte. Adolescente dancei os primeiros bailes e talvez os primeiros pileques”, relembra Edson Busch Machado, presidente do Instituto Internacional Juarez Machado. Edson também fez parte da sociedade como vice-presidente e diretor de Cultura.
Douglas Hahn, barítono e coordenador artístico do Festival de Ópera, conta que pelo palco da Harmonia Lyra passaram grandes artistas líricos. Uma delas foi Bidú Sayão, considerada a maior artista lírica do Brasil.
O barítono Douglas também foi diretor artístico da sociedade entre 2014 e 2018. “Pude ajudar a desenvolver projetos como a série Interlúdio de Música de Câmara e o Festival de Ópera de Joinville”, conta.
“Nos dias de hoje a Sociedade Harmonia Lyra segue firme produzindo montagens de óperas no seu festival que já está na quarta edição”, conta o presidente Álvaro. A Harmonia Lyra também tem parceria com escolas e orquestras promovendo eventos culturais com crianças. Entre eles, o presidente cita o Natal na Sacada em parceria com a Escola Arte Maior.
5. Restauração do prédio
Os edifícios vêm, desde 2014, passando por diversas intervenções de restauração. “As intervenções pretendem recuperar seu substrato histórico”, explica Simone. Além da recuperação da arquitetura original e dos elementos constitutivos do prédio, o restauro também adéqua o edifício às novas demandas.
“Temos dedicado muitos esforços e recursos no restauro do prédio contando com doações, patrocínios e recursos provenientes de leis de incentivo à cultura”, conta Álvaro, atual presidente da sociedade.
Saiba o que já foi feito:
- colocação de rampa para acesso frontal e plataforma elevatória para acesso ao teatro;
- conservação da cobertura do teatro;
- restauração da caixa cênica;
- restauração da cobertura;
- conservação das alvenarias e pisos da antiga sede social;
- recuperação de áreas no térreo;
- restauração da cobertura do foyer da área do balcão.
O foyer da Sociedade Harmonia-Lyra foi reinaugurado em 23 de maio deste ano. O local recebe regularmente os membros da Academia Joinvilense de Letras (AJL), que se reúnem para confraternizar e debater seus assuntos literários.
A principal novidade é o retorno do lustre de cristais belgas. O adorno ficou à mostra no grande salão desde a época da inauguração do prédio da Lyra, mas na década de 1980 foi trocado pelo que se encontra ali até hoje. Após um longo tempo guardado, o lustre foi totalmente restaurado.
“Atualmente a antiga sede social do edifício, que abriga a sala Mozart, está passando por intervenção visando ações na cobertura, piso do sótão, forro do primeiro pavimento e adequação e saneamento de patologias do térreo”, diz Simone.
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