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Advogada denuncia policial por crítica à roupa dela em penitenciária de Joinville; “fui humilhada”

Caso ocorreu na semana passada

Advogada denuncia policial por crítica à roupa dela em penitenciária de Joinville; “fui humilhada”

Caso ocorreu na semana passada

Isabel Lima

A advogada Milena Tomelin, responsável pela defesa do vereador Mauricinho Soares, denunciou uma policial penitenciária após passar por dois episódios no Presídio Regional de Joinville. Milena teria sido ofendida devido às roupas que vestia nos dias em que foi visitar o cliente na prisão.


Em um relato publicado nas redes sociais, Milena explica que foi questionada sobre a vestimenta na semana passada. Conforme a advogada, a policial teria alegado que ela não entraria nem no fórum vestida daquele jeito, seguido de diversos comentários sexistas.

“Fui humilhada, hostilizada, tive meu direito de fala ceifado, e tudo isso dentro da sala da OAB, por uma policial mulher”, desabafa na publicação. A roupa em questão é um blazer azul com uma bermuda do mesmo modelo.

Arquivo pessoal/Divulgação

No dia seguinte, em uma nova visita ao presídio, a advogada encontrou novamente com a policial. Milena afirma que a policial teria avisado que capturou imagens da roupa que a advogada utilizava e que teria levado isso ao chefe de segurança. “Para que eu não pudesse mais entrar utilizando ‘esse tipo de roupa'”, explica Milena.

Ao fim da visita, Milena alega que foi abordada novamente pela agente, dessa vez, dentro da sala da OAB. No local, Milena afirma que foi atacada verbalmente, ofendida e hostilizada. “A policial alegou que eu a teria desacatado, que faria o registro, tentando dar a entender que me prenderia”, conta Milena.

A policial também teria medido o tamanho da saia que ela utilizava e medido o vestido de outra advogada que estava no local. Milena teria pedido a outro agente que retirasse a policial da sala. Entretanto, a situação só teria se acalmado quando outro advogado interveio e solicitou a retirada da policial.

Arquivo pessoal/Divulgação

Milena então acionou a Comissão de Prerrogativas dos advogados da OAB, que foi ao local apurar a situação e prestar apoio à advogada. A equipe da Penitenciária também participou da apuração do ocorrido. Toda a situação teria sido presenciada por outros advogados e funcionários do presídio, que Milena reforça que a trataram muito bem.

“Todos os demais policiais penais sempre me atenderam com muito respeito e educação; os terceirizados que atendem nós advogados, as famílias, que ficam na linha de frente, são incríveis, e sempre me atenderam com alegria, atenção e prestatividade”, escreveu Milena.

Nesta terça-feira, 16, Milena Tomelin prestará depoimento para a corregedoria. Além disso, um grupo de mulheres advogadas realizará uma manifestação em apoio a Milena em frente ao Presídio Feminino, às 12h.

Posicionamento da OAB

Em um vídeo publicado nas redes sociais da OAB Joinville, o presidente Oliver Jander Costa Pereira lamentou o ocorrido e reforçou que as críticas às vestimentas não têm qualquer respaldo legal. Além disso, reforçou que o órgão vai continuar acompanhando de perto a situação e cobrou a instauração de um inquérito para apurar a atuação da policial.

“A OAB Joinville reafirma seu compromisso na defesa das prerrogativas dos advogados e informa que continuará vigilante e atuante, acompanhando o desdobramento deste lamentável acontecimento”, diz a nota.

Posicionamento do estado

Em resposta ao pedido da reportagem do jornal O Município Joinville, a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa afirmou que repudia qualquer discriminação por parte dos servidores. A secretaria também informou que a Corregedoria da SAP está conduzindo uma investigação em relação aos fatos denunciados e, se necessário, serão adotadas medidas cabíveis.

“Os comportamentos descritos na denúncia não estão alinhados com as orientações da SAP para seus servidores, representados atualmente por mulheres em importantes cargos da pasta, como a secretária adjunta, e a diretora do Departamento de Polícia Penal, dentre muitas outras servidoras que repudiam veementemente qualquer tipo de discriminação”, diz a nota.

Leia a nota da OAB na íntegra:

“A OAB Joinville vem a público expor sua posição diante do lamentável episódio ocorrido com uma advogada no exercício de sua profissão no Presídio Regional de Joinville, que teve suas roupas avaliadas de maneira indevida por uma policial penal. Além de ter sido criticada por suas vestimentas, sem qualquer respaldo legal, a advogada ainda teria sido verbalmente ofendida, de forma arbitrária e desrespeitosa. Por meio de seu Presidente, Oliver Jander Costa Pereira, a OAB Joinville esclarece que providências foram imediatamente tomadas, inclusive com o envio de Ofícios para diversas autoridades requerendo a apuração dos fatos e a punição dos envolvidos. A Comissão de Defesa de Prerrogativas da Subseção enviou um advogado para assessorar a advogada e acompanhar de perto o caso, sendo que toda a assistência foi e continua sendo prestada, inclusive no local dos fatos. Importante destacar que certamente se trata de um fato isolado, que não reflete a postura da direção dos órgãos prisionais e muito menos dos demais policiais penais, que sempre tiveram boa relação com a OAB e com os profissionais da advocacia. A OAB Joinville reafirma seu compromisso na defesa das prerrogativas dos advogados e informa que continuará vigilante e atuante, acompanhando o desdobramento deste lamentável acontecimento.”

Leia a nota da Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa na íntegra:

“A Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa reafirma seu repúdio a qualquer forma de discriminação por parte de seus servidores e informa que a Corregedoria da SAP está conduzindo uma investigação rigorosa em relação aos fatos denunciados e, se necessário, serão adotadas medidas cabíveis. Comprometemo-nos a seguir estritamente as normas e princípios que regem nossas atividades, assegurando a confiança da sociedade em nossas instituições. Os comportamentos descritos na denúncia não estão alinhados com as orientações da SAP para seus servidores, representados atualmente por mulheres em importantes cargos da pasta, como a secretária adjunta, e a diretora do Departamento de Polícia Penal, dentre muitas outras servidoras que repudiam veementemente qualquer tipo de discriminação. É importante destacar que as unidades prisionais são regularmente visitadas por órgãos de controle externo, como o Ministério Público, Poder Judiciário e a Ordem dos Advogados do Brasil. A Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa mantém constante contato com essas instituições, sempre atendendo às demandas com ética e respeito.”


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Casarão Neitzel é preservado pela mesma família há mais de 100 anos na Estrada Quiriri, em Joinville:

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