“A água já estava na minha cintura”: moradores relatam destruição após chuvas em Joinville

Morados de uma das regiões mais afetadas pelas fortes chuvas desta quarta-feira amanheceram com vassouras e mangueiras na mão

“A água já estava na minha cintura”: moradores relatam destruição após chuvas em Joinville

Morados de uma das regiões mais afetadas pelas fortes chuvas desta quarta-feira amanheceram com vassouras e mangueiras na mão

Bernardo Gonçalves

Moradores do bairro Jardim Sofia, uma das regiões mais afetadas pelas fortes chuvas que atingiram Joinville na quarta-feira, 10, amanheceram nesta quinta-feira, 11, com vassouras e mangueiras na mão para limpar a sujeira deixada pelo grande volume de água que saiu de um dos rios próximos e invadiu as residências.

Por conta da proximidade, a rua da Ecologia, onde reside Wilson Pasquali, de 21 anos, foi uma das mais afetadas. Segundo o morador, a esposa Bruna, que estava com filha bebê do casal e mais duas crianças enteadas, estavam no local quando a água começou a entrar. No trabalho, ele recebeu uma ligação da esposa e soube da situação caótica. “Cheguei por volta das 10h30 para tentar erguer algum móvel, mas a água já estava na minha cintura”, lembra.

Sem a possibilidade de entrar para salvar algo, saiu ao encontro da família. Com informações repassadas por um vizinho, soube que às 19h o nível da água já estava na janela e que só começou a baixar só de madrugada. Desta forma, só conseguiu ter acesso ao lugar onde mora na manhã desta quinta-feira, 11, quando encontrou tudo o que tinha inundado. “Para não dizer que não perdemos tudo, ficou só a parte de cima da minha cozinha. O resto não sobrou nada”.

Além dos móveis, Wilson também perdeu diversos alimentos. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

“Achei que nunca ia passar por isso. Só tinha visto por televisão. Da vontade de desistir de tudo, mas tenho muita fé que Deus dará em dobro”, diz Wilson, que está vivenciando pela primeira vez uma situação como essa.

Geladeira que será jogada fora após a enchente. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville
Bicicleta jogada no chão, completamente destruída. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

Rua João Marcos da Silva

Também próxima ao rio, a rua João Marcos da Silva teve residências invadidas pela água. Moradora do local há 36 anos, Denise Lurdes, 45, viu que a situação começou a ficar preocupante às 10h, quando a água já havia invadido terreno, mas não chegou a erguer os móveis. Por volta das 12h, a correria começou para levantar os móveis e sair o mais rápido possível. “Precisávamos sair do local porque tinha uma idosa e uma criança e os bombeiros alertaram que não daria para ficar”, relembra.

Ela também conta que os  bombeiros falavam que não adiantava tirar uma motocicleta que estava em uma casa nos fundos. Recomendaram colocar em um lugar alto. A solução foi colocar no meio da sala. Em relação à perda de móveis, a moradora diz que não houve nenhuma, mas que a enchente foi a pior dos últimos anos.

Denise precisou segurar a cama com um mini sofá. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville
Moto deixada na sala da casa de Denise. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

“Não nos animamos em comprar nada novo porque já sabemos que aqui sempre enche, até por isso meu guarda-roupa é pregado na parede. A casa também já está condenada por conta de outras enchentes”, diz a moradora.

Denise mora com a mãe Maria Zanchetta, 66, que possui um salão de beleza em um dos cômodos, e os filhos. A família vai passar o dia limpando a casa.

Salão de beleza de Maria Zanchetta amanheceu cheio de lama. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

Alguns metros à frente, Willian Eduardo, 34, e toda a família também iniciaram esta quinta-feira limpando as casas onde moram. O morador conta que as ruas começaram a encher por volta das 8h e que a água começou a entrar no terreno às 10h. A partir deste momento, o sinal de alerta foi ligado para saber se seria necessário erguer os imóveis. “Tentamos subir o máximo de coisas possíveis, mas algumas coisas ficaram. Os guarda-roupas todos foram para o lixo”, relata.

Já com a família em outro lugar por segurança, Willian e mais dois irmãos ficaram no local para continuar verificando o nível da água e também para a proteção dos bens. “A família dormiu em outro lugar. Aqui em casa, baixamos um colchão e tiramos um cochilo só, porque era de madrugada.”

Água começou a entrar pelo ralo de um dos banheiros. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville
Um dos irmãos limpando a calçada, com todos os móveis para fora de casa. Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville

Edeson Volkmann, 33 , irmão de Willian, mora no lugar há apenas oito meses, mas passou dois anos reformando o local. “Foi terrível. Não encheu muito, mas o que encheu deu bastante estrago. O que foi investido, terá que ser investido de novo”, lamenta.

Diante da situação, fez um apelo às autoridades em relação à região onde mora. “Que as pessoas olhem por nós. Fazer a drenagem desse rio ou algo parecido. Foi feito no passado e resolveu. Agora que deixaram ‘a Deus-dará’ aconteceu isso aí”, finaliza.

Confira fotos:

Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville
Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville
Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville
Foto: Bernardo Gonçalves/O Município Joinville
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