Aluna do Exathum ganha concurso literário da Feira do Livro de Joinville com conto introspectivo
Aos 16 anos, Vitória descobriu que pode escrever um bom texto e até ganhar uma premiação por isso
Estudante da 2ª Série do Ensino Médio no Exathum Curso e Colégio, Vitória Schoepping dos Santos, de apenas 16 anos, vivenciou um momento importante em sua carreira estudantil. A adolescente foi uma das ganhadoras do concurso de produção textual da Feira do Livro de Joinville 2024 com um conto introspectivo.
Além da premiação de R$ 1 mil, ela descobriu que pode ser escritora de bons textos, que valem a pena ser lidos e relidos. “Eu descobri que consigo escrever um texto bom, a gente nunca se acha capaz, porque sempre parece que o dos outros vai ser melhor”, ela confessa.
O tema do conto que a adolescente escreveu foi “o livro que mais reli”, um pré-requisito do concurso. Ela escolheu abordar “Tudo é rio”, da escritora contemporânea Carla Madeira. O conto de Vitória fala sobre a literatura ser cíclica e que a encontra de maneiras diferentes, em momentos específicos da vida.
“O livro é uma mulher”
“O livro é uma mulher” é o título da história da estudante. Ao longo do texto, ela discorre sobre as sensações de ser mulher ao reler um livro tão impactante quanto a obra de Carla Madeira.
“Não é justo argumentar que estou relendo o mesmo livro, ele já não é mais o mesmo”, ela pontua no final do conto. Isso porque o leitor já não é mais o mesmo no momento da releitura e Vitória se identifica com isso.
Embora tenha sido uma das ganhadoras do concurso, o processo de escrita também transformou Vitória. “Hoje eu já escreveria diferente”, diz a estudante. Com a ajuda do professor de redação Atanael, Vitória descobriu algumas dificuldades e facilidades que tem com a produção textual.
Quem também fez parte desse processo foi a professora de literatura, Carol. “Eles me ajudaram muito a construir essa questão da leitura e da escrita”, pontua Vitória.
Importância e desafios da leitura
A prática de leitura faz parte da vida de Vitória desde pequena. Ela conta que a família tem diversos leitores e, durante a pandemia de Covid-19, intensificou esse costume. “Na época da pandemia, como ficava muito livre, eu vi alguns livros famosos, comecei a ler e acabei virando leitora”, conta ela.
Foi nesse contexto que ela descobriu diversos autores nacionais e se encantou pelo naturalismo. “A professora Carol trouxe as novas visões que a literatura pode ter, já que tal arte é muito ampla, tem várias linguagens e vários modos de ser representada”, ela explica.
Foi no Exathum que ela teve acesso facilitado a autores como Machado de Assis, por quem hoje é apaixonada.
E, sob orientação do professor Atanael, Vitória desenvolveu aspectos gramaticais e a estrutura de texto. “Descobri que a gramática é mais complexa do que eu pensava, que não é só sentar e escrever”, diz a aluna.
No ano passado, quando fez o Enem como treineira, a aluna já conquistou a maior nota da escola na redação, 960 pontos. Vitória sonha em seguir na área do Direito, na carreira pública. Ela ainda não decidiu se vai tentar ser delegada ou juíza, mas tem preferência em fazer parte da polícia.
Aproximar a leitura
Um dos grandes desafios dos professores de literatura e gramática é fazer com que os alunos leiam. Nem todos têm o hábito da leitura quando começam a frequentar a escola, deixando essa responsabilidade para os professores.
A professora de literatura do Exathum entende que essa influência vem da família, mas é possível transformar esse hábito durante a adolescência. “Eu já tive experiências com alunos que diziam que não gostavam de ler, mas é só o fato de você encontrar um autor que converse contigo, com tuas preferências e gostos”, ela explica.
O grande desafio da docência é justamente fazer uma conexão entre os clássicos, obrigatórios na grade curricular, e as obras que possam encantar os alunos. “Começando por algo mais atual, ele vai atrás dos clássicos”, conta a professora.
Ela tenta conectar os assuntos de sala de aula com a cultura pop, como ligar o naturalismo aos filmes “Pulp Fiction” e “Tropa de Elite”, até “Cidade de Deus”. Dessa forma, ela consegue introduzir leituras como “O Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, para depois convencer os alunos a lerem “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo.
A professora Carol reforça que a leitura passa por processos, em que o início precisa ocorrer de forma leve. O aluno precisa encontrar o que gosta, para formar a musculatura necessária para ler os clássicos. Nesse caminho, entram diversos livros cobrados nos vestibulares, mais atuais e que se conectam melhor com os jovens.