Perfil dos eleitos: Ana Lúcia promete mandato de combate ao racismo e opressões em Joinville
Ela foi a primeira mulher negra eleita vereadora na história da cidade
Ela foi a primeira mulher negra eleita vereadora na história da cidade
Militante do movimento negro, feminista e defensora das minorias, a professora e servidora pública aposentada Ana Lúcia Martins (PT) foi eleita a primeira vereadora negra da história de Joinville.
Para ela, talvez a única representante à esquerda no Legislativo joinvilense no próximo ano, este fato histórico significa a representação de um projeto coletivo, construído “pelo Movimento Negro de mulheres e homens, pela organização e coletivos de feministas, por diferentes partidos de esquerda, de pessoas sem partido e de outros movimentos sociais”.
A vereadora, que se define como “incansável na defesa dos direitos humanos, afirma que seu mandato será pautado na luta contra o racismo, na defesa das mulheres, na busca pela igualdade e pluralidade da população.
“Por uma cidade que ofereça vida digna, com educação, moradia, transporte, cultura, lazer e outras políticas públicas que permitam a mobilidade social de quem está excluído do centro”, defende.
Além deste fato histórico, a eleição de Ana Lúcia também marca o retorno do Partido dos Trabalhadores (PT) à Câmara de Vereadores da cidade, que não havia eleito parlamentares nas eleições municipais de 2016.
Filha de Onélia Durvalina Martins, empregada doméstica e operária de chão de fábrica, e de Acácio Martins, tratorista e servidor público, Ana Lúcia nasceu em 20 de agosto de 1966 no bairro Floresta, em Joinville.
Mãe de Alison e Bruno e avó de Caio, teve seu primeiro filho muito cedo e, sozinha, precisou largar os estudos para trabalhar e sustentar Alison.
Antes de ingressar novamente aos estudos na década de 1980, trabalhou como empregada doméstica, diarista e balconista. Em 1984 concluiu o curso de magistério e deu continuidade em sua trajetória no ramo da educação.
Em 1986 foi admitida na rede municipal de educação como professora do ensino infantil. Em 1987 iniciou a graduação em Educação Física, se formou em 1990 e passou a atuar como professora na área.
Sua trajetória política começou dois anos depois, quando foi representante de base do Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej). Ainda neste ano, passou a estudar a cultura africana e afro-brasileira e atuar no movimento negro, dentro do Setorial do Negro na Igreja Cristo Ressuscitado.
No ano de 1994 se filiou ao Partido dos Trabalhadores, no qual atua até hoje. Em 2000, teve seu projeto Dança na Escola aprovado e implementado em escolas municipais.
Também neste ano, sofreu com as mortes da mãe, pai, irmão mais velho, sobrinho e da cunhada. Entre esses lutos, conheceu o Maurício, seu esposo falecido de forma violenta em há dois anos. Casou-se em 2004 e teve seu segundo filho.
Em 2009, retomou à militância no movimento negro. A partir disso, participou do Comitê da Igualdade Racial e da criação do Conselho de Promoção de Igualdade Racial de Joinville e do movimento feminista em Joinville, do qual faz parte até hoje. Em 2017, se aposentou como professora, após 33 anos dedicados à educação.