Ansiedade normal e patológica: saiba como diferenciar
Com certeza você já ouviu, sentiu ou sabe do que estamos falando quando ouve a palavra ansiedade. Na verdade, você, eu e todo mundo temos ansiedade. Isso é fato. Quer dizer que somos uma sociedade totalmente doente? Não necessariamente. Vamos aprender a diferenciar a ansiedade comum e patológica.
O primeiro ponto importante a compreender é que a ansiedade, por mais que ela seja tida como vilã, é uma parceira muito importante na nossa vida. Sim, existe uma ansiedade que é boa e fundamental para nós seres humanos.
E, justamente, a ansiedade é uma característica absolutamente humana. Nenhum animal, além de nós, sente ansiedade. O que os animaizinhos sentem é uma emoção que se assemelha e por vezes se confunde, mas tem outro nome: medo.
O medo gera em nós, e em qualquer animal, uma porção de sensações fisiológicas que o caracterizam: o coração acelera bombeando mais sangue, nossa atividade de alerta fica ativada e ficamos mais atentos e vigilantes, tendemos a sentir tremores, dores de barriga e uma porção de outras coisas que caracterizam essa movimentação repentina da nossa emoção de medo.
Porém, o medo é uma emoção ativada de forma automática diante de uma ameaça presente, real ou imaginária, no agora.
Aí é que está a diferença entre ansiedade e medo. A ansiedade traz muitas sensações fisiológicas, corporais, semelhantes ao medo. No entanto, não existe necessariamente um perigo que está presente naquele momento.
A ansiedade tem uma característica chave que envolve esse receio por algo que está por vir e pode, ou não, acontecer. Por isso muitas vezes ouvimos que a ansiedade é viver no futuro.
Então, como existe uma ansiedade boa? A ansiedade ontológica, natural, que faz parte da vivência humana, é aquela que sentimos e que nos mobiliza em direção à nos prepararmos para algo que está por vir e as possíveis intempéries no caminho.
Por exemplo, pensar que talvez vá chover amanhã ou que a ida à praia pode ter um tempo frio, nos permite nos prepararmos para isso levando um guarda-chuva ou um casaco, por exemplo.
Também podemos dizer que é muito natural nos sentirmos ansiosos em momentos como uma apresentação, quando vamos conhecer a família do namorado ou da namorada, quando teremos uma prova naquela semana ou quando temos um encontro.
Todos esses são momentos simples da nossa vida que podem gerar a sensação de ansiedade positiva, quando esta vem para auxiliar a nossa preparação para esses momentos.
Então, como podemos saber que a ansiedade está “fora do normal”?
Alguns fatores são decisivos para considerarmos que a ansiedade está extrapolando o que pode ser considerado natural.
1. Excessiva
Quando a ansiedade se torna uma rotina, se torna corriqueira e muito presente no dia a dia, um sinal de alerta precisa ser acendido. Por vezes, uma situação ou outra, mais pontuais, podem nos deixar muito ansiosos e passarmos dias pensando naquilo, às vezes até nos tira o sono. Porém, se isso se torna constante, é preciso ficar atento.
2. Desproporcional
Outro ponto importante para identificar e diferenciar a ansiedade natural da patológica é quando a sensação de ansiedade se mostra desproporcional à situação. Por exemplo, se eu tenho uma viagem importante, é natural que eu fique alguns dias ansioso com isso. No entanto, se eu sempre viajo para outra cidade, pois meu trabalho ou faculdade é em outra cidade, talvez a sensação de ansiedade não condiz tanto com a situação em si, se mostra desproporcional, já que é algo corriqueiro e não mais uma exceção.
3. Prejudicial
Um fator-chave é que a ansiedade prejudicial, ou patológica, começa aos poucos a trazer prejuízo significativo na vida da pessoa, por vezes impedindo ou sendo um fator determinante para deixar de ir a lugares, fazer coisas que antes eram naturais. Quando a ansiedade começa a ser uma barreira é muito importante que se comece a prestar mais atenção a ela.
Se você começar a identificar que sua ansiedade está sendo prejudicial, desproporcional ou excessiva, é ideal que você busque uma ajuda profissional, seja do psicólogo ou da psiquiatra.
Lembrando que esses dois atores são complementares, o psiquiatra vai te auxiliar com a medicação para regular esses sintomas da ansiedade, e o psicólogo vai te ajudar a entender e lidar melhor com as situações do seu dia a dia para amenizar esse lado prejudicial da ansiedade.
Então, fica o convite para você: se puder, faça terapia!
Psicóloga Ana Carolina Schmidt