Yasmim Eble
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“O apoio da minha família e o esporte foram grandes aliados para que eu reaprendesse a viver”, relata João Matheus Duarte Padilha, de 23 anos, que foi diagnosticado com osteossarcoma, conhecido como câncer ósseo, aos 9 anos.
João é natural de Pitanga, no interior do Paraná, mas cresceu em Joinville. Atualmente, ele é atleta da seleção brasileira na modalidade de basquete em cadeira de rodas, mas sua história tem um ponto de virada em 2009, com o diagnóstico.
“Eu comecei a sentir muita dor na perna, na região do joelho, aos 8 anos. Dias após começar a doer, o local começou a inchar”, explica. Ao ir ao médico, retornou para casa com uma tala e alguns remédios. No entanto, a dor e o inchaço persistiram.
Quando voltou ao hospital foram realizados alguns exames, como o de raio x, mas nada foi encontrado. “A dor só foi piorando e precisei voltar ao médico, passei com o Dr. Álvaro, onde ele pediu uma bateria de exames para investigar a causa”, relata.
Um tumor entre o joelho e o fêmur foi identificado. O tratamento começou logo em seguida da descoberta. “Foram várias idas e vindas ao hospital, era um lugar que eu ficava mais do que a minha casa”, comenta João.
O morador de Joinville passou por 15 quimioterapias de um ciclo de 21. “A décima quinta quimioterapia me levou para a UTI, com pouca chance de voltar. Fiquei vários dias no local com queimadura de 2º grau por todo o corpo”, acrescenta.
Depois de dois anos de tratamento e quatro cirurgias, veio a opção que mudaria a vida de João e lhe daria um recomeço: a amputação da perna.
Um presente de aniversário
João explica que a ideia de amputar a perna veio dos médicos que realizavam o tratamento. “Foi sugerido logo depois que eu retornei da UTI. Minha mãe não aceitou muito na época, mas deixou em minhas mãos para escolher”, conta.
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Ele viu nessa opção uma forma de voltar a brincar, andar de bicicleta e ter liberdade novamente. Aos 10 anos, no dia 26 de janeiro de 2010, ele realizou a cirurgia. “Foi três dias antes do meu aniversário e digo que esse foi o meu melhor presente, pois ganhei minha liberdade novamente. Pude voltar para casa e viver”, acrescenta.
O morador de Joinville relata que foi difícil reaprender e aceitar algumas situações, no entanto, com o passar dos anos, sua vida foi simplesmente voltando ao normal. “Eu não entendia muito na época, mas sempre tive minha mãe, meu pai, meus irmãos e familiares comigo, eles foram minha base”, completa.
Uma nova fase
Aos 13 anos, João conheceu o Centro Esportivo para Pessoas Especiais de Joinville (Cepe) e começou a praticar a modalidade de basquete em cadeiras de rodas. “Eu fui pegando o gosto e querendo cada vez mais. Com 15 anos eu estreei na equipe de competição, chamada Raposas do Sul de Joinville”, conta.
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João foi destaque no campeonato brasileiro e dois anos depois, com 17 anos, foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira sub 23, na Argentina. Já aos 18, foi convocado para o Parapan-Americanos sub 21.
Recentemente, João foi convocado novamente para defender a seleção no sub 23, em uma competição no México. O time ficou em segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos. O pódio garantiu a vaga para o mundial na Tailândia, que acontece em setembro.
Para o morador de Joinville, o esporte foi essencial para mudar a sua vida para sempre. “O esporte me proporcionou conhecer pessoas novas, outras culturas e a troca de vivências com outras pessoas que passaram por dificuldades. Eu me apoiei na minha família e no esporte”, explica.
Resiliência e mudanças
Com a ajuda de uma rifa, criada por amigos e familiares, João conseguiu trocar a prótese, o que melhorou sua qualidade de vida. “Eu aproveito a oportunidade para agradecer todos que me ajudaram a comprar a prótese. Estou cercado de pessoas que me querem bem”, conta.
Atualmente, João não está trabalhando. “Eu tenho uma rotina como qualquer outra pessoa, tenho dificuldades, estresse e cansaço, mas eu tenho a quadra para ter um escape. Lá esqueço de tudo”, conta.
Julho Amarelo alerta para osteossarcoma
João Matheus relata que a campanha do Julho Amarelo é extremamente importante para levar conhecimento para que as pessoas possam entender a doença. “Muitas pessoas me perguntam sobre a prótese e falam que não sabiam que crianças tinham esse tipo de câncer. Essa doença não tem idade, então é preciso conhecimento”, completa.
O oncologista clínico do Hospital Dona Helena, Lucas Sant’Ana, relata que o conhecimento é o principal aliado para um diagnóstico precoce. “Osteossarcoma é um tumor ósseo maligno e normalmente acomete ossos longos, das pernas e braços, mas pode acontecer com qualquer osso do corpo”, explica.
A doença é mais frequente em crianças, adolescentes e jovens adultos justamente na fase de crescimento, devido à alta velocidade com que os ossos aumentam neste período. “Esse tipo de câncer provoca metástase facilmente, por isso é necessário um diagnóstico rápido e um tratamento intenso”, conta.
O câncer pode ser classificado em três tipos, dependendo da velocidade de crescimento do tumor. “O tratamento varia para cada caso, mas consiste em quimioterapia, radioterapia e cirurgia para a retirada do tumor”, acrescenta o doutor.
Causa e sintomas
Geralmente, o osteossarcoma é causado por erros no DNA. As células começam a crescer e se multiplicar sem controle. Além disso, existem alguns fatores de risco que podem desencadear o osteossarcoma, como a idade, sexo (geralmente é mais comum em homens) e doença de Paget do osso.
Os sintomas são edemas, inchaço local, vermelhidão e calor, dor no local e nódulos perto das articulações.