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Apoio do neto foi fundamental para Aroldo da Silva se tornar Papai Noel em Joinville

Aroldo representa o personagem há 14 anos no Shopping Mueller

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Barba branca e longa, roupas vermelhas, trono enfeitado e crianças, sorrindo, encantadas ao vê-lo. Há 14 anos, a vida de Aroldo da Silva, de 76 anos, se transforma no mês de dezembro. Nascido e morador de Jaraguá do Sul, ele tomou uma decisão em 2006 que segue até hoje: ser Papai Noel.

A escolha, porém, precisou ficar nos planos por um tempo antes de ir à prática. A ideia foi barrada por sua primeira esposa, falecida no mesmo ano, que não gostava da barba grande. “Ela não aprovou”, relembra com sorriso.

Após ficar sozinho, o sonho ficou mais junto de si. O apoio do neto foi o elemento que faltava. “Por que você não vira Papai Noel? Se tiver interesse, a gente pinta a sua barba” disse. A partir da sugestão o caminho ficou sem volta. Aroldo fez um currículo e enviou para três locais.

Mandou, aguardou e, para sua surpresa, algumas horas depois, recebeu uma ligação. Era o Shopping Mueller, de Joinville, perguntando se o desejo de Aroldo era verdadeiro.

“Quando a gerente me perguntou se eu seria um bom Papai Noel eu respondi: você acredita que eu possa ser? Ela disse que sim e eu que estávamos prontos para começar a parceria”, explica, convencido.

Após alcançar o sonho, era necessário estar preparado para realizá-lo. E, para ele, isso está com ele desde sempre na sua vida. Voltado às questões religiosas desde criança, também participou de palestras para aprender a se comunicar dentro dos padrões cristãos.

“Isso tudo foi me preparando para ser Papai Noel, apesar de nunca imaginar que aconteceria”, diz.

A paixão é tão grande que Aroldo chegou a escrever o livreto “Histórias do Papai Noel”, que conta suas experiências como o personagem.

Livro de Aroldo sobre suas histórias natalinas | Foto: Arquivo pessoal

Primeiras experiências

No primeiro Natal como “bom velhinho” a emoção o conduziu durante o expediente. “Quando vi as crianças correndo na minha direção eu só conseguia sorrir de tão emocionado com aquela situação”, exalta.

Com o passar do anos, Aroldo foi ampliando o carinho para outras pessoas. Além das crianças, passou a convidar os pais e responsáveis para entrar na brincadeira.

Ele lembra que os filhos vinham sozinhos falar com ele, depois, percebeu que os adultos também gostavam de participar.

A transformação, inclusive, o ajudou. “Pedia para conversar sobre as crianças e os pais falavam que era teimoso ou não obedecia, por exemplo, a partir dali eu começo um diálogo muito bom”, reforça.

Realização

O Papai Noel conta que já tentou parar, mas os pedidos para continuar e os sentimentos do Natal são maiores.

Aroldo Silva mora em Jaraguá do Sul | Foto: Arquivo pessoal

“A alegria que as crianças sentem ao me ver é incrível. Tem pessoas que eu conversei com 10 anos, hoje tem 24 e ainda me reconhecem”, compartilha.

Para ele, estar sentado no trono natalino é algo realizador. “Eu abro meu coração, me transformo em outra pessoa. Ou melhor, realmente em um Papai Noel. Me sinto feliz que as crianças se sintam felizes comigo”, destaca.

Apaixonado por viagens

Com planos para encontrar outro trabalho que possa fazer virtualmente, Aroldo não esquece de suas paixões ao planejar o lazer preferido: viajar com sua atual esposa.

O casal já viajou para Belém (PA), Aparecida do Norte (SP), Holambra (SP) e, para eles, um dos lugares mais especiais: Foz de Iguaçu (PR), onde ele pretende voltar.

Ele lembra que ficou boquiaberto com a “monstruosidade” da Usina Hidrelétrica de Itaipu. “É um colosso Brasil-Paraguai. Além das cataratas, que são uma obra da natureza”, opina.

Natal na pandemia

Por conta da pandemia da Covid-19, esse é o primeiro Natal, desde 2006, que Aroldo não recebe os abraços e carinho das crianças que vão o ver.

Em 2020, o Papai Noel está no shopping Mueller, mas em uma sala reservada, onde se comunica por um totem com as crianças.

Ele lamenta com tristeza a situação e torce para que o Natal deste ano seja o último que precise trabalhar atrás de uma câmera, em um quarto fechado.

Em 2020, Aroldo está conversando virtualmente com crianças | Foto: André Kopsch

“Me tirou a coisa mais preciosa que é o contato com as crianças, abraçar, beijar, conversar”, se entristece.

A distância das pessoas também o deixa frustrado. “Precisamos nos trancar para não contaminar pessoas que nos amam. Está sendo uma coisa sangrenta e dolorosa”, complementa.

A melancólica situação, porém, também pode trazer pontos positivos. “Para nós, humanos, foi uma lição para pensarmos mais sobre a nossa vida”, analisa.

O desejo de Aroldo é que o Brasil perceba o valor das pessoas queridas que estão ao nosso redor e que a pandemia seja erradicada do mundo o quanto antes.


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