Artigo: Educação e Fraternidade
Por Glauco José Côrte
Vice-presidente-executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
“Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26).
Comprovando a importância que a Igreja no Brasil atribui ao assunto, a Campanha da Fraternidade deste ano volta ao tema da educação, cuja questão já havia sido tratada na CF de 1982 (A verdade vos libertará) e na CF de 1998 (A serviço da Vida e da Esperança).
Junto com a CF/22, o Episcopado Brasileiro lançou uma Carta às famílias, aos educadores e gestores, de reconhecimento ao seu esforço e a sua contribuição à missão educativa baseada na “construção de projetos de vida que tenham como horizonte o bem comum e a fraternidade”.
Também em setembro de 2019, o Papa Francisco lançou o chamado Pacto Educativo Global, um “convite ao diálogo sobre a forma como estamos construindo o futuro do planeta … e para reavivar o compromisso para e com as novas gerações, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva”.
Não se trata, assim, de um apelo somente da Igreja no Brasil, mas de toda a Igreja no mundo. E, muito mais, uma convocação a toda a sociedade para que se una em torno de uma firme aliança pela educação. “Ensina o adolescente quanto ao caminho a seguir e ele não se desviará, mesmo quando envelhecer” (Pr 22,6).
Não consigo ver outra prioridade mais urgente do que a educação. É claro que há muitas necessidades que são importantes. Rigorosamente, porém, a primeira é a educação, um direito de todos e dever do Estado e da Família, com a colaboração da sociedade (artigo 205 da Constituição Brasileira).
Como afirmam os bispos brasileiros, o esforço das famílias, dos educadores e gestores precisa ser reconhecido e enaltecido. Porém é preciso reconhecer, também, que está mais do que na hora de uma nova educação, pois como ensina o meu amigo prof.
Mozart Neves Ramos, “não se trata de consertar ou remendar”, mas de uma educação que prepare as crianças e os jovens para os desafios do mundo atual e para a vida e não apenas para o mercado (cf. Carta referida).
Valho-me de uma sábia citação do pedagogo Janus Korczak, citado recentemente por Nicolau da Rocha Cavalcanti (OESP 2/3/22: “Quem se preocupa com os dias, semeia trigo. Quem se preocupa com os anos, planta árvores. Quem se preocupa com as gerações, educa as pessoas”.