Balança comercial: Joinville tem salto de importações em 2021; veja números
Presidente do Núcleo de Negócios Internacionais da Acij avalia impacto da pandemia na economia
Presidente do Núcleo de Negócios Internacionais da Acij avalia impacto da pandemia na economia
O valor de importações em Joinville de 2020 para 2021 teve um salto e praticamente dobrou, passando de 2,6 bilhões de dólares para 4,1 bilhões de dólares em produtos. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Segundo o presidente do Núcleo de Negócios Internacionais da Associação Empresarial de Joinville (Acij), Andrei Vinícius da Rosa, a mudança está ligada diretamente à pandemia.
Em 2018 e 2019, veículos e acessórios foram os itens mais importados no município, totalizando mais de 1,1 bilhão de dólares nos dois anos. Entretanto, os dados dão conta que em 2020 o setor foi afetado, sendo, por duas vezes consecutivas, os produtos menos importados entre os cinco mais importados após o início da pandemia no município.
“Podemos afirmar que a conjuntura global como um todo contribuiu fortemente para este número. A capacidade industrial do segmento automotivo enfrentou falta de insumos e mão de obra em parte de 2021, e isso fez com que ‘faltassem carros novos’ no mercado, limitando o número de carros vendidos. Fator câmbio e frete também impactam no preço final de produtos importados para revenda, como é o caso dos veículos”, explica Andrei.
Em relação aos números das importações para Joinville por bloco econômico nos últimos seis anos, os valores aumentaram em todos os blocos. A Ásia, sem considerar o Oriente Médio, que obtém os maiores números por bloco, registrou 1,3 bilhão de dólares nos valores de produtos importados em 2020, passando para 1,9 bilhão de dólares no ano seguinte.
Em seguida vem a América do Sul, que passou de 711 milhões dólares para 1,2 bilhão. A Europa circula em terceiro na lista de importações por bloco econômico, sendo 333 milhões de dólares em 2020 e 560 milhões de dólares em 2021.
“O ano de 2021 foi um ano de forte recuperação econômica, e isso se reflete nos números. Tivemos aumento no valor importado de todos os blocos econômicos. Também houve a necessidade de desenvolver novos fornecedores em regiões menos tradicionais para tentar equilibrar a dependência da China e do forte gargalo logístico e produtivo que se instalou por lá”, avalia o presidente do Núcleo de Negócios Internacionais da Acij.
Joinville registrou em 2016 o valor de 266 milhões de dólares em produtos importados relacionados à materiais e aparelhos elétricos, o maior naquele ano. Em 2017, o setor também se manteve em alta, sendo 324 milhões de dólares.
Após dois anos consecutivos em que o setor automotivo liderou as importações no município, instrumentos mecânicos tomaram a ponta em 2020 e 2021 durante a pandemia, sendo 506 milhões de dólares e 689 milhões de dólares, respectivamente.
Andrei reforça que a pandemia ocasionou na retomada econômica em 2021, o que manteve os valores altos de importações no município. “Em 2021 tivemos um ano ainda com muitas dificuldades sanitárias, porém com forte recuperação da atividade econômica em comparação a 2020”, ressalta.
Nos últimos seis anos, os instrumentos mecânicos foram os produtos que lideraram no quesito exportações de Joinville. De 2016 até 2021 a ordem de itens mais exportados se manteve praticamente com instrumentos mecânicos em primeiro, seguido por veículos e acessórios; produtos químicos; ferro e aço; e plástico.
O setor de mecânico registrou crescimento de 2016 para 2017, passando de 755 milhões de dólares para 820 milhões de dólares, sendo este o pico de exportações de produtos em Joinville nos últimos seis anos.
Os três anos seguintes foram de queda, em que o município registrou 785 milhões de dólares (2018), 778 milhões de dólares (2019) e 589 milhões (durante pandemia, em 2020) no setor. Entretanto, apesar da queda nos valores por ano de produtos exportados relacionados a instrumentos mecânicos, o setor se manteve em primeiro na lista.
O aumento voltou a ser registrado em 2021, apesar de ainda ser inferior ao pico de 2017, sendo o valor de 751 milhões de dólares para o setor. O último ano contabilizado nos dados de exportações aponta que Joinville registrou ainda 95 milhões de dólares em relação a veículos e acessórios; 44 milhões de dólares em produtos químicos; 35 milhões de dólares em ferro e aço; e 34 milhões de dólares em plástico.
O número total de importações nos últimos seis anos demonstra crescimento. Apesar de a pandemia ter influenciado nos valores totais de 2020, sendo inferiores em comparação com os de 2019, Joinville registrou aumento com a retomada econômica de 2021. O município passou de 1,3 bilhão de dólares em 2016 para 1,7 bilhão de dólares em 2017.
No ano seguinte, passou para 2,5 bilhões de dólares. O pico em 2019 foi de 2,8 bilhões de dólares. Com a queda em 2020, Joinville voltou a registrar 2,6 bilhões de dólares. Por fim, foi registrado o salto em 2021, passando para 4,1 bilhões de dólares.
Em relação às exportações, os números permaneceram estáveis na casa de 1 bilhão de dólares até o início da pandemia. Em 2016, os valores em Joinville foram de 972 milhões de dólares, seguidos por 1 bilhão de dólares nos três anos seguintes. Em 2020, houve queda para 839 milhões, retornando para a casa de 1 bilhão com a retomada da economia em 2021.
A retomada da economia após o início da pandemia deve seguir em 2022, conforme avalia Andrei. De acordo com ele, será possível enxergar uma melhora nos trabalhos por parte das indústrias, com os níveis de matéria-prima para produção normalizados, o que afetará positivamente os municípios. Ele comenta que a economia ainda pode enfrentar algumas dificuldades em determinados segmentos, mas sem impacto para toda a cadeia produtiva.
“Ao que tudo indica, o ano de 2022 será o ano do início da volta à ‘normalidade’, e isso se aplica também ao comércio exterior e aos aspectos econômicos. Devemos observar ao longo do ano um alívio no gargalo logístico e uma melhora na capacidade produtiva das indústrias, com menos gargalos de mão de obra e com a normalização dos níveis de estoque de insumos e matéria-prima”, diz.
O presidente do núcleo da Acij acredita que os impactos da pandemia ficaram para trás no setor econômico. No entanto, ele cita que surpresas ainda podem afetar a economia do mundo e refletir nos municípios. Os exemplos apresentados por Andrei são tanto a tensão entre Rússia e China com o Ocidente quanto uma nova variante do coronavírus.
“Os piores impactos econômicos decorrentes da pandemia já ficaram para trás, ao que tudo indica. Se não tivermos nenhuma grande surpresa ao longo do ano no campo geopolítico, como um agravamento na relação Rússia e China com o Ocidente, ou novas variantes mais agressivas, devemos ter um ano um pouco mais tranquilo em comparação com os dois anos anteriores”, afirma.