Bombeira voluntária de Joinville há 20 anos, socorrista descobriu vocação em aula de geografia
Jucilene atendeu mais de 10 mil ocorrências durante a carreira
Jucilene Colonetti, que completa 39 anos nesta terça-feira, 22, é bombeira voluntária de Joinville há 20 anos. Em 2007 ela fez mais um curso e se tornou socorrista, atuando também nas ambulâncias da corporação.
O professor dela era Heitor Ribeiro Filho, ex-comandante da corporação. Ju lembra que ele comentou em sala sobre a seletiva para a nova unidade do Aventureiro e incentivou os alunos a se inscreverem.
“Nem minha mãe esperava”, ela conta sobre a decisão de participar. “Eles esperavam que eu fosse seguir os passos dos meus irmãos”, completa.
Descobrindo a vocação
Jucilene vem de uma família de trabalhadores industriais. O cotidiano em empresas era realidade dos sete irmãos dela. Quando a caçula entrou na corporação, entendeu a verdadeira vocação dela: ajudar as pessoas.
A paixão foi imediata. “Eu vivia mais no bombeiro do que em casa”, conta Ju. Com a formação de bombeira socorrista, ela conseguiu seguir carreira. Além de atuar de forma voluntária, Jucilene trabalha com primeiros-socorros.
Voluntária há 20 anos
“Quando entrei eu era uma adolescente”, relembra a bombeira Ju. Ao fazer três anos de corporação, fez o curso de socorrista e desde então trabalha na função. Quase sempre no período noturno, o plantão favorito dela.
Mãe de quatro filhos, ela até considerou parar com o trabalho voluntário, mas o amor pela função a impediu. Nos fins de semana que o pai fica com as crianças, ela pega para fazer plantão.
“Antes de eu ser mãe, eu atendia qualquer coisa, era normal o atendimento. Depois que fui mãe, hoje é mais difícil para mim atender criança do que um adulto”, explica. Essas mudanças de comportamento e visão de mundo estão presentes em toda a trajetória.
Cada ocorrência difere da outra e permite que o voluntário tenha acesso a situações marcantes.
Mesmo depois de 20 anos, Ju lembra com detalhes do primeiro incêndio que atendeu. Ela lembra exatamente como encontraram a vítima em casa após ser carbonizada pelo fogo. As tragédias marcam a memória de quem estava lá para ajudar, por isso, Ju acredita que ser bombeira é um dom.
“Conheço muitas pessoas que já tentaram e desistiram. Como eu amo muito o que eu faço, isso me motiva cada dia mais”, completa. Todo amor transformou Jucilene em referência dentro e fora da corporação.
A bombeira do bairro
Jucilene mora no Aventureiro com os quatro filhos. Na rua dela, todos sabem que ela é bombeira. Sempre que alguma coisa acontece, é a ela que recorrem.
Só nas últimas semanas na vizinhança, ela ajudou uma criança com o pé preso no raio da bicicleta, participou da massagem cardíaca do vizinho que teve um mal súbito e auxiliou no resgate de um açougueiro que prendeu a mão na máquina de corte. Tudo isso, sem estar de plantão. “Eles me chamam, aí eu vou”, confessa.
Questionada sobre o rumo que teria tomado da vida se não tivesse entrado nos bombeiros, Jucilene só tem dúvidas. “Sabe que eu não sei?”, finaliza rindo.
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