Calor em Joinville: saiba quais são as regiões mais quentes da cidade

Entenda como funciona o calor na cidade e a razão da frequência de chuvas

Segundo alerta de especialistas de todo o mundo, este verão sul-americano promete ser um dos mais quentes da história. Em Joinville, a situação é ainda mais crítica devido à localização, formação geológica e as influências do El Ninõ. A reportagem buscou saber quais são as regiões mais quentes de Joinville e os motivos.

E para entender as previsões para as próximas semanas, o jornal O Município Joinville conversou com o professor de climatologia da Univille, Paulo Ivo. Ele explica que a cidade tem uma condição climática especial e diferente de outras regiões do estado devido à área urbana estar entre o pé da Serra Dona Francisca e ao lado da Baía da Babitonga.

Regiões mais quentes de Joinville

Conforme as observações feitas pelo professor e a estação meteorológica da Univille, os bairros que estão em volta da Baía da Babitonga e perto do aeroporto são os mais impactados pelos ventos. Deste forma, menos quentes, ainda que úmidos.

Já os bairros perto da Serra Dona Francisca podem ser considerados os mais quentes da cidade. Isso porque eles estão localizados onde a umidade se concentra e com pouca influência dos ventos.

O calor úmido sentido região do pé da Serra pode ser comparado com os bairros centrais de Joinville, principalmente aqueles que ficam atrás do Morro do Boa Vista, que serve como outra barreira de vento.

Já na Zona Sul, o calor também é bastante acentuado. Entretanto, a região é mais suscetível às frentes frias, acompanhadas do vento Sul, que deixa as temperaturas mais amenas.

“Se fizer uma média ao longo do ano, a cada duas ou três semanas entra uma frente fria e alivia as tensões. Mas esse vento sul empurra a umidade para a Serra, que fica mais quente”, explica Paulo.

Bairros com temperaturas mais amenas:

Aventureiro
Jardim Iririú
Comasa
Espinheiros
Vila Cubatão

Bairros com temperaturas mais quentes:

Centro
Saguaçu
América
Bucarein
Anita Garibaldi
Boa Vista
Rio Bonito
Pirabeiraba
Vila Nova
Nova brasília
Morro do Meio
Zona Industrial Norte

Entenda o calor de Joinville

Em Joinville, o calor úmido sufocante é provocado pela relação de cinco fatores: ventos, proximidade com a Serra, proximidade com o mar, vegetação e as ilhas de calor. Segundo explicação de Paulo Ivo, um dos primeiros fatores para se analisar é a relação entre a proximidade com o nível do mar e a quantidade de vegetação. “As plantas pegam a umidade do solo e transpiram como nós”, conta o professor.

Um eucalipto, por exemplo, chega a colocar 500 litros de água por dia na atmosfera. Como Joinville tem vasta vegetação e as plantas tem ligação direta com os lençóis freáticos, a umidade é acentuada.

“Essa umidade suspensa na atmosfera absorve calor, a sensação que a gente tem em Joinville é de estar em uma sauna, quente e úmido”, contextualiza Paulo Ivo.

Paulo Ivo, professor e ex-reitor da Univille | Foto: Isabel Lima/ O Município Joinville

A outra influência direta no calor da cidade é o panorama geográfico da região. Joinville é cercada por montanhas e uma baía, atingidos por dois principais ventos, o Sul e o Nordeste.

No verão, o Nordeste domina. “Vem do oceano, passa em cima da Baía da Babitonga e é empurrado para a cidade, esse vento é carregado de umidade do oceano e da baía”, diz o professor. O mesmo ocorre com o vento Sul no inverno, que empurra a umidade oceânica para Joinville.

Além da umidade que sai das plantas e a umidade trazida pelos ventos, essa massa de água bate na Serra e sobe. Quando chega no alto, as temperaturas são menores, provocando a formação de nuvens. “Por isso chove o ano todo. No verão é abafado e no inverno, tu tem a sensação de que a umidade entra no osso”, diz Paulo.

Ilhas de calor

Outro fator que ajuda a definir as regiões mais quentes de Joinville são as ilhas de calor. De acordo com Paulo, o calor concentrado no concreto e asfalto, somado aos prédios e morros que impedem a passagem dos ventos, tornam as regiões mais urbanizadas de Joinville mais propícias ao calor úmido extremo.

“Da para perceber isso no inverno, você sai para caminhar no fim da tarde, o sol vai embora e você sente o calor vindo do concreto, das paredes”, exemplifica o professor. Por isso, o Centro de Joinville pode ser considerado o bairro mais quente da cidade.

As chuvas do El Ninõ

O El Ninõ provoca a retensão da água quente no nível na linha do Equador. Por isso, os ventos Norte e Nordeste chegam mais quentes em Joinville, acompanhados de uma quantidade maior de descargas elétricas.

Segundo Paulo Ivo, a previsão é que o El Ninõ impacte diretamente o aumento de chuvas, que devem ficar mais intensas e frequentes. “No verão normal nos teríamos dois ou três dias de chuva por semana, agora com o El Ninõ vamos ter chuvas praticamente todos os dias”, adianta o professor.

Além das chuvas mais fortes, o calor deve ser mais intenso, pois o fenômeno é a retensão de água quente, provocando sensação de abafamento. “É possível ter sensação térmica acima de 50°C”, alerta Paulo.

Radiação solar

Outro alerta do professor são os índices de radiação solar em Joinville. De acordo com Paulo Ivo, muitas pessoas acreditam que as nuvens protegem da radiação. Entretanto, os raios ultravioletas, que causam câncer, ultrapassam o sombreado das nuvens.

“Você vai estar queimando mesmo que não tenha muita luz, precisa passar protetor solar”, reforça Paulo. Durante o verão, o cuidado é ainda mais importante, pois é o momento que o sol está exatamente sob Santa Catarina. “É o momento de maior intensidade de radiação”, explica o professor.

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