Câmara rejeita encaminhamento ao Conselho de Ética de denúncia contra vereadora por falas sobre caçadores

Discussão e votação aconteceram na sessão desta quarta-feira, 9

Câmara rejeita encaminhamento ao Conselho de Ética de denúncia contra vereadora por falas sobre caçadores

Discussão e votação aconteceram na sessão desta quarta-feira, 9

Bruno da Silva

O encaminhamento ao Conselho de Ética de denúncia protocolada pelo vereador Willian Tonezi (PL) contra Liliane da Frada (Podemos) por falas na Câmara de Vereadores de Joinville sobre caçadores foi rejeitada em plenário nesta quarta-feira, 9.

Ele solicitava que, sob acusação de quebra de decoro parlamentar, fosse instaurado processo político-disciplinar no Conselho de Ética contra Liliane, o que foi rejeitado. Foram oito votos contra o encaminhamento da denúncia e três favoráveis.

Como votou cada vereador

Os votos favoráveis foram de Brandel Júnior (PL), Cleiton Profeta (PL) e Instrutor Lucas (PL). Foram contra Alisson (Novo), Érico Vinícius (Novo), Henrique Deckmann (MDB), Kiko da Luz (PSD), Lucas Souza (Republicanos), Neto Petters (Novo), Pastor Ascendino Batista (PSD) e Vanessa da Rosa (PT). O denunciante e a denunciada não votaram, assim como o presidente da casa, Diego Machado (PSD), que só é acionado em caso de empate. O vereador Pelé (MDB) se absteve.

Os vereadores Adilson Girardi (MDB), por conta do falecimento de sua mãe, Mateus Batista (União), que cumpria agenda com o deputado Guto Zacarias (União-SP) para discutir sobre Assistência Social, Tânia Larson (União), por problema de saúde, e Vanessa Falk (Novo), que justificou ausência para cumprir agenda em Florianópolis, não compareceram à sessão.

Discussão sobre a denúncia

Autor da denúncia, Tonezi defendeu os caçadores legais e criticou a vereadora. “Não se trata apenas de uma figura de linguagem, essa é a práxis da esquerda. Nós vereadores precisamos fazer esse julgamento, é isso que a comunidade e os caçadores esperam. Eles fazem um trabalho benéfico para a sociedade, um manejo de uma espécie que está destruindo a nossa fauna (no caso, os javalis)”.

Willian Tonezi, autor da denúncia | Foto: Mauro Artur Schlieck/CVJ

Na mesma linha, Cleiton Profeta classificou as falas da vereadora como “absurdas”. “Sou um defensor ferrenho da liberdade de expressão, mas chamar alguém de bandido é extrapolar a liberdade. O que houve aqui é a defesa de algo absurdo, defender a morte dos caçadores. Nenhum parlamento do mundo pode aceitar isso”.

Os vereadores Instrutor Lucas e Brandel Júnior também se manifestaram favoráveis à denúncia.

Já Liliane se desculpou pelas falas, que disse terem sido impensadas. “É óbvio que eu não defendo ou desejo a morte de ninguém. Eu nem tenho arma. Várias pessoas armadas me ligaram me ameaçando de morte. Eu lido com a crueldade contra os animais todos os dias. O que eu falei foi figura de linguagem. Defendo a vida a todo custo. Perdi o controle, já pedi desculpas e peço aqui mais uma vez. Não tenho nada contra os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores). Perdi a compostura, assim como acontece com os vereadores do PL, que gritam no nosso ouvido. Falei sem pensar. Quero que todos tenham vida longa”.

Neto Petters explicou que não entende que esse caso merecia uma investigação. “Sou a favor dos CACs e dos clubes do tiro, mas temos que separar as falas. Se a gente for levar uma situação dessas a ferro e fogo, será levado algo ao Conselho de Ética toda semana. A vereadora pediu desculpa, o que a gente não viu em outros casos”.

O presidente Diego Machado se manifestou contra esse tipo de procedimento e lembrou que, caso tivesse que votar o desempate em denúncia contra Tonezi, que está no Conselho de Ética, também seria contrário.

“Foram palavras duras, mas que logo em seguida foram retratadas. Houve um arrependimento diante de uma situação. Entendo que isso tem que ser bem pensado para não banalizar e aí teremos que abrir um conselho de ética por dia. Independente de plenário lotado ou vazio, gostando ou não, eu deixo minhas opiniões”.

Henrique Deckmann disse que a vereadora errou, mas também se posicionou contra para não banalizar denúncias ao Conselho de Ética.

No decorrer da discussão, Tonezi voltou à tribuna e mostrou um post recente de Liliane sobre o assunto. “Isto mostra que ela não está arrependida de forma alguma. Ela está mentindo. O que nós queremos é que se instaure o processo e ouçam as testemunhas. Tem que ter coragem para ser vereador. É isso que a comunidade quer desta Câmara de Vereadores”.

Em alguns momentos, o presidente da casa precisou interromper a sessão e chamar a atenção de presentes, que apoiavam à denúncia, e se manifestaram durante as falas.

Alguns CACs compareceram à sessão | Foto: Mauro Artur Schlieck/CVJ

Assista à discussão sobre a denúncia

A denúncia

Em duas reuniões, a primeira da Comissão de Educação do dia 24, durante a discussão do projeto que cria o Dia do CAC na cidade, e a segunda na sessão ordinária do dia 30, a vereadora chamou caçadores de “bandidos” e “assassinos”. A vereadora ainda disse que caçadores são “uma praga que deveria ser exterminada” e que “deu graças a Deus quando soube de notícias de que caçadores foram mortos”.

Ela também fez uma postagem nas redes sociais fazendo essa comparação que foi apagada posteriormente. Liliane defende-se dizendo que se referia apenas a caçadores ilegais, apesar de não ter deixado isso claro nos momentos de suas falas na Câmara. “A fala foi impensada, num momento de tensão, e não reflete minha trajetória na defesa da vida, de todas as vidas”, disse em entrevista ao jornal O Município Joinville.

A vereadora diz que “embora não seja contra os CACs, é contrária ao “C” de caçador”. “Há mais de 15 anos atuo na defesa da causa animal, e apoiar isso seria incoerente com tudo o que defendo. Na comissão, afirmei que, sob o olhar das vítimas – os animais – vejo o caçador como um bandido. Já na tribuna, ao ser provocada pelo vereador, usei o termo assassinos, novamente me referindo exclusivamente aos caçadores ilegais. Palavra usada por todos os ativistas”, justificou.

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