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Câmera registra PM estrangulando dona de padaria durante abordagem em Itajaí

Caso aconteceu em dezembro de 2019

Câmera registra PM estrangulando dona de padaria durante abordagem em Itajaí

Caso aconteceu em dezembro de 2019

Redação O Município Joinville

jornal Intercept Brasil divulgou nesta segunda-feira, 22, um vídeo da abordagem de um policial militar durante uma prisão em flagrante, em Itajaí, onde uma gerente de padaria foi estrangulada por 38 segundos.

O caso aconteceu em 3 de dezembro de 2019, e as imagens foram registradas por uma câmera presa ao uniforme do soldado Adair de Oliveira.

A comerciante Beatriz de Moura Silva de Oliveira chegou na padaria por volta das 13h com a filha. No local, estava Jadson José da Silva, preso em flagrante com cinco petecas de cocaína pelos policiais Adair e Khaique Ferreira da Silva, deitado no chão e algemado na porta do estabelecimento.

No vídeo, os policiais deixaram o homem na frente da panificadora por alguns minutos enquanto a ocorrência era encerrada. A comerciante então falou aos policiais que estavam atrapalhando a entrada dos clientes.

A conversa prosseguiu com o soldado Adair subindo o tom de voz e perguntando se ela achava o trabalho da polícia ruim. Ela respondeu “Eu não estou achando que está ruim. Não coloque palavras na minha boca”. “Só um minutinho, deixa eu falar”, o policial retruca.

Durante a discussão, o soldado Khaique entrou na padaria atrás do balcão, onde estava o marido de Beatriz, Antonio Cesar de Oliveira. O PM pediu os documentos e começou a puxar o homem, e Beatriz avisa que ele precisa de autorização para entrar no local.

O comerciante foi imobilizado e levado para fora da padaria e não reagiu. A mulher tentou impedir e falou que eles são trabalhadores. Ela esticou o braço à esquerda do policial Adair, ele a empurrou com a mão no pescoço, e Beatriz afastou a mão dele.

Ele derrubou a mulher e segurou ela pelos cabelos, com o rosto voltado para o chão. Ela tentou reagir batendo nas mãos dele, que deu voz de prisão.

Segundo o Intercept, nos depoimentos os policiais alegaram que a comerciante tentou pegou a arma do policial, o que é impossível confirmar pela imagem.

Uma funcionária do estabelecimento que estava grávida na época, disse que se aproximou  para pedir calma ao PM e ele espirrou spray de pimenta nela.

Mesmo com a mulher imobilizada, o policial começou a estrangular Beatriz. “Põe o braço para trás, eu vou te apagar”, diz Adair. As imagens mostram a mulher com o rosto inchado, roxo e espumando pela boca. A filha de 13 anos tentou conter o policial e pedia calma. O estrangulamento durou 38 segundos.

Além disso, o policial jogou um jato de spray de pimenta no rosto de Beatriz por quatro segundos. Quando ela não tinha mais reação, o PM levantou, colocou ela de bruços e a algemou.

O marido dela estava deitado ao lado dela, de bruços, e relatou ter sido estrangulado também. A gravação terminou às 13h28.

Boletim de ocorrência

No boletim de ocorrência registrado na delegacia, os policiais acusaram a mulher de tráfico de drogas e associação ao tráfico, além de desacato, desobediência e resistência à prisão.

Beatriz teve que pagar R$ 998 de fiança para não seguir presa. Antônio foi acusado pelos mesmos crimes, exceto associação ao tráfico. O homem que estava sendo preso respondeu apenas pelo crime de tráfico.

Na ocorrência feita pelos policiais, não há registro de provas que comprove ligação do casal com o tráfico.

Depoimentos

Os depoimentos do policial na corregedoria trazem versões diferentes para as imagens. Na época dos fatos, disse que a mulher tentou intervir na detenção do marido e foi para cima do policial com violência, dando tapas e tentando sacar uma arma.

Em setembro de 2020, em outro depoimento, o PM disse que Beatriz o puxou pelo colete, ele perdeu o equilíbrio e caiu no chão junto com ela.


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