Cantora denuncia racismo e servidora é retirada de conselho da cultura em Joinville
Frases racistas foram ditas durante eleição do Conselho Municipal de Política Cultural
Frases racistas foram ditas durante eleição do Conselho Municipal de Política Cultural
A artista de Joinville conhecida como Amazona MC afirma que sofreu racismo de uma servidora pública ligada ao Conselho Municipal de Política Cultural (CPMC). O caso aconteceu na noite da última quarta-feira, 13, durante um evento virtual que nomeava novos representantes da entidade, na qual a cantora foi eleita para conselheira suplente do patrimônio imaterial da cidade.
Na tarde desta quinta-feira, 14, após saber das denúncias, a Secretaria de Cultura e Turismo (Secult) abriu investigações e, de forma preventiva, editou uma portaria retirando a indicação da servidora das atividades junto ao CMPC e indicou um novo representante para a função.
Um vídeo publicado nas redes sociais mostra Amazona sendo elogiada por outros participantes da transmissão. Ao mesmo tempo, é possível ouvir uma mulher falar frases como “que nojo que eu tenho disso”, “mulherão que ela é… só porque é negra”, “‘salve, salve’… isso é coisa de bandidinho”.
No Instagram, a artista lamentou o episódio, no qual disse que o caso transformou um dia de comemoração em preocupação. “Me sentir péssima por falas que menosprezam toda a minha luta, falas equivocadas, falas racistas”, escreveu.
A publicação ainda afirma que a servidora pública menosprezou a nomeação de Amazona, dizendo que “cantar não tem nada a ver com patrimônio imaterial. Ela não sabe nem o que é patrimônio imaterial”.
Em contato com a reportagem do jornal O Município Joinville, a cantora ressalta que fará um boletim de ocorrência na tarde desta quinta-feira, 14, para ampliar as denúncias do caso.
Nas redes sociais, Ana Lúcia Martins (PT), vereadora de Joinville, publicou uma nota de repúdio sobre o caso. “Não é lamentável, é inaceitável que essas falas preconceituosas e racistas sejam ditas durante transmissão ao vivo”, lamenta.
Ana Lúcia ainda escreveu que “a tentativa recorrente de desqualificar pessoas negras, em especial mulheres, a juventude periférica e artistas independentes só reforça o quanto o racismo é estruturado”.
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Já o Movimento Negro Maria Laura, além de se posicionar contra as falas, acusa o CPMC de excluir a transmissão do evento após as frases racistas terem sido ditas. “Está gravado, registrado. E só não está disponível o vídeo na íntegra porque os organizadores do evento excluíram, ou seja, ocultaram provas”, diz a publicação feita nas redes sociais.
Procurada pela reportagem do jornal O Município Joinville, a Prefeitura de Joinville diz que tomou conhecimento sobre o comentário de tom discriminatório supostamente proferido por uma servidora municipal na noite da última quarta-feira.
Após ter acesso à gravação da referida reunião, a Secretaria de Cultura e Turismo (Secult) encaminhou para a Controladoria-geral do Município uma Comunicação de Infração Disciplinar, para que seja iniciada a sindicância do caso, objetivando a aplicação das medidas cabíveis.
Ainda nesta quinta-feira, 14, de forma preventiva, a Secult editou uma Portaria retirando a indicação da servidora das atividades junto ao CMPC e indicou um novo representante para a função.
No texto, a Prefeitura de Joinville e a Secretaria de Cultura e Turismo dizem repudiar qualquer tipo de conduta discriminatória e reforçam o compromisso com o respeito e com a igualdade entre as pessoas.
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