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Casal de Joinville viaja de Kombi pelo Brasil e quer chegar ao Alasca; conheça história

Nilson e Josseli Weirich já percorreram 10 mil quilômetros dentro do país em um ano

Depois de três décadas juntos, o casal Nilson, de 52 anos, e Josseli de Souza Weirich, de 50 anos, decidiram transformar suas vidas e celebrar o amor fazendo aquilo que mais amam: viajar. Com o projeto “De Cabeça pelo Mundo“, os moradores de Joinville transformaram uma Kombi em lar e em parceira para as aventuras.

O projeto, que ganhou página no Instagram, Facebook e canal no Youtube, existe há um ano e tem como destino o Alasca, nos Estados Unidos. Desde então, o casal percorreu quase 10 mil quilômetros, passando por 12 estados e 196 cidades. “Estamos conhecendo e percorrendo principalmente as cidades menores e do interior”, relata Nilson.

Nilson e Jô durante a expedição em 2021. | Crédito: Yasmim Eble

A casa sob quatro rodas, apelidada carinhosamente de “Cabeçuda” em homenagem à paixão de Jô por tartarugas, foi escolhida após muita pesquisa. “A princípio a viagem seria até o Chile e de carro, acampando durante o período de férias do casal”, explica.

Em fevereiro de 2019, o sonho começou a ser colocado em prática após dois anos de planejamento. A Kombi se tornou uma opção por ser um meio de transporte carismático e que, segundo Nilson, chama atenção onde passa.

Arquivo Pessoal

“Encontramos muitas pessoas e temos novos amigos de diversos lugares. Conhecemos novas culturas e isso agrega muito na experiência”, completa. Neste um ano de aventura, para Nilson e Jô, o momento que mais os marcou foram os 1,2 mil quilômetros percorridos pelo sertão Nordestino visitando projetos sociais.

Atualmente, a viagem virou um estilo de vida por conta de todas essas experiências. “Abraçamos o estilo de vida nômade que passamos a ter e que estimamos durar pelo menos dez anos”, completa.

Ação social

Além do sonho de conhecer o mundo, o casal usa o tempo de viagem para ajudar crianças, adolescentes e adultos com projetos de combate ao abuso sexual infantil e com cortes de cabelo gratuitos na estrada.

As ações sociais sempre estiveram presentes na vida dos moradores de Joinville. Nilson trabalhou durante 13 anos coordenando a Missão Morro do Meio, um projeto social focado em crianças e adolescentes. Ele também coordenou a Rede de Proteção a Criança e Adolescente, com foco no combate ao abuso sexual infantil.

“Queríamos fazer essa expedição e não abandonar a missão de nossas vidas. Então resolvemos juntar as duas coisas”, diz Nilson. O casal faz palestras para educadores sobre a prevenção e combate ao abuso sexual infantil. Fornece também oficinas e treinamento com jogos para trabalhar com crianças e adolescentes.

No momento, apoiam a implantação do escotismo no sertão de Pernambuco, Ceará e Paraíba, já que são escoteiros. Jô, por ser cabeleireira, também fornece corte de cabelo gratuito em cada cidade que passa para pessoas que necessitam.

Jô cortando o cabelo de uma criança durante a passagem no Nordeste do país. | Crédito: Arquivo Pessoal

Desafios do estilo de vida

Para o casal, nos 12 meses que se seguiram de viagens, nenhuma grande dificuldade foi encontrada. No entanto, algo que é necessário lidar diariamente é o local para a dupla descansar depois dos percursos.

“É uma rotina encontrar um local para podermos dormir, mas a cada dia este é um objetivo de extrema importância para a nossa segurança”, conta. Porém, esta era uma dificuldade que ambos já esperavam.

Algo que está dificultando a viagem e que não estava nos planos de Nilson e Jô é o aumento no custo da gasolina. “Este sem dúvida é o maior vilão para o nosso orçamento, mas estamos seguindo como podemos”, completa.

Do Sul ao Norte

A “Cabeçuda” já tem um roteiro definido até final de 2022. “Queremos subir o Brasil pelo Leste e descer pelo Oeste neste ano. A partir disso, em 2023, ir até Ushuaia [na Argentina] e depois subir até o Alasca, passando por 18 países”, explica Nilson.

O destino final é Prudhoe Bay, no Alasca. “Com isto estaremos ligando os dois extremos do Polo Sul e Polo Norte pelo trajeto terrestre”, conta. Mesmo com a rota pré-definida, o casal pretende seguir o percurso com base no roteiro e nas dicas dos nativos das regiões.

E quando o casal chegar ao Alasca? Jô e Nilson responderam que, caso o canal do Youtube esteja bem ou o casal tenha um patrocínio, a visão é chegar a outro continente. “Quem sabe a África, onde poderíamos atuar na área social do nosso projeto com mais força”, declara.

Valorização da trajetória

Nilson e Jô criaram um canal no Youtube para compartilhar todas as aventuradas da “Cabeçuda”, além de uma conta no Instagram, Facebook e um site próprio. A reação, segundo o casal, é muito positiva, com muitas pessoas mandando mensagem. “Nós vamos gravando durante o percurso, depois eu mesmo edito e aí começa a luta para achar internet boa e subir os vídeos”, lembra Nilson.

O objetivo é mostrar para as pessoas que é possível colocar em prática um sonho, por mais difícil que pareça. “Basta ter foco e acreditar. Nos nossos vídeos é possível ver todas as pessoas boas no mundo, que elas existem e que são maioria”, conta.

Jô junto a bandeira do projeto “De Cabeça pelo Mundo” e a Kombi “Cabeçuda”. | Crédito: Arquivo Pessoal

Nos vídeos, Nilson e Jô querem mostrar que é possível viver de forma simples e fazer uma grande aventura, com planejamento e determinação. O lema do casal é “A vida não é sobre quem chega primeiro e sim sobre aprender e valorizar a trajetória”, por isso o casal leva a frase em tudo que fazem, inclusive na viagem.


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