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Caso Gabriella: júri de Leonardo Martins acontece na próxima semana

Família de Gabriella e advogados de defesa do réu falam sobre suas expectativas

Após um ano e três meses da morte de Gabriella Custódio Silva e três adiamentos de sessões por conta das medidas de prevenção da Covid-19, o júri popular de Leonardo Natan Chaves Martins, 22 anos, acusado de assassinar a jovem, vai acontecer na próxima terça-feira, 27.

Para a irmã de Gabriella, Andreza Custódio Silva, 25, e os advogados da família, a expectativa é de condenação em pena máxima, já que não acreditam na versão de tiro acidental, apresentada pela defesa do réu.

“Para nós esta versão é totalmente fantasiosa, por vários motivos. Principalmente por tudo que está no processo: ele ter se desfeito da arma, dos celulares (dele e da Gabriella), por ele ter colocado ela no porta-malas”, afirma Andreza.

Leia também: Caso Gabriella: famílias aguardam julgamento um ano após a morte

Ainda conforme a irmã, depois da morte de Gabriella, algumas amigas mais próximas da jovem relataram reclamações dela de violências físicas e psicológicas sofridas por parte de Leonardo.

“Essa espera é agoniante, um ciclo que não se fecha. O sofrimento pela morte dela nunca vai passar, mas esperamos que a justiça seja feita para pelo menos a gente ter um pouquinho de paz. Nada vai trazer ela de volta, mas esperamos do fundo do coração que ele seja condenado para que nossa angústia acabe”, diz.

Sem intenção

Para Deise Kohler, uma das advogadas de defesa de Leonardo, o réu não teve intenção de tirar a vida de Gabriella e a expectativa é de que “a justiça verdadeira seja feita”.

“A gente não vai defender que ele seja inocentado, nunca. Porque o que a gente quer é que ocorra a verdadeira justiça ao caso. Ele errou, vai ter que pagar pelo erro, mas não na proporção que está na denúncia”, defende a advogada.

De acordo com Deise, não existiu feminicídio, já que o casal se dava bem, e a defesa vai manter a tese de homicídio culposo. No entanto, a advogada afirma, que não há como prever a decisão do juiz.

“A defesa vai buscar demonstrar que o que ocorreu foi um homicídio culposo e, diante disso, Leonardo poderá sair pela porta da frente, pois já está há quase um ano e três meses preso”, disse.

Conforme a legislação de 2015, o feminicídio passou a ser considerado crime qualificado e, caso Leonardo Martins seja condenado por esta acusação, pode pegar de 12 a 30 anos de reclusão.

Caso seja condenado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, a pena é de detenção de um a três anos.

Relembre o caso

No final da tarde de 23 de julho de 2019, Gabriella Custódio Silva, 20 anos, foi atingida com um tiro no lado direito do peito, transportada no porta-malas de um Chevrolet Captiva e deixada na recepção do Hospital Bethesda, já sem sinais vitais, por Leonardo Martins, então namorado da vítima.

Dois dias após a morte de Gabriella, Leonardo Martins, que era considerado foragido, se entregou à Polícia Civil. Em depoimento, disse que a arma havia sido comprada no dia anterior pelo pai, Leosmar Martins. Ele contou que buscou a pistola para mostrar à namorada, que estava na cozinha, quando aconteceu o disparo acidental. Após o depoimento, Leonardo foi liberado.

No dia 9 de agosto, 17 dias após a morte da jovem, Leonardo foi indiciado por feminicídio e teve a prisão preventiva decretada. A arma do crime e o celular de Gabriella não foram encontrados. De acordo com a defesa de Leonardo, ficou provado que os objetos estavam na posse de Leosmar, que teria se desfeito dos pertences no Canal do Linguado.

Leosmar Martins, acusado de participação no crime e indiciado por fraude processual e posse ilegal de arma, foi encontrado morto na BR-280 dentro do próprio carro, em fevereiro deste ano. Ele respondia pelo crime em liberdade.

O delegado Eliezer Bertinotti, responsável pelo caso, afirmou na época que tanto o pai como o filho não possuíam posse ou porte de arma de fogo. Além disso, afirmou que a pistola só funciona caso haja acionamento mecânico, questionando a possibilidade de tiro acidental.

A falta de objetos, a partir de depoimentos e reconstituição do crime levaram a polícia a indiciar Leonardo por feminicídio. Ele está detido no Presídio Regional de Joinville desde o dia 9 de agosto de 2019, aguardando julgamento.

A defesa do jovem chegou a pedir dois pedidos de habeas corpus no ano passado, em agosto ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina e novembro ao Supremo Tribunal de Justiça. Ambos foram negados.


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