Cerca de 69 mil pessoas moram em áreas de risco geológico em Joinville

Defesa Civil explica quais são as áreas e os riscos existentes nessas regiões

Cerca de 69 mil pessoas moram em áreas de risco geológico em Joinville

Defesa Civil explica quais são as áreas e os riscos existentes nessas regiões

Yasmim Eble

Um estudo do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), republicado em 2021, estima que cerca de 22.224 domicílios particulares e coletivos estão localizados em áreas de risco geológico alto ou muito alto em Joinville. Ao todo, cerca de 69,2 mil joinvilenses residem nessas localidades, sendo 49% homens e 51% mulheres. 

Cerca de 97,18% dos domicílios se encontram em áreas sujeitas a sofrerem perdas ou danos decorrentes de inundações. Uma parcela se encontra em áreas sujeitas a instabilização de encostas a partir da deflagração de deslizamentos (2,47%). Já o risco de rastejo (0,19%), enxurrada (0,13%), corrida de massa (0,02%) e queda de blocos são as menores porcentagens. 

Segundo o gerente da Defesa Civil, Maiko Bindemann Richter, os estudos começaram a ser produzidos após as tragédias em 2008 a nível nacional, porém já eram feitos na região. “Eles realizaram um estudo mais social dos problemas geológicos de Joinville. Toda a área do município é dividida em subáreas e é nelas que realizamos os estudos”, explica. 

Joinville é uma cidade plana, com poucos morros. E, por conta disso, predominam as ocorrências envolvendo inundações na região. Para Maikon, as ocorrências de deslizamento são menos comuns, porém acontecem. Os casos estão ligados a questões sociais e de localidade. “Normalmente acontece em áreas habitadas por pessoas com poucos recursos financeiros, já que, por serem obras com menos investimento, pequenos deslizamentos acontecem”, conta. 

As inundações são o principal tipo de ocorrência registrado pela Defesa Civil municipal. “Há áreas no entorno das bacias e dos fluxos de água localizados no município que não tem uma capacidade de drenagem boa e acaba acontecendo esse grande número de inundações”, conta. 

Mapa de Inundação digital da cidade de Joinville. Manchas azuis representam as áreas afetadas. SIMGeo/Divulgação

Segundo Maikon, algumas dessas características podem ser modificadas com obras de infraestrutura, porém, todas a longo prazo. Para acessar o mapa interativo de inundação da cidade, basta acessar o site da SIMGeo

Tipificação das bacias

Em Joinville, três bacias cortam a cidade. São elas: a bacia do rio Cachoeira, a bacia do rio Itapocu e a bacia do rio Cubatão. As bacias têm características diferentes e correspondem a diferentes tipos de ocorrências registradas na cidade. 

Na bacia do rio Cachoeira, que corresponde a grande parte do bairro Centro e dos bairros dos arredores, as principais ocorrências são de inundações temporárias. “Nesse caso, é necessário conviver com esse tipo de problema, principalmente na região central. Por isso, trabalhamos com resiliência nessas áreas”, relata.

Por serem inundações que acabam após o término das chuvas, o risco de vida é baixo. “Trabalhamos então com alertas, criamos a rota segura e realizamos programas para educar as crianças sobre esse tipo de ocorrência”, completa. 

Prefeitura de Joinville/Divulgação

Já a bacia do rio Itapocu, que corresponde aos bairros Vila Nova, Morro do Meio, Jardim Sofia e Jardim Paraíso, tem um tipo de inundação diferente. Nesses locais, as águas ficam de quatro a cinco dias nas ruas e residências. Nesses casos, muda o tipo de abordagem. 

“Os abrigos são as primeiras ações que realizamos, pois as pessoas nessas áreas precisam de mais auxílio. Trabalhamos com a resiliência, mas também com a percepção de risco das pessoas”, relata.  Ao todo, existem 18 abrigos na cidade e três deles são frequentemente abertos quando há ocorrências. 

A bacia do rio Cubatão é a mais complexa e com mais risco potencial à vida. Por ser uma bacia maior, a vazão do rio é maior. O perfil de comportamento também é diferente. “São locais onde ocorrências mais graves e com risco de vida mais acontecem”, completa.

Questão social

No estudo do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a análise foi realizada com base na questão social das pessoas que moram nessas regiões. Foi considerado que o rendimento médio mensal dos domicílios é de pouco mais de três salários mínimos, inferior aos R$ 2.419 estimados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), executada em 2011. 

Desse número, 49% são homens e 51% mulheres, sendo 18% deles idosos. Foi constatado que 10% da população era analfabeta, segundo o índice do IBGE 2010, número este que supera ligeiramente a média nacional no mesmo ano, que era de 9,6%. 

O maior déficit em relação à infraestrutura básica nessas áreas é a de abastecimento de água proveniente da rede pública. Cerca de 2% dos domicílios. O índice de domicílios sem coleta de lixo (1%), sem banheiro próprio (1%) e sem fornecimento de energia elétrica (1%) são menores do que a média nacional para o mesmo ano.

Ações realizadas

A Defesa Civil de Joinville realiza ações em toda a cidade, sejam elas educativas ou em ocorrências. A cidade tem placas da rota segura, um projeto para ajudar a população a entender a melhor rota a se seguir quando há risco de chuva. 

No caso do projeto Rota Segura, a existência de uma placa em uma via não significa que ela não está sujeita à inundação. A placa pode estar indicando o caminho da Rota Segura. As placas sem setas indicam que a pessoa já está num local seguro.

As placas com setas funcionam como rotas de fuga. Por exemplo, na rua Dona Francisca, em direção ao Museu de Sambaqui, na altura da rua Lages, terá uma placa indicando para virar à esquerda, porque, em uma situação de inundação, não é possível chegar no museu.

A estimativa é instalar placas em toda a cidade. Além disso, ações nas escolas são realizadas mensalmente. Na ocasião, uma equipe da Defesa Civil explica os riscos das inundações e como agir durante uma situação de risco.


Casarão Neitzel é preservado pela mesma família há mais de 100 anos na Estrada Quiriri, em Joinville:

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