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Choperia no Museu de Arte de Joinville: conheça história de local popular nos anos 80

Restaurante e choperia foi principal atração entre os anos de 1984 a 1988

Um local para criar memórias. Esse foi o objetivo de Waldemar Biscaia Dalama ao criar o Museum Chopp, uma popular choperia que era localizada no Museu de Arte de Joinville, no bairro América, entre os anos de 1984 e 1988. A choperia foi destino para diversas pessoas que procuravam por diversão nas noites de Joinville.

Natural de Santos, município de São Paulo, Waldemar Biscaia Dalama, conhecido como Dema, se mudou para Joinville em 1978 e percebeu a necessidade de ambientes noturnos na cidade. “Minha mãe é de Joinville, então eu conhecia a cidade porque sempre passava o verão aqui. Eu sempre gostei muito”, conta.

Após se formar em engenharia em 1975, Waldemar ficou um tempo em Santos até decidir se mudar para a cidade. Em Joinville, ele começou a trabalhar na Secretaria de Planejamento Urbano como servidor público.

Waldemar com uma das imagens tiradas no Museum Chopp. | Crédito: Yasmim Eble/O Município Joinville

Porém, suas raízes em Santos fizeram a ideia do Museum Chopp nascer. “Minha família tinha uma choperia e eu via que Joinville precisava de algo de destaque. Convidei um amigo e ele adorou a ideia”, conta. A Prefeitura de Joinville abriu em 1984 uma concorrência para alugar o espaço térreo do Museu de Arte de Joinville.

Waldemar fez a proposta e idealizou o local. “Eu ganhei a concorrência e começamos a planejar e decorar o espaço, que seguiu a temática do museu”, lembra o morador de Joinville. No cardápio, havia diversas opções divididas entre petiscos e pratos prontos, chopes e bebidas destiladas. Todas com nomes de artistas plásticos.

Grupo Imagem, de Curitiba, se apresentando no Museum Chopp. | Crédito: Arquivo Pessoal

“Tínhamos de dez a 12 pedaços de pizza com nomes como Modigliani, da Vinci, entre outros artistas. Nós também tínhamos um jeito de servir como petisco, cortando a pizza em quadradinhos e servindo com palito”, conta. Herdando a ideia de Santos, Waldemar trouxe o “chope zero grau”, que era servido por meio de um maquinário automático e deixava a bebida gelada, remetendo ao nome.

O espaço também tinha música ao vivo nos fins de semana e foi palco de diversos eventos culturais. Os principais foram os festivais de poesia, que continham premiação, e as exposições de artistas plásticos de Curitiba (PR), Blumenau e outras regiões do estado.

Premiação de um dos festivais de poesia. | Crédito: Arquivo Pessoal

“A choperia foi feita com uma sinceridade e um carinho tão grande, era algo que ia além do dinheiro. Eu tinha muito prazer em comandar o Museum”, relata.

Noites de diversão

Com o tempo, o Museum Chopp começou a crescer e Waldemar viu a necessidade de ampliar o local para o lado de fora. “Eu precisei entrar com um pedido para conseguir usar a parte de fora. Foi bem difícil porque eu precisava manter a originalidade do patrimônio histórico”, conta o morador de Joinville.

A ideia aprovada foi a criação de uma lona removível, que seria colocada no local apenas nos dias de chuva. Foi assim que Waldemar conseguiu mais 18 mesas, com as 11 mesas dispostas no ambiente interno. “Foi ali que passamos a ter o espaço de música ao vivo do lado de fora. Mais pessoas também conseguiam ir até a choperia”, lembra.

Espaço interno do Museum Chopp. | Crédito: Arquivo Pessoal

Além disso, Waldemar tinha diversas mãos que o ajudavam a coordenar o local. Havia pessoas responsáveis pela despensa, pela cozinha, administração e atendimento ao público. “Nós tínhamos dois copeiros, um barman, havia o gerente, dois garçons durante a semana e mais dois durante o fim de semana. Além da parte da cozinha”, recorda.

Espaço de memórias

O Museum Chopp funcionou de 1984 até 1988. Quando, após o aumento da inflação, foi inviável continuar com o negócio. “Naquela época a inflação ficou incontrolável. O governo quis pegar as rédeas e tabelar tudo, mas aquilo apenas piorou a situação”, lembra Waldemar.

O produto, tabelado em um preço, era vendido por preços altos para os comerciantes e donos de negócios. O morador de Joinville também não podia mexer no cardápio, portanto, por muito tempo Waldemar pagava para manter o local e não recebia retorno. “Chegou um momento onde precisei fechar o restaurante por dois dias para mudar o cardápio completamente, até o nome das coisas e assim reajustar o preço”, explica.

Waldemar Biscaia Dalama, conhecido como Dama, atualmente. Crédito: Yasmim Eble/O Município Joinville

Porém, os reajustes precisavam ser frequentes. O desânimo começou a se fazer presente e Waldemar resolveu fechar o ambiente. “Eu vendi com dor no coração, sabendo que aquele era meu sonho”, relata.

O Museum Chop, no entanto, nunca foi esquecido e fez parte de diversas memórias de joinvilenses e outras pessoas que passaram pela cidade. “Essa era e sempre será uma casa de encontros. Um espaço de memórias”, finaliza.


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