“Com esse cenário, não vemos possibilidade de retorno em agosto”, diz secretária de Educação de Joinville
Crescimento do contágio por coronavírus e estragos provocados pelo ciclone-bomba devem atrasar volta das aulas presenciais
A aceleração da contaminação por coronavírus, com aumento no número de mortes e ocupação dos leitos de UTI, além de estragos provocados pelo ciclone-bomba do dia 30 de junho devem adiar o retorno das aulas presenciais no município. É o que entende a secretária de Educação de Joinville, Sônia Regina Victorino Fachini. Ela conversou com O Município Joinville sobre o assunto.
Em março, o governo do estado suspendeu as aulas presenciais em todas as redes de ensino até o dia 2 de agosto. Desde então estado e municípios estudam quando e como voltar.
A secretária explica que o retorno seria primeiro com acolhimento e preparação dos profissionais e não com aula já no primeiro dia. Depois de dizer que é “extremamente improvável” a volta a partir do dia 3 de agosto nas primeiras perguntas ela afirmou que, com o cenário atual, “não vemos possibilidade de retorno em agosto”.
Confira a entrevista.
O Município Joinville – O município se preparava para retorno das aulas a partir de 3 de agosto. Continua esse planejamento neste momento em que estão alto os números de ocupação de leitos?
Sônia Regina Victorino Fachini – É importante frisar que quando existe a sinalização, a possibilidade de retorno, a gente entende que a partir da data que isso é possível tem que ter todo um período ainda de adequação para início das aulas. Quando eu digo assim, “o decreto do governador vai até o dia 2”, então a partir do dia 3 existe uma possibilidade de retorno, desde que haja sinalização da saúde, e a gente inicia o processo de adequação das unidades, retornos dos nossos professores, acolhimentos dos nossos profissionais. Então é um processo contínuo, um pouco distante, não será no dia seguinte que as aulas irão retornar.
Lembrando que a gente já está trabalhando nesta preparação. Na Secretaria de Educação fizemos uma portaria, criamos um comitê que estuda os protocolos para que, quando for seguro retornar, nós tenhamos isso já escrito, isso pronto.
Já tem sinalizado que é extremamente improvável que o retorno seja no dia 3 de agosto, porque os casos evoluíram muito no território catarinense como um todo. Entendemos que não é propício, porque enquanto estiver dessa forma, precisamos assegurar a vida das pessoas. Diante do cenário que hoje se desenha é extremamente improvável que a gente tenha a sinalização do possível início de retorno a partir de 3 de agosto.
Porém, as ações internas da secretaria e do grupo de estudo continuam. Isso não é feito apenas aqui no município como também participamos de um comitê maior no estado, com secretário do estado, mais 15 instituições, o Conselho Estadual, e temos como participante ouvintes o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Todos entendemos da mesma forma, haverá um momento que retornaremos, e quando retornarmos, sem um vacina, precisamos ter adequações em todas as unidades. Tivemos como agravante o ciclone-bomba.
OM – Isso também impacta neste retorno?
Sônia – Muitas escolas, tanto municipais quanto estaduais, foram bastante avariadas. Então, precisamos de um tempo para fazer com que as escolas retomem as condições de acolhimento dos alunos e professores. Isso tudo criou um novo cenário que, diante da nossa visão, não retornamos agora em agosto. Isso vai ficar mais para frente. Em Blumenau, a prefeitura já decretou que só tem possibilidade de retorno a partir de setembro e acredito que isso vai deflagrando também com outros prefeitos. Temos conversado muito com o prefeito Udo (Dohler) e o secretário Jean (Rodrigues da Silva) da Saúde, é ele que realmente vai determinar quando será seguro iniciar esse processo. Então, diante das conversas que estamos tendo, com esse cenário, não vemos possibilidade de retorno em agosto.
OM – Quantas escolas de Joinville foram danificadas?
Sônia – Dos 183 prédios da Secretaria Municipal de Educação, 42 unidades foram atingidas. As avarias foram mais no sentido de destelhamento e problemas com calhas e rufos. Todas elas estão hoje com processo de manutenção, sendo reorganizadas e restruturadas para seu funcionamento.
OM – Já existe um modelo preparado para esse retorno? Seria dividir a turma em grupo e fazer revezamento?
Sônia – A gente sempre trabalha com as normativas e resoluções do Conselho Nacional de Educação. Sempre é o Conselho Nacional que vem atribuindo os pareceres. Teve o parecer número 5, número 9 e, agora, saiu o último agora que é o parecer número 11. Ali ele já vai estabelecendo e nos orientando como esse trabalho deve ser feito. Um dos apontamos é justamente esse. No início do retorno a gente precisa fazer um acolhimento dos nossos servidores e professores. E nesse estágio, por causa do distanciamento, que é fundamental, a gente precisa dos distanciamento entre as pessoas dentro das unidades escolares, diante disso vamos precisar voltar de forma escalonada. Cada sistema de ensino tem autonomia para tomar decisões, mas precisamos seguir essas orientações. Isso está de acordo com o Conselho Nacional, que se desdobra para o Conselho Estadual e no Conselho Municipal. Então, realmente, todo o processo de retorno estudado pelo grupo de trabalho, que envolve professores, gestores, temos representantes da comunidade, dos pais, dos educadores, do Fórum de Educação. Todos eles estudam e discutem esses pareceres. E a volta pensada é sempre de forma escalonada.