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Com materiais em falta, servidores precisam usar ‘band-aid’ de paciente para segurar cateter em Joinville

Servidores da UPA Sul relataram à reportagem de O Município Joinville falta de cateteres pra crianças, esparadrapos e luvas

Com materiais em falta, servidores precisam usar ‘band-aid’ de paciente para segurar cateter em Joinville

Servidores da UPA Sul relataram à reportagem de O Município Joinville falta de cateteres pra crianças, esparadrapos e luvas

Isabel Lima

A falta de materiais para atendimento dos pacientes na UPA Sul de Joinville foi motivo de uma manifestação dos servidores e do Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej) nesta terça-feira, 23. Segundo a denúncia, a unidade não tem cateteres 24, luvas pequenas, esparadrapo e hipoclorito.

Uma servidora relatou à reportagem do jornal O Município Joinville que ela e outra colega precisaram utilizar ‘band-aids’ que a paciente tirou da própria bolsa para segurar o acesso intravenoso. Segundo os servidores, a falta persiste há, pelo menos, duas semanas.

Reprodução

Conforme relatado à reportagem, os esparadrapos, que seriam a melhor opção para o procedimento da paciente, estão em falta. Para aqueles que não têm alergias, os atendentes utilizam micropore.

Além disso, os servidores relatam falta de luvas tamanhos PP, P e M. “A gente chamou o sindicato porque não dá para usar uma luva maior na mão, a gente perde o tato, a sensibilidade. O sangue pode escorrer, a gente corre um risco biológico maior”, explica um dos trabalhadores à reportagem.

A última entrega de materiais ocorreu nesta segunda-feira, 22, mas de acordo com os servidores, os itens em falta não foram repostos.

Em resposta à reportagem, a Prefeitura de Joinville informou no fim da tarde desta terça-feira que a previsão é que os esparadrapos sejam entregues nos próximos dias e as luvas estão em processo de logístico para a entrega.

Prateleira das luvas | Foto: Isabel Lima/O Município Joinville

Conforme os relatos, uma servidora que tem alergia às luvas de látex e utiliza uma variação, foi realocada para outro setor para não precisar do material.

Dentro da unidade há escalas que não precisam do uso de luvas. Quando faltam tamanhos de luvas nitrílicas temporariamente, como é o caso, o servidor que precisa do material tem a escala alterada. Isto não afeta o atendimento e sempre ocorre dentro do previsto no cargo do servidor”, diz a prefeitura. 

Isabel Lima/O Município Joinville

Falta de cateteres

O ponto que traz bastante preocupação para os servidores da UPA Sul é a falta de cateteres 24, tamanho utilizado em crianças e idosos. “Como manter um setor de pediatria sem ter um cateter 24?”, questiona outra servidora que conversou com a reportagem do jornal O Município Joinville.

Por isso, conforme os relatos, os médicos precisam adaptar as medicações. Os poucos cateteres que existem na UPA Sul seriam controlados pela coordenação. Segundo um dos servidores, eles examinam o paciente, identificam a necessidade de uma passagem intravenosa e precisam ir até a sala da coordenação pedir o cateter. Nem sempre conseguem.

Ainda conforme os servidores, nesse meio tempo o atendimento é paralisado, e o paciente fica esperando mais tempo do que seria necessário. Diariamente os setores da UPA fazem uma lista de materiais e recarregam o setor, mas, no caso dos cateteres, a falta impede diversos tratamentos.

Os servidores ainda contam que precisam fazer adaptações e cortar ataduras maiores para serem utilizadas nos procedimentos cirúrgicos.

Na esquerda, a adaptação realizada pela falta de espaçadores adequados, como o da direita | Foto: Isabel Lima/O Município Joinville

O que diz a prefeitura sobre a falta de cateteres

Sobre a falta de cateteres, a Prefeitura de Joinville diz que nesta terça-feira ocorreu a entrega referente a troca do saldo que tinha em estoque por parte da empresa Alternad e que os materiais já serão disponibilizados para as unidades. “A licitação para a compra de cateter restou fracassada, devido comunicado da Anvisa sobre medida cautelar para a marca Medix. Diante disso, foi feito um processo de compra com dispensa de licitação para suprir a necessidade”, justifica.

Pediatria e odontologia

Os servidores também se demonstram preocupados com a sala inaugurada durante a epidemia de dengue. Segundo eles, o local seria cotado para ser o espaço de atendimento da pediatria quando o serviço for ampliado.

A preocupação existe por dois buracos tampados por chapas de concreto na sala. Eles temem que, em dias de chuva, aconteça de alagar o espaço com esgoto. “Alagou tudo aqui durante a dengue”, relata uma servidora.

Questionada pela reportagem se o local seria utilizado para o atendimento pediátrico, a Prefeitura de Joinville não confirmou. Apenas respondeu que ainda não tem data prevista para ampliar o atendimento, pois o local passará por obras.

Sobre os buracos, os servidores teriam dito que seriam fossas. A prefeitura respondeu à reportagem que a equipe de obras da Secretaria de Saúde informou que não são fossas e que já trabalha para uma melhor alternativa para o local.

Isabel Lima/O Município Joinville

Os servidores também relataram à reportagem que estão preocupados com a ampliação dos atendimentos odontológicos na unidade devido à falta de materiais. “Já há programação para o recebimento de mais materiais da área de odontologia para os próximos dias”, diz a prefeitura. 

Reunião

Segundo o Sinsej, ainda não se sabe se os materiais não estão sendo comprados na quantidade correta ou se a empresa terceirizada de logística está deixando de entregar. Para descobrir a raiz do problema, o sindicato deve realizar uma reunião com a Central de Abastecimento de Materiais e Equipamentos (Came) nesta quarta-feira, 24.

Entretanto, os servidores relatam que já denunciaram diversas vezes para a coordenação, mas o problema só parece piorar. “Tem materiais que a gente denuncia a falta de qualidade e na semana seguinte chegam novamente”, relata uma delas.

A Prefeitura de Joinville afirma que os materiais são entregues conforme o volume solicitado. “Quando há alguma restrição de estoque, os itens podem ser distribuídos em menor quantidade para garantir o abastecimento de todas as unidades”, justifica. 


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