Combate à dengue: primeiros mosquitos com Wolbachia são soltos em Joinville
Chamados de wolbitos, Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia impedem a transmissão da doença
Chamados de wolbitos, Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia impedem a transmissão da doença
Os primeiros mosquitos com Wolbachia foram soltos em Joinville nesta terça-feira, 20. Cinco bairros da cidade receberam os mosquitos: Espinheiros, Boa Vista, Comasa, Bom Retiro e Costa e Silva. Ao todo, durante o dia, será feita a soltura em 3,5 mil pontos destes bairros.
Os chamados wolbitos são Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede a transmissão da doença.
O trabalho de soltura dos mosquitos iniciou antes das 7h, com a equipe que trabalha na Biofábrica do Método Wolbachia carregando os veículos identificados da Secretaria da Saúde da Prefeitura de Joinville com os tubos que abrigam os mosquitos. Toda a preparação é acompanhada pela equipe de pesquisadores do World Mosquito Program (WMP).
Cada veículo é carregado com a quantidade de tubos equivalente aos pontos de soltura. Dentro do carro, dois agentes de combate a endemias realizam o trabalho. Um aplicativo indica os pontos onde as solturas devem ser realizadas. Quando o carro passa pelo local e o tubo é aberto, são soltos entre 200 e 250 mosquitos. Imediatamente, é indicado no aplicativo que aquele ponto foi contemplado. O veículo circula a uma velocidade de até 20 km/h.
No bairro Espinheiros, a rota atendida na manhã desta terça-feira tem 22 quilômetros e passa por diversas ruas, inclusive a região do Parque Porta do Mar, totalizando 296 pontos de soltura.
Conforme a programação do World Mosquito Program (WMP), a soltura dos Wolbitos ocorre de segunda a sexta-feira. Em caso de chuva ou vento forte, o trabalho é adiado até que a condição climática esteja favorável.
“Serão 20 semanas de liberação em 70 rotas de Joinville. A princípio, vamos liberar cerca de 3,6 milhões de mosquitos toda semana. É importante a população saber que os carros com a placa da prefeitura estarão passando, com os nossos colaboradores soltando esses tubos. Isso vai durar, provavelmente, até janeiro de 2025”, explica o líder de relações Institucionais e Governamentais WMP Brasil, Diogo Chalegre.
Diogo informa que, a partir do primeiro mês de soltura, inicia-se a fase de monitoramento. “A Prefeitura de Joinville vai coletar os ovos no campo e esses ovos serão enviados para um laboratório onde é feita a identificação dos mosquitos e encaminhados para Belo Horizonte. Lá, a gente faz teste diagnóstico para avaliar se a Wolbachia está ou não se estabelecendo no campo”, detalha.
O método Wolbachia é mais uma estratégia no combate às doenças como dengue, zika e chikungunya. “Ele é um método complementar e de médio a longo prazo. Então a gente espera que de um a dois anos a gente consiga ver o impacto na transmissão dessas doenças”, afirma Diogo.
Entre 50 e 60% dos insetos já possuem a bactéria Wolbachia, que está presente na natureza. Como o Aedes aegypti não tinha, os pesquisadores inseriram a Wolbachia dentro desse mosquito e perceberam que ela impede a replicação dos vírus, como, por exemplo, o da dengue.
“A Wolbachia é totalmente natural, não tem nenhum perigo para a população. É segura e não tem nenhuma modificação genética. Então a população não precisa se preocupar, mas precisa continuar fazendo a sua parte. Tem que cuidar do quintal e manter as medidas de prevenção”, ressalta Diogo.
A equipe técnica da Secretaria da Saúde de Joinville acompanhou a soltura dos primeiros wolbitos. O gerente de Gestão Estratégica e Articulação da Rede em Saúde de Joinville, Anderson da Silva, reforça que o trabalho de prevenção e orientação continuará sendo feito pela Prefeitura.
“Em hipótese alguma a gente pode baixar a guarda com relação ao mosquito. A Prefeitura de Joinville vai continuar com todas as linhas de trabalho, vamos continuar orientando a população, fazendo o trabalho de educação nas escolas. E a gente pede para a população ter essa atenção também e fazer os ‘10 minutos contra a dengue’ toda semana na sua casa para eliminar todos os locais que possam ser criadouros do mosquito”, diz Anderson.
A produção dos wolbitos é realizada na biofábrica localizada no bairro Nova Brasília, em uma estrutura preparada para esse trabalho. Os ovos de Aedes aegypti vêm do Rio de Janeiro e são eclodidos em Joinville. Depois ocorre toda a preparação do mosquito até estarem prontos para a soltura.
O processo exige dedicação de uma equipe técnica coordenada por colaboradores do World Mosquito Program (WMP) e operacionalizada por agentes de combate a endemias da Vigilância Ambiental da Prefeitura de Joinville.
O método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais, estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia.
Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.
Não há qualquer modificação genética no método Wolbachia do WMP, nem no mosquito, nem na Wolbachia.
A implementação do método Wolbachia em Joinville ocorre por meio de uma ação conjunta entre a Prefeitura de Joinville, Fiocruz, World Mosquito Program (WMP), governo de Santa Catarina e Ministério da Saúde.
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