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Conferência da Saúde de Joinville aprova proposta de mudança no sistema de atendimento do SUS

Diversos projetos e moções foram aprovados e discutidos no encontro

A 14ª Conferência Municipal da Saúde de Joinville aconteceu nesta sexta-feira, 17, e sábado, 18, no anfiteatro da UniSociesc. Ao fim do evento, diversos projetos e moções foram aprovados, incluindo um que prevê uma mudança no sistema de atendimento do SUS.

Delegados representantes de entidades, profissionais da área, estudantes e usuários do Sistema Único de Saúde marcaram presença na conferência que começou com a palestra do consultor de saúde pública Eugênio Villaça Mendes.

“Garantir Direitos e Defender o SUS, a Vida e a Democracia – Amanhã Vai Ser Outro Dia” foi o tema escolhido para a fala de abertura, que inspirou e motivou os grupos de trabalho no segundo dia. A partir das reflexões geradas por Eugênio, foi aprovado o projeto que muda o modelo de assistência parcializada para o atendimento em rede.

Atendimento do SUS

Para a delegada representante do Sindicato dos Trabalhadores em Instituições de Ensino Particular e Fundações Educacionais do Norte de Santa Catarina (Sinpronorte) Antonia Maria Grigol, que já foi secretária de Saúde de Joinville, esse foi o principal encaminhamento da conferência. “Porque o cuidado em rede resolve o problema das pessoas, e quando você faz o atendimento parcelado só resolve momentaneamente”, explica.

Desta forma, se efetivado, o SUS de Joinville deve passar por uma integração, voltada ao acolhimento básico, no posto de saúde.

Antonia conta que a ideia é baseada em experiências de outras cidades como Uberlândia. “Você não encaminha um paciente até a especialização, a especialização vai até os pacientes resolver o problema”, diz a delegada. Ela ainda ressalta que o modelo promove, além da assertividade dos resultados do SUS, uma economia no setor.

Para explicar, ela cita um exemplo exposto por Eugênio durante a fala na conferência. Uma paciente de Joinville deu entrada no Hospital São José e precisou fazer uma tomografia. Cerca de uma semana depois, ela tinha o mesmo exame agendado pelo SUS. Se o sistema fosse integrado, ela teria o resultado do exame realizado no São José, evitando o desperdício de recursos, de acordo com Antonia.

Esse modelo de atendimento cria redes que integram não só o SUS, mas a infraestrutura, cultura, mobilidade, educação e meio-ambiente.

Moção contra organizações sociais

Outro assunto pulsante na conferência foram as Organizações Sociais (OS), modelo que passa a gestão de serviços do SUS para a iniciativa privada. Para Antonia, o consenso dos delegados da conferência foi de que a saúde é um bem público e não privado.

O modelo de OS já é utilizado no Hospital Infantil de Joinville e serve de inspiração para o governo municipal, que tem entre as propostas de governo transformar o Hospital São José em organização social. Antonia afirma que uma moção contra esse movimento também foi aprovada.

Outros projetos e moções

Outras moções e projetos foram aprovados. A relação completa deve ser divulgada pelo Conselho Municipal de Saúde dentro de dez dias. Entre elas está a moção de repúdio a ausência do prefeito Adriano Silva, que estava em São Paulo (SP) para assistir o show da banda Coldplay. Procurada pela reportagem, a prefeitura afirmou que não vai se manifestar sobre essa questão.

O secretário de Saúde de Joinville, Andrei Kolaceke, e a diretoria dos serviços marcaram presença na conferência.

Outra moção aprovada pede que a ouvidoria do SUS volte para o órgão. Atualmente ele está vinculado à ouvidoria da prefeitura, no número 156. Foi aprovado também uma moção pedindo concurso público imediato, a equiparação salarial dos odontólogos, formação para profissionais de saúde e outras.

Os 18 delegados representantes de usuários do SUS, profissionais, empresas fornecedoras, governo e entidades civis no Conselho Municipal de Saúde também foram eleitos para o biênio 2023/2024.

Próximas etapas

Os projetos foram desenvolvidos em quatro grupos de trabalho, que discutiram diversos assuntos referentes ao Sistema Único de Saúde na cidade. Esses projetos e moções aprovadas serão apresentados na conferência macrorregional, que engloba os resultados das conferências municipais de cidades da região.

Lá serão discutidos e selecionados as melhores propostas, que também serão apresentadas na conferência estadual. A partir das discussões no encontro catarinense, representantes vão levar as principais propostas para a conferência nacional.

Na ocasião, serão apresentadas as ações que o governo federal pode implementar para melhorar o SUS, pautado nos pilares da instituição: universalidade, equidade, integralidade e descentralização.


– Assista agora:
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