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Confira como foi a volta do transporte coletivo em Joinville

Usuários dividem opiniões sobre o risco de contaminação nos ônibus

Após 42 dias de suspensão, os ônibus voltaram a circular em Joinville no início desta manhã chuvosa de terça-feira, 1° de setembro. A reportagem do jornal O Município Joinville esteve nas estações do Itaum e Central para ouvir a opinião dos usuários sobre este retorno, que em sua maioria acharam positiva a volta do transporte, no entanto, dividem opiniões sobre o risco de contaminação nos coletivos.

O relógio marcava 7h30 no terminal do Itaum. A linha 0300 estava pronta para sair, com 58 passageiros a bordo. Dois fiscais — um da Prefeitura e outro da Gidion —, são responsáveis por fazer a contagem dos ocupantes, que não pode ultrapassar 40% de lotação total do veículo, e supervisionar se os usuários cumprem as medidas de segurança.

Sem restrição para idosos

Sabrina Quariniri/O Município Joinville

Irene Galvan, de 70 anos, moradora do bairro Adhemar Garcia, aproveitou este primeiro dia sem restrições para idosos e utilizou o transporte coletivo para ir ao trabalho.

Ela conta que há pelo menos quatro meses estava utilizando Uber todos os dias para chegar até o mercado onde vende trimania, no bairro Guanabara.

“Eu trabalho o dia todo, dependendo do horário, pago de R$11 a R$14 para ir até em casa. Estava trabalhando só para pagar Uber, basicamente”, afirma Irene.

A idosa se diz feliz com o retorno do transporte e acredita que há como se proteger do vírus dentro dos ônibus.

“Eu estou me cuidando bastante. É de casa para o trabalho e do trabalho pra casa. Se as fiscalizações continuarem, a probabilidade de contaminação é pequena”, acredita Irene.

De acordo com fiscal da prefeitura, com as novas determinações, os idosos podem utilizar o transporte, no entanto, “a recomendação é para que não utilizem”.

Pontos positivos e negativos

Laura Natália Gomes, 28, estava desempregada desde o início da pandemia e fazia a utilização de transporte por aplicativo para buscar emprego. Ela conta que o sustento da família, composta pelo marido e dois filhos, está vindo dos “bicos” que o companheiro tem feito.

“Arrumei um serviço hoje, é meu primeiro dia. Se não tivesse ônibus, eu perderia novamamente o emprego. Espero muito que não parem de novo”, relata Laura.

Mesmo precisando do transporte, a mensalista acredita que não há como se prevenir do vírus utilizando ônibus todos os dias, mas a escolha é feita na base da necessidade.

“Não vou ser hipócrita, não tem como se proteger, mas precisamos trabalhar. É muito complicado. Parece que temos que escolher entre o vírus e a fome”, analisa.

Marcelo Calisto, 30, mora no Km 11 da rua Cidade de Luziana, no bairro Itinga. Ele conta que, por ser um local mais afastado e com menos movimentação de passageiros, o serviço das únicas duas linhas que comportavam o trajeto não voltou a funcionar.

Para chegar até o terminal central, Marcelo pegou um Uber de casa até o terminal Sul, onde gastou R$15. No local em que mora com a família é uma região de chácaras, onde não possuem acesso a mercados e farmácias.

“Onde moramos tudo é longe. Estamos usando Uber ou bicicleta pra tudo. Somos em cinco e só a minha mãe está trabalhando no momento. Este retorno não foi positivo, ou volta pra todo mundo ou não volta pra ninguém”, contesta Calisto.

Mudanças

Com este retorno, além da capacidade de lotação máxima dos veículos passar de 60% para 40%, fora do pico, houve diminuição de linhas e horários. Além disso, os locais estão sendo higienizados a cada 15 minutos.

Lucimara Lopez, 43, está desde às 4h fazendo limpeza no Terminal Central de Joinville. Com pano e desinfetante, as trabalhadoras higienizam catracas, bancos, banheiros e fazem a reposição de álcool em gel no espaço.

Sabrina Quariniri/O Município Joinville

Lucimara explica que, em cada estação, cinco profissionais ficam responsáveis pela limpeza e, caso precise, mais pessoas são chamadas para manutenção dos terminais.

Para o fiscal da Gidion, que pediu para não se identificar, a primeira manhã foi tranquila e de pouca aglomeração, mesmo em horários de pico, e com os usuários respeitando as medidas de prevenção.

“Acredito que o pessoal está mais consciente desta vez”, afirma.


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