Conheça a artesã de bebês reborn de Joinville que já vendeu mais de 1,5 mil bonecas
Andreia Bertoli transformou o interesse por bonecas em um ateliê especializado, com clientes de várias partes do Brasil e histórias marcantes
Andreia Bertoli transformou o interesse por bonecas em um ateliê especializado, com clientes de várias partes do Brasil e histórias marcantes
A artesã joinvilense Andreia Bertoli encontrou no universo dos bebês reborn uma forma de unir paixão e trabalho. Inspirada por uma maternidade de bonecas nos Estados Unidos, ela montou seu ateliê em 2019 e, desde então, já produziu mais de 1,5 mil peças artesanais, que encantam clientes de todas as idades e despertam fortes vínculos afetivos.
Andreia Bertoli sempre gostou muito de artesanato, mas em sua visão, esse segmento não é muito bem remunerado. Por isso, decidiu buscar um artesanato que fosse mais rentável. Ela já gostava das bonecas, e sua inspiração foi a Macro Baby Dolls, a maternidade reborn mais famosa do mundo, localizada em Orlando, nos Estados Unidos. A partir daí, ela começou a pesquisar como funcionava e montou seu ateliê em Joinville, em junho de 2019. “Vai fazer seis anos”, completou.
O processo de criação é artesanal. Ela compra o kit com o molde em vinil soft, ainda cru, e inicia a transformação: faz a pintura, coloca os olhos, implanta o cabelo fio a fio e os cílios. “E os detalhes nós personalizamos conforme o cliente quer, a cor do cabelo, dos olhos”, contou.
Segundo ela, muitos clientes escolhem o molde mais parecido com o rosto de um bebê, criança ou até adulto. Além das encomendas, Andreia também produz bebês para pronta entrega. “Nesse caso, é uma criação espontânea, sem uma inspiração específica. Escolhemos a cor do cabelo e dos olhos que gostamos e fazemos o bebê. Depois, postamos e, se o cliente se interessar, vendemos e despachamos para todo o Brasil”, explicou.
Em relação ao tempo de produção, a profissional afirmou que um bebê reborn leva, em média, um dia para ser concluído. “Fazemos a pintura e a secagem no forno várias vezes. Cada detalhe precisa ser seco ao forno. Depois, gastamos de três a quatro horas para implantar o cabelo. É um trabalho detalhado, que exige mais tempo para garantir uma qualidade perfeita”, destacou.
Andreia explicou que o público que procura os bebês reborn é bastante variado, embora a maioria seja composta por crianças. Segundo ela, em exposições presenciais, realizadas em shoppings ou outros espaços públicos, a diversidade de visitantes é ainda maior. “Adultos, pessoas mais velhas, inclusive homens, se encantam, se apaixonam e acabam adquirindo um bebê”, relatou.
Ela também percebe relatos de pessoas que sentem falta de companhia e buscam o bebê reborn como uma forma de entretenimento. “Às vezes desejam adquirir um bebê para ter um cuidado específico diário, trocar roupinha, comprar coisinhas, para cuidar dessa bonequinha”, contou.
A artesão conta que já recebeu vários pedidos personalizados, principalmente de clientes que desejavam eternizar o rosto de um filho, de uma irmã, da mãe ou do pai, seja para presentear ou para preservar a lembrança de alguém que perderam. “Todos eles envolviam uma emoção, são histórias lindas e marcantes”, destacou.
No entanto, com o tempo, ela decidiu parar de realizar esse tipo de trabalho. “Ele começou a gerar muita expectativa, tanto no cliente quanto em nós que estamos produzindo para entregar essa encomenda”, explicou.
Para Andreia, todas as histórias envolvendo os bebês reborn têm seu encanto, cada uma de um jeito. Em seis anos de ateliê, já foram vendidos mais de 1,5 mil unidades. Uma das experiências mais marcantes aconteceu logo no início, quando precisou deixar uma boneca com a costureira para fazer as roupas personalizadas no tamanho correto. A boneca ficou uma semana na casa da costureira.
“Quando fui pegar a bebê novamente, ela e a família toda, inclusive o marido, se apegaram muito e pediram pra eu não levar, que eles comprariam o bebê. Essa história ficou marcada na minha vida, logo no início, então foi muito emocionante”, relembrou.
Outra história marcante foi a de uma cliente de São Bento do Sul que se tornou uma grande incentivadora do ateliê. Ela conheceu o trabalho na primeira exposição e, desde então, passou a acompanhar as feiras e se encantou pelo trabalho.
A cliente e o marido, que não tinham filhos, acabaram criando uma forte ligação com os bebês reborn. “Ela adquiriu o primeiro bebê e depois disso acabou criando uma paixão. O marido a acompanhou, incentivou e sempre tentou atender o desejo dela, e ela acabou se tornando uma colecionadora”, contou.
Ao longo de seis anos, essa cliente adquiriu 14 bebês. “Essa foi uma história bem maravilhosa, que ficou muito marcada na nossa vida, com muito carinho. É uma pessoa incrível e maravilhosa”, finalizou.
Andreia afirmou que os bebês reborn provocam diversas reações emocionais, às vezes exageradamente. Contudo, entre seus clientes, ela citou que as histórias são mais relacionadas ao apego e carinho do que a situações exageradas.
Ela relatou casos em que clientes tentaram recuperar bebês muito danificados, mas explicou que a restauração não compensa pelo alto custo e trabalho envolvido, sendo mais viável adquirir um novo. Mesmo assim, o apego faz com que queiram conservar esses bonequinhos.
“Outro exemplo é a cliente de São Bento do Sul, colecionadora que organizou um quarto especialmente para os bebês reborn, com armário, sapatinhos, roupinhas e acessórios bem cuidados”, menciona.
A artesã também destacou o impacto positivo que esses bebês podem ter em pessoas mais velhas, especialmente aquelas que sentem falta dos cuidados maternos. “Os relatos são muito bons, dizem que a pessoa ficou mais calma, ocupou o tempo com mais alegria, trocando e cuidando do bebê”, disse, ressaltando que vê nisso uma forma de tratamento e não algo negativo.
Quanto às crianças, ela vê os bebês reborn como uma solução para resgatar brincadeiras infantis mais saudáveis em um mundo dominado pela tecnologia.
Andreia explicou que o ateliê funciona mediante hora marcada, atendendo principalmente pessoas que já têm interesse e admiração pelos bebês reborn. Em exposições em shoppings ou espaços públicos, a movimentação é muito maior e a reação do público costuma ser de admiração pelo realismo das peças.
“Muito raramente temos críticas, porque quem não aprova geralmente nem entra no espaço, que costuma ficar em corredores de shopping”, explicou. Ela destacou que, na maioria das vezes, o sentimento das pessoas é de encantamento pela arte.
Andreia explicou que o valor dos bebês reborn varia bastante, dependendo do trabalho artesanal envolvido. “É como uma pintura, que exige especialização. Quanto mais realista, maior o valor”, disse. Segundo ela, os preços no segmento em que trabalha vão de cerca de R$ 1 mil a 11 mil.
Ela destacou que o preço é influenciado pela técnica, pintura, conhecimento e o tempo dedicado à produção. “Por se tratar de um produto artesanal e com prazo mais longo, artistas que conquistam reconhecimento podem agregar valores maiores à sua arte”, ressalta.
A artesã deseja continuar adquirindo experiência e se especializando para oferecer trabalhos com mais realismo e qualidade. Atualmente, o ateliê está ampliando a equipe, terceirizando a mão de obra, mas mantendo o padrão de qualidade com acompanhamento constante. O objetivo é ampliar a equipe, atender mais pessoas e garantir sempre a excelência nos bebês reborn produzidos.
Palácio Episcopal foi construído para primeiro bispo de Joinville, inspirado no estilo barroco: