Conheça cadeirante joinvilense que vai viajar sozinho de carro até a Patagônia

Alexandre César de Souza vai percorrer 11,6 mil quilômetros

Conheça cadeirante joinvilense que vai viajar sozinho de carro até a Patagônia

Alexandre César de Souza vai percorrer 11,6 mil quilômetros

Fred Romano

O cadeirante joinvilense Alexandre César de Souza, de 35 anos, vai percorrer 11,6 mil quilômetros de carro em uma expedição para a Patagônia em setembro. Serão mais de 30 dias de estrada dirigindo sozinho.

A Patagônia é uma região que abrange uma área no extremo sul da América do Sul. É conhecida como o “fim do mundo”. “Eu sempre achei a região da Patagônia muito bonita. Há muito tempo que eu queria ir”, comenta.

Pesquisa e planejamento

O planejamento de toda a rota e cidades de parada da expedição começou a em janeiro de 2021. Alexandre listou quais os locais deve estar em cada dia da viagem.

Confira o mapa de ida:

Confira o mapa de volta:

As rotas foram escolhidas com base em postos de combustíveis disponíveis no caminho e também em locais para hospedagem que sejam acessíveis.

Neste caso, quando não for possível se hospedar em algum local no trajeto, Alexandre vai acampar no carro. “Em algumas cidades pequenas vai ser bem difícil a questão de hotel”, comenta. “Se for para passar perrengue no hotel, eu durmo no carro”, completa.

Um amigo dele vai inserir um suporte no carro para que o banco do passageiro seja transformado em uma cama de 1,9 metro.

Cadeirante
Honda Accord 2006, carro de Alexandre | Foto: Fred Romano/O Município Joinville

Adaptações no carro

O carro que Alexandre utilizará para a expedição é um Accord 2006. O veículo tem câmbio automático e uma adaptação para o freio e acelerador. Para acelerar e frear, Alexandre utiliza um equipamento na mão esquerda, instalado ao lado do volante.

Cadeirante
Adaptação para acelerador e freio | Foto: Fred Romano/O Município Joinville

O joinvilense já tem o carro há seis anos. Ele aprendeu a dirigir aos 18 anos. Para entrar no veículo, sempre precisa retirar as rodas da cadeira.

Projeto Cadeirante na Estrada

O projeto Cadeirante na Estrada surgiu da paixão de Alexandre pela estrada e de se desafiar. Outro objetivo que ele tem é divulgar lugares acessíveis e interessantes aos quais pessoas com deficiência (PCD) possam ir com segurança e tranquilidade.

Em 2020, Alexandre fez uma viagem sozinho para comemorar o aniversário e começou a pensar no projeto. Ele tem realizado outras viagens mais curtas para se preparar para a expedição.

Com viagens para a Serra Catarinense e Foz do Iguaçu (PR), ele relata que de todos os locais que já visitou, Gramado (RS) foi o local com a pior acessibilidade. “Falta de rampa, falta de um simples banheiro adaptado. Na Vila do Papai Noel, até onde ficava o Papai Noel tem uma escadaria, imagina uma criança deficiente, como vai fazer”, pontua.

Ele foi incentivado por colegas a fazer as publicações no Instagram. “É uma troca, eu ajudo as pessoas e eles já me ajudaram bastante”, comenta.

No perfil Cadeirante na Estrada, Alexandre publica sobre a acessibilidade que encontra nas viagens. Para ele, um local acessível é um local em que a pessoa com deficiência possa ter autonomia.

O joinvilense faz parte da equipe basquetebol em cadeira de rodas do Centro Esportivo para Pessoas Especiais (Cepe). “O basquete foi bem importante para me ajudar na minha autonomia e na minha mobilidade, para ter confiança para fazer essas viagens sozinho”, ressalta.

Família sofre acidente

Em 19 de julho de 2000, a família de Alexandre realizava uma viagem de Joinville para Brusque. Durante o trajeto, no quilômetro 61 da BR-101, uma carreta fechou o carro da família e o empurrou para a pista contrária. O veículo em que a família estava colidiu frontalmente com um caminhão.

O carro era ocupado pelos pais, irmão e tio de Alexandre. Com 13 anos, ele foi o único sobrevivente do acidente. O joinvilense foi encaminhado ao hospital ainda consciente, porém, ficou cinco dias em coma induzido. Ele sofreu fratura de úmero, complicações no intestino e cortes pelo rosto e corpo.

A principal lesão sofrida foi uma lesão medular que o deixou paraplégico. Alexandre ficou quase três meses internado. Ao todo, o joinvilense passou por mais de 35 cirurgias.

Além das marcas deixadas pelo acidente, Alexandre decidiu marcar na pele homenagens à família que morreu. Ao todo, tem quatro tatuagens em homenagem ao pai, mãe e irmão.

Confira as tatuagens:

A primeira tatuagem feita foi no antebraço direito, com a frase “Saudades Família”.

Fred Romano/O Município Joinville

Na parte externa do antebraço esquerdo, a tatuagem feita é em homenagem ao pai. Alexandre tatuou a frase “Sunshine on my shoulders makes me happy”, que é da música “Sunshine On My Shoulders” de John Denver. Em tradução literal do inglês, significa “sol em meus ombros me faz feliz”.

Fred Romano/O Município Joinville

No outro lado do antebraço esquerdo, fez duas tatuagens. Em homenagem à mãe que era muito religiosa, tatuou a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Para o irmão, tatuou a frase “My brother, my friend, my blood, I will love you forever. Adriano”. Em tradução literal do ingês significa “Meu irmão, meu amigo, meu sangue, eu te amarei para sempre. Adriano”.

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Fred Romano/O Município Joinville
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