Conheça casa em Joinville que auxilia deficientes visuais a realizarem tarefas cotidianas
Espaço foi inaugurado no fim de agosto
A Associação para Integração dos Deficientes Visuais (Ajidevi), em Joinville, conta desde o fim de agosto deste ano com um novo espaço para o desenvolvimento das atividades da vida autônoma (AVA). É a Casa dos Sentidos, onde os educandos podem aprender e praticar atividades domésticas.
A professora de AVA da Ajidevi, Olivia Vieira Wippel, conta que as aulas têm o objetivo de auxiliar os educandos a aprenderem a realizar atividades da vida diária por conta própria, como autocuidado, alimentação e comunicação. Outro ponto importante que Olivia ensina é como ir a estabelecimentos comerciais para fazer compras.
“Todos os deficientes visuais são capazes de fazer as atividades. A família tem que apoiar e abraçar a causa com eles. Eles têm que se impor na sociedade”, comenta Olivia.
“Fazendo as coisas que eu queria fazer”
A joinvilense Ariane de Aguiar, de 32 anos, é aluna da Ajidevi há três anos. Ela perdeu a visão aos 19 anos, vítima de uma síndrome, que também afeta a audição dela.
A aula de AVA está entre suas favoritas na associação. “Para mim está sendo bom, porque em casa eu me prendo e fico só na cama e vem um monte de coisa na cabeça. Agora eu estou fazendo as coisas que eu queria fazer”, comenta Ariane.
Algumas das atividades que ela aprende durante as classes, ela aproveita para realizar em casa com a filha de 8 anos, principalmente as tarefas domésticas, como dobrar roupa, e ações de autocuidado e higiene.
“Eu ensino coisas para a minha filha desde pequena, porque não é sempre que eu vou estar do lado dela. Ensino ela a tomar banho sozinha, se trocar sozinha, para ser independente”, diz Ariane.
Apesar disso, Ariane conta que as atividades que mais gosta de fazer na Casa dos Sentidos envolvem a cozinha. Até mesmo as receitas que aprende a fazer nas aulas, ela leva a comida para casa para a filha provar. Ariane diz que a filha sempre pede para elas fazerem juntas as receitas. “É uma diversão para mim e para ela”, fala a aluna.
Como são as aulas na Casa dos Sentidos?
As aulas na “casinha” acontecem duas vezes por semana — às segundas e quartas-feiras com os adultos e às terças e quintas-feiras com as crianças. “A gente vê a deficiência de cada aluno e o que ele precisa. Então, a gente elabora os planejamentos sempre em cima deles”, conta Olivia.
A professora destaca que, durante as aulas, tenta fazer os alunos se sentirem em casa para aproveitaram ao máximo o aprendizado. Ela comenta também que muitas vezes os próprios alunos a procuram pedindo atividades que eles mesmo têm interesse em fazer em casa.
Olivia planeja as aulas pensando em adaptações que facilitem no dia-a-dia dos deficientes visuais. Por exemplo, na cozinha, micro-ondas e air fryer têm adesivos para que os alunos sintam e saibam quais botões apertar.
A professora Olivia ensina os alunos desde o preparo de alimentos até a organização após o uso da cozinha. Os educandos aprendem primeiramente o preparo dos ingredientes. Olivia explica que eles precisam deixar tudo preparado antes de iniciar o uso do fogão.
“Vai localizar a panela em cima da boca do fogão e depois ligar o fogo. Vai fazer tudo antes para depois ligar. Tem todo um preparo diferente, um cuidado”, comenta.
Outro ensinamento é de como medir e escolher os ingredientes necessários para as receitas. Olivia conta que os alunos precisam provar ou cheirar os ingredientes, para usar os outros sentidos.
Eles são ensinados a manusear os talheres e outras aparelhos na cozinha. A intenção é que eles percam o medo de usar os objetos, como facas, e façam o uso da maneira mais segura possível.
Para passar café, por exemplo, os alunos precisam encher a garrafa de água antes, para saber o limite de água a usar. Dessa forma, evitam que a garrafa transborde e não se queimam com a água fervendo.
Para dobrar roupas, os alunos são ensinados a usar um pedaço de papelão para auxiliar na tarefa.
Para varrer a casa, por exemplo, os alunos são ensinados a realizar a atividade descalços, para que assim, sintam o que é necessário varrer.
Todos os ensinamentos são passados na prática. Olivia exemplifica que até mesmo para separar clara e gema de ovo é necessário que os alunos sintam as texturas para diferenciar o que é cada coisa.
As classes costumam acontecer em grupos de quatro alunos que tenham o mesmo nível de autonomia. Olivia explica que há uma diferença nos grupos para educandos que nasceram sem visão e que perderam a visão no decorrer da vida.
Uma das importâncias do desenvolvimento da autonomia dos deficientes visuais, segundo Olivia, é diminuir o período de ociosidade dos alunos em casa. “A pessoa que perdeu a visão é diferente, ela tem o mapa visual”, fala Olivia.
Veja mais fotos da Casa dos Sentidos:
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