Conheça a história da criação do Sadol e do Melagrião, produzidos por laboratório joinvilense
Criados em Brusque, laboratório foi vendido à empresa de Joinville em 1945, com marcas famosas até hoje
Criados em Brusque, laboratório foi vendido à empresa de Joinville em 1945, com marcas famosas até hoje
O brusquense Fernando Boettger teve sua história perdida com o tempo, sem escritos fidedignos como possuem alguns de seus contemporâneos. Pouco se sabe de sua vida ou de sua carreira.
Na história repassada pela sua neta, Mônica Tietzmann, é possível remontar um pouco a trajetória daquele que teve invenções marcantes, como o fortificante Sadol e os medicamentos Melagrião e Bálsamo Branco, produzidos em Joinville após 1945, quando seu laboratório foi vendido à atual Catarinense Pharma.
Aos 68 anos, Mônica guarda as memórias que recebeu de sua mãe e, ao contrário do que raras lembranças populares apontam, afirma que foi Fernando Boettger o pioneiro em farmácia de Brusque.
Conforme relata Mônica, seu avô nasceu em Brusque, em 15 de setembro de 1875, quando o município ainda era a Colônia Itajahy, e morreu em 23 de setembro de 1947, também em Brusque. Teve dois filhos: Liedelott e Georg Paulo Boettger.
“Meu avô fazia os remédios, tinha seu laboratório em Brusque. Ele vendia os remédios para o Laboratório Catarinense, em Joinville. O negócio foi muito bem.”
O Laboratório Catarinense, chamado atualmente de Catarinense Pharma, confirma que por volta de 1945 a empresa adquiriu “renomados laboratórios de Brusque, Itajaí, Blumenau e Joinville.”
“Foi minha vó quem vendeu o laboratório, com meu avô já falecido. Minha avó não sabia o que fazer com a empresa e a vendeu”, explica Mônica.
Em 17 de março de 2003, o Diário Comércio, Indústria e Serviços (DCI) publica matéria explicando:
“Na época, o fundador Alberto Bornschein tinha uma rede de farmácias denominada Drogaria Catarinense, formada hoje por 70 lojas. Diante disso, Bornschein enxergou uma oportunidade de negócios e adquiriram diversas empresas entre eles os laboratórios Fernando Boettger, de Brusque, Santa Catarina, responsável por criar o Agriomel, em 1918, que mais tarde denominou-se Melagrião. O xarope é composto de agrião, guaco, acônito, bálsamo de tolu, ipecuanha e polígala.” O Sadol, por sua vez, foi criado em 1924 por Fernando Boettger.
O historiador Paulo Kons resgata trecho do livro Recordando o Passado, da professora Dinorah Krieger Gonçalves, sobre a vida de Gertrudes Régis Krieger, nascida em 17 de novembro de 1905 e falecida em 2 de novembro de 2002.
“No laboratório trabalhavam várias moças, com as quais Gertrudes fez amizade. Elas, primeiro, dissolviam a gelatina para a fabricação das cápsulas que serviam de invólucro para os remédios fabricados pelo Laboratório. Colocavam a gelatina já dissolvida em pequenas formas. Depois de fria e seca, despejavam o conteúdo, isto é, o medicamento, preparado pelo farmacêutico. Fechavam as cápsulas, embalavam em vidros e rotulavam os remédios. Gertrudes adorava o ambiente do laboratório. Nos intervalos do trabalho, as moças conversavam e riam, faziam o lanche trazido de casa ou preparado ali mesmo, principalmente os bolinhos cozidos no mesmo fogão a lenha onde dissolviam a gelatina.”
Consta também no livro que “o patrão, Sr. Boettger, era o farmacêutico responsável e proprietário, sempre muito gentil com as funcionárias. Era casado com Dona Paula Mayerle Boettger, uma senhora muito requintada. O Laboratório também ficava próximo à alfaiataria da família Krieger”.
O livro explica que Gertrudes precisou deixar o emprego que tanto amava porque iria se casar, e preparar todo um enxoval feito à mão. “Ela gostava muito de seu trabalho. Tinha consciência da importância do Laboratório Boettger, para a cidade. Contava sempre que, mais tarde, com o falecimento do farmacêutico Boettger, o laboratório foi vendido e a matriz transferiu-se para Joinville, dando origem ao Laboratório Catarinense [na verdade a empresa joinvilense já existia antes da aquisição].”