Conheça história de joinvilense que, sem querer, foi parar na Alemanha durante Segunda Guerra Mundial
"Eu vi, vivi e sobrevivi à 2° Guerra Mundial", relata Alda Niemeyer
"Eu vi, vivi e sobrevivi à 2° Guerra Mundial", relata Alda Niemeyer
Por Angelina Wittmann
Alda Schlemm Niemeyer nasceu em Joinville, no dia 18 de maio de 1920. Sua biografia é de uma mulher forte e doce, que muitas vezes, apesar dos desafios materiais, se define pela palavra superação.
Depois foi residir em Curitiba, com sua família, onde viveu durante sua infância e juventude. Sua mãe se chamava Wanda (Família Müller – Curitiba – PR) e seu pai – primeiro casamento de Wanda – chamava-se Frederico Alexandre Schlemm – da família de Joinville – SC.
Alda considerava seu pai, o segundo esposo de Wanda – Max Alfred Bayer, pois o conhecia desde criança.
Em junho de 1918 Wanda Müller casou- se com Frederico A. Schlemm e a família residia na cidade de Joinville. Schlemm faleceu logo após o nascimento da irmã de Alda, Marthali. Após o falecimento do marido, Wanda mudou-se com suas filhas para a casa de seus pais, localizada na capital do Paraná, em Curitiba.
De acordo com registros de família, a casa dos Müller, em Curitiba, era grande, com um grande jardim com muitas árvores, canteiros de flores, quadra de tênis, garagem, viveiro de pássaros, galinheiro, entre outras coisas. Alda Niemeyer lembra do jardim, onde floriam rosas e dálias. As meninas, de acordo com relato de Alda, viviam no paraíso, na casa de seus avós Müller.
A propriedade da família estava localizada onde hoje está o Shopping Müller, em Curitiba. Alda Niemeyer relata que a casa dos avós ainda existe. Continuou contando, que ela e sua irmã, Marthali, recebiam, com muita frequência, vestidos e sapatos novos. Só não apreciavam muito, pois eram sempre idênticos. Seus vestidos e de sua irmã eram confeccionados por sua mãe, Wanda e por sua avó, Muschel.
“Eu vivia confiante no meu ambiente e acreditava em tudo. Infelizmente sou assim até hoje. Minha crença infantil daquela época não conhecia limites. Assim pude ser encontrada, certo dia, sentada numa cadeirinha no quintal. Não arredava os olhos da porta da cozinha. Alguém havia dito que aquele dia era o da Ascensão de Maria. E eu não poderia perder o voo de nossa cozinheira Maria em direção ao céu.” Alda Niemeyer.
Em 1925, Wanda se casa pela segunda vez, com Max Alfred Bayer. Dona Alda tinha 5 anos de idade. Bayer era funcionário do Banco Alemão Transatlântico, que tinha uma agência em Curitiba, mais tarde foi incorporado a Caixa Econômica Federal – durante a II Guerra Mundial, onde se aposentou.
Em 1939, com o auxílio do Consulado Alemão, muitos jovens viajaram para a Alemanha. Alda e sua irmã Marthali conseguiram se engajar neste intercâmbio. Sua mãe Wanda viajou algumas semanas mais tarde. O navio de Wanda foi o último que atracou no porto de Hamburg, antes da 2° Guerra Mundial iniciar.
As três passagens de retorno para o Brasil, já pagas por Beyer, de nada adiantaram, para que as três pudessem voltar para casa – Alda Niemeyer, sua irmã Marthali e sua mãe Wanda ficaram impedidas de retornar ao Brasil, em função da guerra, que iniciou neste mesmo ano de 1939.
Permaneceram, forçosamente na Alemanha por nove anos. Durante a 2° Guerra Mundial trabalharam na Alemanha, muitas vezes, somente pelo alimento. Alda Niemeyer trabalhou como enfermeira junto de um cirurgião-dentista em um primeiro momento, e depois, na Cruz Vermelha – trabalho voluntário feminino, com idade entre 20 e 30 anos.
Versos de Alda Niemeyer – escritos para sua mãe, entre 1939 e 1947. A autora esclarece que as rimas, do poema se perderam, em função da tradução do idioma alemão para o português.
“Mutti Beyer, chegue aqui,
eis aqui a tua biografia!
Há’s de rir – engraçadíssima!
Wanda tomou um navio,
e até a Alemanha flutuou.
Lá chegando – a guerra iniciou!
Papai sozinho em casa ficou,
reclamando da solidão, pois
suas estrelas – lá se foram!
Dortmund foi o primeiro destino,
onde muito aconteceu.
Neve e gelo – e geada dói!
Corridas ao porão antiaéreo,
enquanto ressoam as baterias!
As duas meninas – muita gritaria!
E estas duas jovenzinhas,
pouco opinam ou contribuem.
Mas por vezes – encrencas!
Marthali trilha seus caminhos,
comenta feliz mamãe Wanda.
E com os dedos – as notas faz soar!
Alda corre, sempre afobada,
No consultório pra lá e cá…
Cheira forte a antissépticos!
Wanda para alimentar a família,
das quatro as sete da matina,
esperando em filas – paciente!
Vamos para Elster! Soa a ordem,
quando viajarmos no verão.
Trens lotados – pessoas amontoadas!
Água, banhos e lodo termais,
sais e radiações para todos.
Estas fontes – fantásticos efeitos!
Wanda perambula pelas florestas,
e logo acha o que procura.
Encontra cogumelos – colhe amoras!
E vejam, correndo faz esportes! – joga canastra!
Tia Kampmann sempre disposta.
E não nos esqueçamos também – Helene!
Bela Dortmund, polvilhada de negro,
frequentemente importunada pelos ingleses.
As bombas retumbam – sempre durante a noite!
Wanda, com espírito impaciente,
decide deixar Dortmund rapidamente.
Dresden espera – e nós partimos!
Por muitos dias a saudade aperta,
até nos ambientarmos em Dresden.
Inverno gelado – nada aconchegante!
As rações foram diminuídas,
e inversamente, a fome aumentando.
Estomago roncando – não reclame!
Uma coisa ela sabe perfeitamente,
a sábia esposa do Papa Beyer.
Quem reclama – bronca chama!
Sessões de cinema, que sensação,
oportunizam momentos de descontração.
O divertimento da mamãe – ainda possível!
Co-habitantes e parentes,
amigos e conhecidos de Wanda.
Entusiasmados – se alegram!
Camisas, calças e roupas de crianças,
ou mesmo camisolas e outras vestimentas
costuradas rapidamente, num piscar de olhos!
E a maior surpresa de final de ano
para mamãe foram os jovens noivos!
Aconteceu – no período natalino!
E a mãezinha – coitadinha,
outra fila – na busca daqueles rolos
de papel – necessidade higiênica!
Legal era quando os meninos Meissner,
tinham suas folgas de domingo.
É quando se encontra nossa turma
e a Elisenstrasse n° nove.
E em coro, uníssono:
“Longe da pátria e com a barba por fazer…”
Minha gente – é inacreditável!
Cobradora se torna a menor das Bayer.
Mesmo sob neve ou tempestades,
sai de casa correndo pela manhã.
Engata vagões!Transfere-ps de trilhos!
Rapidamente aprende-se o manuseio.
Cabeça levantada, ombros para frente,
pois rude é o trabalho nas ruas!
Wanda tem muito o que fazer,
pouco tempo lhe sobra durante o dia.
A máquina de costura não pára,
é que a cota de sacos de munição é exata.
E nem mesmo é para seu divertimento,
É obrigação – pelo alimento!
E aconteceu a refeição matrimonial,
– uma ave inteira sobre a mesa.
E depois, a uma só voz se escuta:
– “Como estou passando mal!”
E quando em março a neve derreteu,
Wanda mudou-se novamente para o campo.
Bad Elster tinha-a cativado,
e para lá retornou naqueles dias.
E determinou: – Aqui ficaremos,
Casa Almenrausch será nosso quartel general.
Marthali a acompanhou, já que os exames finais do curso haviam passado.
Torna-se vovó, já é bastante difícil,
ser vovó, no entanto, ainda mais,
têm-se inúmeras preocupações,
Ulrich berrava já nas primeiras horas
e continuava até a meia noite.
A fiel Ömi zela por seu bem estar.
Fraldas esvoaçavam alegres ao vento,
nos varais e nos gramados,
e vovó lava com alegria
sem permitir delegar a terceiros.
Era intenção deste textinho
retratar alegrias deste nosso globo.
Mas ao lado de momentos felizes,
muita tristeza pôde ser observada.
Wanda presenciou esta realidade,
viu bombas, viu a terra estremecer.
Mas Ulrich recebe o máximo de cuidados
Enquanto a Alemanha está sendo ocupada.
Dresden então foi destruída,
mas só depois de longos dias,
Veio a notícia: – Estamos vivos!
Iremos nos juntar a vocês em breve!
E eis que chegamos ao lugar,
e máxima alegria veio reinar.
Então o HKL se aproximou
e em seguida os americanos.
Nós cavamos nosso parco inglês,
aprendido ainda na escola,
e o que então aconteceu foi fabuloso
Para o Partido Desastroso,
pressões e obrigações acabaram.
Esperançosos nos pareceu o mundo.
Após seis anos, que alegria,
o retorno para casa nos acenava.
E o meninote em seu trono,
incrédulo balançava a cabecinha,
observando o mundo, pensativo.
Todos aguardavam algo cair.
De início com esforço, sem resultados,
mas depois – para todos – satisfatório.
Para o desespero e pavor das moças e mulheres
eis que surgem os russos no lugarejo.
Sob muito medo o tempo passa,
e após semanas a feliz notícia:
– o remanejamento dos estrangeiros.
Aprendemos odiar os campos de refugiados
ruínas de fábricas, depósitos abandonados.
Nos sentíamos como dentro de ratoeiras,
sempre mordidos por percevejos,
que co-habitavam como fazendo parte
daquela massa de gente estranha.
Fedíamos tal como todos ali.
A maratona iniciou em Oelnitz
e tornou-se um inferno em Schoenberg.
Vagões de gado nos levaram por final,
ao que parecia uma Babel, até Bamberg,
onde americanos nos recepcionaram,
ao ocuparmos um caminhão carvoeiro,
e até carrinho de nenê foi carregado!
Desta maneira alcançamos
o quartel general da UNRRA.
Deste campo de refugiados
muitos sul-americanos encontramos.
“De volta ao lar” era nosso lema
e para i inferno o CIC.
Assim iniciou a vida dos refugiados
que pior não poderia ter sido.
Muita briga e lamentações,
muitos amores, também descriminações.
Períodos de infindáveis questionários.
E a cegonha sobrevoou o reduto,
trazendo o segundo neto ao mundo.
E Marthali olhou para o Bob e,
apaixonada o acompanhou ao cartório.
Cresceram enormes as preocupações,
muitas vezes intransponíveis para Wanda.
Mas sua confiança acabou premiada:
Chegou a Delegação Militar Brasileira
para regulamentar o transporte
e todos podíamos retornar a terra natal.
E Wanda então, bem ao final,
teve a sorte e a satisfação
de viajar através da bela Suíça.
Moradias confortáveis, deliciosas iguarias.
Finalmente ocupou assento no avião
para chegar o mais rápido possível
onde seu entes queridos a aguardavam
E felizes a rodeavam na chegada.”
Alda Schlem Niemeyer
Wanda foi a última das três a retornar ao Brasil – em 1948.
Alda se casou com Günter Hermann Schierz na Alemanha com o qual teve três filhos: Ulrich, Aldo Mathias e Rudolfo Frederico Germano. Em 1947, Dona Alda retornou ao Brasil com os dois filhos – Ulli e Aldo – Rudi nasceu em Curitiba, em 1950.
Seu marido – Günter, chegou ao Brasil no ano de 1949, e tinha como profissão, desenhista gráfico e pintor. Ficou conhecido no cenário cultural e das artes plásticas em Curitiba. Em 1950, Alda se separou de Günter Hermann Schierz. Em 1956, viúva de Schierz, Alda casou-se com o médico – Érico R. Niemeyer e teve mais três filhos: Ronald Alexander (Ronny), Maria Beatriz e Sylvia.
O casal Niemeyer mudou-se para Blumenau no final da década de 1960. Alda completou 55 anos de matrimônio com o Dr. Niemeyer, quando ele veio a falecer em 4 de outubro de 2003, com 77 anos.
Em Blumenau, Alda desenvolveu trabalhos junto à comunidade nas áreas social e cultural. Seu marido atuou como médico e ela o acompanhava nas atividades. Inicialmente como enfermeira, posteriormente, em obras assistenciais. Alda foi professora de yoga.
Na década de 1970 ingressou no radioamadorismo. Pertence ao Clube de Radioamadores de Blumenau, desde 1976, como membro ativo, exercendo vários cargos. Alda Niemeyer participou da primeira expedição feminina, realizada no Brasil – Ilha Comprida-SP, em 1998.
Como radioamadora, se destacou na divulgação da vida e obra do Padre-cientista Roberto Landell de Moura, a nível nacional e na Europa. Traduziu, para o idioma alemão, o livro – O outro lado das telecomunicações – A saga do Padre Landell de B. Hamilton Almeida.
O livro foi lançado em Dortmund, na Alemanha, em maio de 1995. Pelos trabalhos feitos em torno da obra sobre a vida do Padre Moura, recebeu a comenda da Ordem de Radioamadores Padre Roberto Landell de Moura.
Alda igualmente atuou durante as grandes enchentes de 1983 e 1984, época em que sequer se imaginava a existência de câmeras digitais, celulares e computadores. Mal e mal funcionavam os telefones fixos. Ela considera seu trabalho mais relevante, no período em que atuou como radioamadora e auxiliou nas enchentes da década de 1980.
Seu trabalho foi publicado em 1995, na obra, a qual é co-autora: S.O.S. Enchente – Um Vale Pede Socorro (Edição esgotada). O livro é um relato documental e fotográfico das atividades radioamadorísticas durante as enchentes de 1983 e 1984.
Alda Niemeyer participou, igualmente, do grupo de teatro alemão do C.C. 25 de Julho de Blumenau – Theatergruppe. Auxiliou na montagem de inúmeras peças de teatro, no idioma alemão. Alda aprecia, defende as artes e a cultura de seus antepassados. No ano de 2014, completou 30 anos – participando diretamente da organização e participação do Programa do encerramento das atividades dos grupos culturais do C.C. 25 de Julho de Blumenau.
“Vinte e sete anos atrás formou-se no Centro Cultural 25 de Julho de Blumenau um grupo de teatro. Pessoas apaixonadas pelo palco, conservando a tradição dos antepassados, imigrantes que falavam a língua alemã. Eram todos leigos, amadores, que com o tempo adquiriram experiência e versatilidade. I “elenco” mudou com os anos, – mesmo assim temos hoje ainda fundadores deste Grupo de Teatro, acompanhando de perto nossas atividades.
Todo o repertório do grupo é levado ao palco em língua alemã. São peças humorísticas, e comédias, clássicos deste gênero na literatura teatral, conhecido pela platéia alemã. O grupo quer sempre levar alegria e sorriso para o público, sabendo que a vida já é difícil que chega!
Geralmente os participantes levam 3-4 meses para ensaiar uma peça. Depois se pensa no cenário, no guarda roupa, no palco em geral. Tudo é preparado e feito pelos participantes do grupo. como o grupo viaja, apresentando-se nas cidades vizinhas, no Paraná, em São Paulo e Porto alegre, e, até viajando para as Missiones, na Argentina, tudo precisa ser bem pensado.
Assim leva-se para estas viagens sempre um palco completo, com luzes e cenários. cortinas e demais requisitos necessários. Leva-se 3-4 horas para montar um palco, isso em lugares, ou em salões de esporte, onde nem elevado para uma banda tem. Até juntam-se mesas, para formar um palco. Depois se armam as laterais e uma cortina que corre bem. E, até um lugar para o ponto se monta. O “camarim” de um lado é feito com cortinas. O grupo está preparado para qualquer eventualidade, improvisa com jeito e da melhor forma possível.
As dificuldades são vencidas com um sorriso e muita boa vontade, suor e paixão pela arte de representar. A maior e melhor recompensa é sempre o aplauso do público, em cena aberta ou no fim do espetáculo.
Somos, no momento, o único grupo que apresenta peças teatrais em língua alemã. A maior dificuldade agora é, achar jovens interessados em participar destas atividades. Não é preciso falar alemão. Nos já “preparamos” nos últimos anos atores que não sabiam dizem nem “Ja” e nem , “Nein”. E, que no fim dos ensaios felavam corretamente todo o texto, fazendo papel bonito no palco.
Todas as peças geralmente são apresentadas 10-11 vezes. Em Blumenau normalmente 3 vezes e, as outras apresentações e, Joinville, Jaraguá, Pomerode, Treze Tílias, Ibirama, Serrinha, Vila Itoupava e outras localidades em Santa Catarina. São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Entre Rios e, até em Nueve de Julho e São Carlos, Missiones, na Argentina conhecem o grupo do Centro Cultural 25 de Julho de Blumenau.
Infelizmente perdemos alguns de nossos participantes mais experimentados no último ano. Motivos pessoais e doenças os tiraram de nosso convívio. assim preparamos a nossa pequena peça “Dinner for One”, somente para duas pessoas.
“Dinner for One” é uma comedia inglesa, representada há anos na Alemanha, sempre na noite de Ano Novo, na televisão. É repetida todos os anos, quatro-cinco vezes por noite. Nosso amigos da Alemanha fazem o programa da Noite de São Silvestres para “antes ou depois” do Dinner for One”. Ou, eles se reúnem e assistem em grupos a peça. É tradição!.
Nós traduzimos esta comédia para o alemão e para o português e, já a apresentamos 11 vezes, 8 vezes em alemão e duas vezes em português. Fomos convidados a apresentá-la no 15° Festival de Teatro Universitário em 2001, no Congresso da FECAB, organizado pela Secretaria da Cultura, e mais dois outros congressos, e com ela inauguramos o novo Teatro de Jaraguá do Sul. Ela permanece montada para qualquer ocasião ou convite.
“Dinner For One” é a história de um jantar extraordinário.
Miss Sophie faz 90 anos. O Mordono James organiza este jantar há muitos anos. Convidado são os quatro melhores amigos de Miss Sophie: Sir Toby, Almirante von Schneider, Mister Pomeroy e Mister Winterbottem. Infelizmente se dá um problema. Miss Sophie já não não é mais jovem e, ela sobreviveu a todos seus amigos. O último foi enterrado a 25 anos atrás.
Mesmo assim Miss Sophie não quer dispensar este jantar festivo. E, como por motivos obvios os amigos não podem estar presentes, são representados pelo Mordomo James As complicações e cenas engraçadas que se passam por 20 minutos fazem o público rir e chorar de rir.
O texto pode ser falado em inglês, alemão ou português, – ele não é relevante. O público acompanha sem dificuldade todo este jantar especial, com as cenas cômicas e expressivas, praticamente todas a cargo do James.
Por falta de novos e jovens atores, o Grupo de Teatro do Centro Cultural 25 de Julho de Blumenau tem dificuldades em montar peças novas. Precisamos urgentemente achar jovens, que se interessam por peças em alemão e, prontos para enfrentar dificuldades. Não é fácil falar alemão. Mas, com boa vontade e a ajuda de todos os membros do nosso Grupo, está tarefa pode ser vencida.
Diesen Text fand ich auch noch. Der erst, Deutsche hat Fehler!!! Also VORSICHT! ” Alda Niemeyer
Quem teve o privilégio de a conhecer, diz que Alda Niemeyer é uma pessoa de extraordinária cultura e dona de contagiante entusiasmo, carisma e é muito comunicativa. Adota e divulga o lema: “com um sorriso se abrem todas as portas”.
Alda falando do teatro em sua vida – dezembro de 2013.
Em 2013, Alda residia com seus filhos Sylvia, Rudi e Maria Beatriz e com sua irmã e companheira de uma vida – Marthali.
Alda Schlemm Niemeyer
O que se faz quando, aos 84 anos de idade, recebemos um convite para viajar à Noruega numa expedição? “Depois do susto, arrumar a mala!” Com artrose nos joelhos, e sozinha, lá se foi para encontrar uma equipe desconhecida.
Essa é Alda Niemeyer. Determinada, mas doce. Apaixonada pela vida e pelo contato com pessoas. Corajosa e otimista, mas disciplinada.
Ela nasceu em Joinville, em 1920 e cresceu como uma menina esportiva e travessa. Até teimosa, admite. Teve uma juventude segura e feliz.
Até que em 1939 foi à Alemanha, onde faria um intercâmbio cultural. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, aquilo que seria uma viagem de poucos meses, transformou-se numa estadia de 9 anos, cheios de tragédias.
Chamada para prestar serviços civis, fez curso de enfermagem e trabalhou junto à Cruz Vermelha. Do consultório dentário, passou a atender parturientes e soldados mutilados.
Durante a guerra casou-se e teve os primeiros três, de seus seis filhos. Passou privações e fome. Sobreviveu ao pior bombardeio da Segunda Guerra, em fevereiro de 45 na cidade de Dresden, de onde saiu temporariamente cega. Fez valer seu lema de vida, escolhido conscientemente na juventude: “Eu vou conseguir!”.
Conseguiu voltar ao Brasil apenas em 1947, dois anos após o término da guerra. Separou-se e enviuvou. Residindo em Curitiba, casou-se com o médico Érico Niemeyer, com quem se mudou para Blumenau em 1956. Com ele teve outros 3 filhos. Hoje é avó de 9 netos e 11 bisnetos.
Blumenauense de coração, já no ano seguinte envolveu-se nos trabalhos assistenciais da Sociedade Evangélica de Senhoras, junto à Maternidade Elsbeth Koehler, onde atuou por 15 anos. Já participou das obras assistenciais das soroptimistas e atualmente é membro do Conselho da APAE.
Em 1976, segundo ela “tarde, mas não tarde demais”, ingressou no radioamadorismo, hobby que a transformou em referência nacional e internacional no mundo das comunicações.
A enchente de 1983 veio comprovar seu empenho na Defesa Civil: tendo a própria casa inundada, vovó Alda (como é conhecida no rádio) instalou suas antenas sobre o prédio da então EMBRATEL. De lá conseguiu mobilizar ações de apoio vitais para a cidade de Blumenau: trazer vacinas através da Força Aérea, conquistar a doação de milhares de litros de água potável, conseguir remédios, roupas e alimentos, inclusive muitas toneladas em donativos de radioamadores amigos da Alemanha. Ajudou a estabelecer a comunicação entre órgãos oficiais, mas também possibilitou ajuda a particulares.
Membro de diversas Ligas e Ordens no país e no exterior, inclusive a Rede Nacional de Emergência (RENER), já recebeu inúmeros prêmios, comendas e homenagens por seus relevantes serviços em Defesa Civil, na esfera municipal e nacional. Destaca-se a Comenda da Ordem Padre Landell de Moura e a Comenda da Legislativa do Estado de Santa Catarina.
Reergueu e presidiu o Clube de Radioamadores de Blumenau por 5 gestões e é palestrante convidada, onde divulga a obra do brasileiro inventor do rádio, o Padre Landell de Moura e o radioamadorismo.
Participou da única expedição latino-americana de mulheres radioamadoras em Ilha Comprida, representou o Brasil em Morokulien na Noruega numa expedição no Território da Paz e no Encontro Holandês-Alemão, em Bentheim.
Assídua leitora, políglota e versada em informática, Alda escreveu em conjunto com o Coronel Antônio Barreto o livro “SOS Enchente – Um Vale pede Socorro”, que ela própria converteu ao alemão. Também traduziu para o alemão o livro de Hamilton Almeida, “O Outro Lado das Comunicações”, ambos lançados na Alemanha, em 2006.
Escreveu regularmente para revistas sobre radioamadorismo e foi “repórter a distância” do antigo Jornal Brasil Post, em São Paulo, em cujos artigos divulgava Blumenau.
Ainda no âmbito cultural, participou na organização dos eventos e festas do Centro Cultural 25 de Julho, onde durante vários anos atuou e dirigiu o Grupo de Teatro Amador Alemão. Maria Beatriz Niemeyer
Em 18 de maio de 2016, Alda Niemeyer completou 96 anos de idade, sendo uma das sócias mais ativas do C.C. 25 de Julho de Blumenau como colaboradora e atuante, por décadas, entre outras tantas atividades que fez na comunidade de Blumenau.
Em 2016, recebemos um recado seu, que um compromisso assumido voluntariamente por ela, foi cumprido e apresentou a tradução do Livro: Centro Cultural 25 de Julho de Blumenau – Sua História – 1954 a 2009 de autoria de Wilfried Volkmann e Renate Rossmark.
Estivemos, juntamente com um dos autores, Wilfried Volkmann, em 26 de julho de 2012, na residência de Alda Niemeyer e registramos a entrega dos originais do livro à ativa sócia do centro cultural e dona de um currículo com grandes feitos no centro cultural e na cidade de Blumenau.
Foi um momento, no qual fizemos questão de registrar para a História de um espaço cultural na cidade de Blumenau, a partir da voluntariedade dos seus integrantes e sem fins lucrativos, muitas vezes com muita dificuldade, há quase seis décadas.
Herr Volkamann, temeroso que parte desta História se perdesse ao longo dos anos, começou a pesquisar e organizar os registros com a colaboração dos amigos, em especial de Renate Rossmark.
Registros a partir das pessoas mais antigas do centro cultural, muitas vezes os primeiros sócios ou, seus filhos e netos, que construíram este centro da cultura germânica durante suas horas de folga.
Alda Niemeyer, naquele momento, na altura de seus 92 anos, com toda a disposição que irradia e com o comprometimento com a cultura e, a comunidade, aceitou prontamente o desfio.
Em 03 de março de 2016, Alda Niemeyer enviou-nos a seguinte comunicação:
“(…) Faz 4 semanas que terminei a tradução da “Geschichte dse Kulturzentrums 25 de Julho”. Avisei o Dieter, falei com Sr. Volkmann. Sugeri que talvez seria um bom lançar este livro – 119 páginas de textos, sem ilustrações, no CAAL – Blumenau – em outubro.” Alda Niemeyer
O lançamento do livro do C.C. 25 de Julho de Blumenau aconteceu em 20 de julho de 2013.