Conheça jogo de tabuleiro que celebra cultura de Joinville: “mostra todas as caras da cidade”

Joingame mistura diversão, memória e identidade cultural da cidade

Conheça jogo de tabuleiro que celebra cultura de Joinville: “mostra todas as caras da cidade”

Joingame mistura diversão, memória e identidade cultural da cidade

Lara Donnola

O joinvilense Peterson Fernandes, de 32 anos, transformou o interesse por jogos de tabuleiro e por sua cidade natal em um projeto cultural único: o Joingame. O jogo reúne curiosidades, fatos históricos e referências da vida cotidiana, com o objetivo de mostrar a pluralidade cultural de Joinville e ampliar o conhecimento sobre essa diversidade.

O Joingame é um jogo de tabuleiro criado para até seis participantes. Cada jogador sorteia uma carta do baralho e precisa responder a uma pergunta sobre a história ou a cultura de Joinville. A cada resposta correta, o jogador pode percorrer as casas do tabuleiro. Vence aquele que conseguir chegar primeiro ao final, superando todos os obstáculos do caminho.

A criação do Joingame nasceu da combinação entre a paixão de Peterson por jogos de tabuleiro e seu interesse por Joinville. Ele contou que sempre gostou de jogos clássicos, como Banco Imobiliário, Jogo da Vida e Perfil, e que a sugestão de desenvolver uma versão ligada à cidade acabou despertando sua atenção.

“Alguém comentou como seria legal se tivesse um jogo assim sobre Joinville. Aquilo ficou na minha cabeça, e como eu conheço muitas curiosidades e aspectos da cultura da cidade, pensei que poderia ser uma oportunidade de fazer algo interessante e diferente”, explicou.

O publicitário destacou que a motivação principal foi perceber que poderia haver um público interessado nesse tipo de conteúdo. Atuando na área de comunicação e estudando processos culturais, ele enxergou no projeto um espaço para unir diversão, conhecimento e convivência. Para Peterson, o Joingame é também uma forma de educação e de aproximação entre pessoas.

“Percebi que existia uma oportunidade interessante a ser explorada e abraçando isso como uma causa de educação, de oportunidade de relacionar as pessoas com o jogo, de reunir famílias e amigos”, disse.

Arquivo pessoal

Processo de produção

No processo de seleção das curiosidades e fatos históricos que entraram no Joingame, muitas perguntas surgiram de conhecimentos que ele já tinha de memória e da própria vivência em Joinville. Ele incluiu temas variados, que vão da culinária típica, como chineque e rollmops, a referências populares da cidade.

“Muitas coisas eram do meu dia a dia, da minha rotina. Outras eram ditos que eu ouvia com frequência, como a frase de que a cerveja de Joinville era a melhor do Brasil porque a água daqui era única. Já escutei isso muitas vezes ao longo da vida, e achei interessante colocar”, explicou.

Para complementar, ele buscou referências em diferentes fontes. O publicitário pesquisou no Arquivo Histórico, além de livros, artigos e estudos sobre a cidade. A intenção foi deixar o conteúdo do jogo mais rico e diversificado.

Desafios 

Um dos primeiros desafios para criar o Joingame foi conciliar o projeto com a rotina de trabalho. Peterson trabalha em horário comercial, e contou que desenvolveu a maior parte do jogo em horários livres. “Fiz muito no meu tempo livre, nos finais de semana, à noite, fora do horário comercial. Então foi conciliar isso com a minha agenda. É um trabalho assim extra, então foi um grande desafio”.

O maior obstáculo, no entanto, está na produção. Segundo ele, os jogos de tabuleiro normalmente só são viáveis em grandes tiragens, o que dificulta a fabricação em pequena escala. “É difícil encontrar uma gráfica ou empresa que produz em pequena quantidade. Normalmente só aceitam a partir de mil ou três mil unidades, para ter um valor competitivo”, explicou.

Arquivo pessoal

Ele apontou que essa diferença de escala faz com que os grandes títulos disponíveis no mercado tenham preços mais baixos. “Marcas renomadas chegam a produzir 100 mil ou 200 mil unidades por ano, o que reduz muito o custo. No meu caso, preciso buscar um preço que não seja barato, mas que caiba no bolso das pessoas, considerando que é algo único e especial, quase artesanal”, afirmou.

Peterson detalhou que cada parte do jogo é produzida separadamente, o baralho em uma empresa, o tabuleiro em outra, a caixa em outra e os peões em outra. Depois, ele mesmo reúne tudo, faz a montagem manual e embala cada unidade. “O desafio é produtivo e logístico. Eu recebo todos os itens e monto manualmente um por um para entregar”, completou.

Como adquirir o Joingame?

O Joingame já está disponível para compra. Atualmente, as vendas acontecem pelo Mercado Livre e também por meio do perfil no Instagram (@joingamejogo). “A pessoa entra no Instagram, clica no link e já é direcionada para um chat para adquirir o jogo. No momento, estamos entregando em toda Joinville com frete grátis”, explicou Peterson.

Além da cidade, o jogo já chegou a outras regiões do Brasil. Peterson contou que enviou unidades para Balneário Camboriú, Florianópolis, Curitiba e até São Paulo. “A recepção está bem boa, as pessoas estão gostando”, informa. Segundo o criador, mais de 100 unidades já foram vendidas, e cada jogo acaba alcançando mais pessoas. “É um jogo colaborativo, então cada cliente acaba impactando outras pessoas, porque as pessoas jogam entre amigos”, comentou.

Arquivo pessoal

Peterson destaca que a identificação com as perguntas é um dos pontos que mais chama atenção, com muitos jogadores relatando lembranças pessoais ao se depararem com as curiosidades. “Muitas pessoas me dizem que uma pergunta fez lembrar de um momento da vida, de uma situação que viveram. Está bem interessante, existe um fator de nostalgia”, destacou.

Para ele, o Joingame também amplia o conhecimento sobre a cidade. “Apesar de vivermos aqui, muita coisa sobre Joinville a gente não sabe. Então o jogo faz isso, faz você conhecer coisas novas e gerar debates”, menciona. Ele também destaca o fato de aproximar famílias e amigos em torno de algo que nunca tinha sido feito: jogar um jogo sobre a história de Joinville.

Arquivo pessoal

Joingame nas escolas

Peterson também vê potencial para que o Joingame seja usado em ambientes escolares e projetos educativos. “Desde o início do desenvolvimento do jogo eu já pensava muito nisso. Existe esse interesse da minha parte de ser um produto educativo, que faça parte das atividades de alguma escola ou escolas de Joinville”, afirmou.

Na visão do criador, o tabuleiro pode ajudar a trabalhar conteúdos relacionados à cidade de maneira mais lúdica. “Dá para trabalhar temas municipais, políticos, de cultura, comportamento e cotidiano em sala de aula de forma divertida, que integre os alunos”, explicou.

“Existe sem dúvidas esse interesse, mas no caso, como eu não sou da área da educação, não sou professor, eu preciso ainda ter mais tempo para desenvolver e me conectar com pessoas que auxiliem nesse sentido para que seja um produto coerente com a grade curricular”, completou.

Arquivo pessoal

Expansão do jogo

Entre os próximos planos, Peterson já pensa em expandir o Joingame para além de Joinville. Uma das ideias é criar uma versão voltada a São Francisco do Sul, cidade pela qual tem grande carinho. “Desde pequeno eu vou para lá todo ano. É uma cidade que eu tenho muito carinho e que Joinville também tem muito carinho. Então existe a ideia de fazer uma edição especial sobre a cidade”, contou.

Além disso, ele considera desenvolver versões temáticas do jogo, explorando áreas específicas. “Poderia ter uma versão só sobre esportes, outra sobre educação, ou até perguntas relacionadas a bairros, algo mais de geolocalização”, exemplificou.

O objetivo principal, porém, é consolidar o Joingame em Joinville, fortalecendo o produto e ampliando o alcance. Para o futuro, Peterson planeja transformar a marca em uma linha de jogos. A ideia é que o Joingame se consolide e não seja apenas um jogo, mas uma marca. “Quem sabe criar outros formatos, como um baralho, um jogo de adivinhações ou até um jogo de desenho com quadro. São muitas ideias, mas o objetivo primordial é tornar o Joingame conhecido e engajar as pessoas, criando uma troca de conhecimento”, explicou.

Arquivo pessoal

“Joingame busca fortalecer a cultura de Joinville”

O criador destacou que o Joingame tem como propósito fortalecer a pluralidade cultural de Joinville. Para ele, a cidade muitas vezes é associada apenas a uma comunidade ou tradição, mas sua história é muito mais diversa.

“A ideia do jogo é trazer esse entendimento de que somos uma cidade plural, multifacetada, multicultural, mostrar todas as caras de Joinville, desde a cultura alemã até a dos povos originários, da comunidade preta local e das mulheres que marcaram nossa história. É um jogo que busca ter essa visão ampla da cidade e não apenas reforçar estereótipos focando em uma coisa só”, finalizou.

Arquivo pessoal

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