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Conheça joinvilense que participou de todas as edições do Festival de Dança

Margit Gern Olsen teve diversas funções no festival ao longo dos anos

Margit Gern Olsen atua há 40 anos na cena cultural catarinense. Vivenciou diversos momentos relevantes para o desenvolvimento de manifestações artísticas, dentre eles, um que mudaria a história da dança brasileira. Margit estava na sala da então diretora da Casa da Cultura de Joinville, Albertina Tuma, quando o diretor da Escola Municipal de Ballet da Casa da Cultura da época, Carlos Tafur, entrou e sugeriu a criação de um festival. “O Carlos era professor de dança e, naquela época, já havia vários grupos de dança na cidade, mas eram poucas escolas. Ele queria inovar”, relembra.

Wanda Irene Gern, a mãe de Margit, já dançava Balé em 1928. “Tive uma grande influência dela. Ela me levada nos eventos e, por isso, comecei a apreciar a cultura desde criança. A dança foi e ainda é muito importante para mim”, conta. Após um período morando fora de Joinville, por volta dos anos 80, Margit retornou para o município e priorizou aprofundar-se no estudo de diferentes manifestações artísticas, entre elas a cerâmica.

Desde 1982, Margit já estava envolvida diretamente com o movimento cultural da cidade. Na reunião que marcou o surgimento da ideia de Joinville sediar uma festa da dança, Margit atuava como a primeira diretora da recém-criada Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew, cargo que desempenhou durante 15 anos. “Estive com a Albertina desde o primeiro momento, foi ela quem levou o festival para frente. Ela tem prazer e aptidão para concretizar feitos grandiosos e com excelência. Foi a mãe de tudo. O Carlos sugeriu um festival de Santa Catarina e ela respondeu: ‘a ideia é maravilhosa, mas nós não vamos fazer de Santa Catarina, vamos fazer do Brasil’”, fala.

O envolvimento de Margit com o festival começava naquele momento, sem data para encerrar-se: ela integrou a organização já no 1º Festival de Dança de Joinville, que, naquela época, era promovido pela Fundação Cultural de Joinville, Casa da Cultura e Escola Municipal de Ballet. “Após a reunião, a gente começou logo a trabalhar. Foi uma imensa expectativa. Já estava tudo organizado e confirmado, quando ocorreu uma enchente e o evento estava para acontecer. Ficamos com o receio que não viria ninguém e chegamos a cogitar o cancelamento, mas a Albertina decidiu realizar a programação com quem estivesse presente”, relembra.

O volume intenso de chuva afetou mais de 130 municípios, mas, mesmo com o cenário desafiador, de 10 a 15 de julho de 1983, a Sociedade Harmonia Lyra recebeu 40 grupos. Os 600 dançarinos participaram da programação didática, realizada desde a primeira edição, e disputaram as premiações como melhores participantes individuais, em grupo; melhor coreografia, melhor tema e melhor figurino. Os gêneros eram: Balé Clássico, Danças Folclóricas e Jazz, divididos nas categorias amador e profissional. A arrecadação da bilheteria teve destinação para amparar as vítimas das enchentes.

Margit estava presente na Harmonia Lyra e recorda: “Para a surpresa geral, veio bastante gente, muitos grupos de fora e bailarinas competentes, que integraram o júri”. Joinville, que na época tinha menos de 300 mil habitantes e uma rede hoteleira com menor quantidade de leitos, recebeu participantes de outros estados, como Minas Gerais, Paraná e São Paulo. “As famílias abriam as suas casas para alojar os bailarinos. Foi algo muito grande”, relembra.

Até a 16ª edição, em 1998, ano em que a casa do Festival passou a ser definitivamente o Centreventos Cau Hansen, Margit integrou a Comissão Organizadora, com responsabilidades em áreas como Assessoria, Coordenação Geral, Coordenação da Presidência da Comissão Central Organizadora, Finanças e Tesouraria. “O Centreventos foi a realização de um sonho e um verdadeiro milagre, pois foi construído em apenas oito meses. O Ivan Rodrigues já não era suficiente para o evento”, relembra. Nas 17ª e 18ª edições, Margit passou a acompanhar o festival de emoções a partir de outra posição, como diretora de Incentivo e Difusão Cultural da Fundação Cultural de Joinville, instituição da qual fez parte durante 12 anos.

“Quando o festival surgiu, era algo pequeno. Dali em diante, só cresceu e passou sempre por mãos competentes, como a da Albertina, nos primeiros anos, e do Edson Machado, como presidente da fundação”, relembra. “Chegou uma hora na qual vimos, na fundação, que o festival estava crescendo de uma maneira gigantesca. Percebemos então a necessidade da criação do Instituto Festival de Dança de Joinville, que é comandado atualmente pelo competente presidente Ely Diniz”, acrescenta.

Na 19ª edição, Margit retornou para a organização do evento como conselheira do Instituto Festival de Dança de Joinville, função que ainda desempenha até os dias atuais. Além disso, há 14 anos, integra a equipe de gestão da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, atuando na área de Relações Institucionais.

Margit classifica como maravilhosa a experiência de ter sido uma testemunha do evento ao longo de suas quatro décadas e ter convivido com ícones, como Ana Botafogo, Cecília Kerche e Nora Esteves. “Acompanhar o festival tornou a minha vida mais prazerosa e alegre. Foram tantos momentos. Cada dia era uma nova emoção. Cada edição tinha apresentações belíssimas. Hoje é esse grandioso evento, que chega aos 40 anos como o único do mundo com esse porte. Você se sente realizada por fazer parte disso”, avalia.

Para o 40º Festival de Dança, previsto para ocorrer de 17 a 29 de julho, a intenção de Margit é não perder nada do que acontece no palco do Centreventos. “Neste ano, espero acompanhar como faço sempre, desde 1983: todos os dias e todas as noites. É um hábito sagrado. Espero que esta edição seja uma glória para todos, pois merece ser, mais uma vez, um grandioso espetáculo”, acrescenta. As memórias deste ano devem se somar ao arquivo pessoal que a conselheira mantém desde os anos 80, composto por itens como crachás, peças de divulgações, documentos e autógrafos. “É essa memória que te sustenta. E cultura é vida, te faz feliz”, avalia. Os materiais organizados e mantidos ao longo de 40 anos devem servir de subsídios para a biografia que Margit prepara, na qual planeja compartilhar com o público a sua visão do desenvolvimento cultural em Santa Catarina.

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