Crédito: Yasmim Eble/O Município Joinville

Yasmim Eble
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Os animais de estimação são companheiros fiéis de milhares de famílias joinvilenses e é por esse amor que muitos se doam a causa animal. Essa é a realidade de Liliane Lovato, moradora de Joinville e presidente da Frente de Ação pelos Direitos Animais (Frada) há mais de dez anos.

Liliane é uma das mulheres que fazem a diferença em Joinville, com seu trabalho voluntário pela causa animal. Sua paixão pelos bichos, no entanto, é antiga e começou na infância. “É só olhar as minhas fotos de bebê ou da minha mãe grávida, sempre tinha algum gato perto de mim”, conta. 

Mesmo crescendo rodeada de animais, Liliane diz que apenas começou a se conscientizar sobre o tratamento que os animais de estimação recebem quando se envolveu com a causa. “Nós não conseguimos enxergar os comportamentos errados quando não temos contato direto com a causa, há muitas coisas que eram comuns antes que agora eu sei que são erradas”, relata.

Liliane é presidente da Frada há dez anos | Foto: Yasmim Eble/O Município Joinville

A moradora de Joinville, dona de seis gatos e um cachorro, começou a entender o quanto a causa animal requer atenção e conhecimento quando teve o primeiros contatos com o movimento. Anos atrás, por exemplo, castrar não era uma prioridade ao adotar uma animal. “Era comum deixar um animal preso em uma coleira, com espaço restrito. Hoje não é permitido”, explica.

Ela é natural de Maringá, no Paraná. No entanto, vive em Joinville há 28 anos. Foi em 2010 que Liliane começou a atuar na Frada. A entidade surgiu um ano antes, por um grupo de protetores, após uma pauta envolvendo a criação de um Centro Zoonoses. “No centro, eles iam capturar os animais e após dez dias, se ninguém fosse os buscar, aquele animal ia sofrer eutanásia”, explica a cuidadora. 

A luta para conscientizar

Desde 2010, Liliane vem lutando para conscientizar e educar as pessoas ao seu redor sobre os animais. “Quando você entra em contato com essa realidade, você começa a enxergar atitudes comuns de outra forma”, conta a presidente. 

Anteriormente, por exemplo, ver filhotes na vitrine de pet shops era algo bom para Liliane. No entanto, segundo a protetora, quando se descobre a situação por trás daquilo, o olhar muda. 

“Quando se conhece, você entende que os animais nesses casos são tratados como objetos. Que há um criadouro de fundo de quintal, que será utilizado matrizes (cadelas utilizadas para procriar). Então isso deixa de ser bonito e se torna algo para se lutar contra”, pontua. 

Liliane e dois filhotes resgatados em 2021. | Crédito: Arquivo Pessoal

Outra questão que preocupa a protetora é a visão deturpada que as pessoas têm de ONGs em prol da causa animal. “As pessoas pensam que somos depósitos de animais, como se devêssemos pegar de volta um animal porque eles não querem mais”, conta.

Por conta disso a Frada não trabalha como abrigo e sim com lares temporários. Para que os animais possam ter a chance de conseguir novas casas e famílias que possam dar todo o amor e apoio possível.  “Nós lutamos para que os animais sejam castrados e para que caso adotem, que seja com responsabilidade”, acrescenta. 

Desafios

Após tantos anos, Liliane entende que as pessoas não querem saber para onde aquele animal foi ou o que aconteceu com ele quando acionam a ONG. “A sociedade tem a visão de que somos responsáveis por pegar aquele animal que a pessoa não quer mais ver na frente dela”, diz. 

Liliane relatou que muitas pessoas vêm até a ONG para deixar os animais por conta da mudança, falta de adaptação, gravidez ou separações. “Qualquer problema as pessoas não querem mais o animal. E fica complicado colocá-lo para a adoção novamente, principalmente quando se passa mais de seis meses ou um ano”, explica. 

Um animal necessita de um planejamento, principalmente estar incluindo em todas as mudanças que acontecerem na vida do dono. Os donos devem ter consciência de que é uma vida que estará ao seu lado por, pelo menos, 15 anos.  

Em uma ação, em 2021, para o resgate de um coelho. | Crédito: Arquivo pessoal

Por conta disso, Liliane gosta de estar presente nas denúncias, mesmo que nem sempre consiga. “Eu gosto de estar ali conversando com as pessoas, instruindo e orientando. Às vezes, o animal está na corrente, mas só falta informação para o cuidador”, relata Liliane.

Em um desses casos, a partir do momento que ela explicou a lei, a pessoa mudou seu pensamento. Para ela, é importante ver essa melhora e mudança.

A atuação da Frada

Atualmente, a Frada paga cerca de R$ 1,5 mil por mês com hotéis para cachorros e busca por voluntários para lares temporários para cada animal resgatado. Ao todo, a frente de ação, apenas em 2021, resgatou quase 300 gatos e quase 200 cachorros em situação de maus-tratos e abandono.

Os momentos de mais ajuda são quando há resgates de animais de raça. “Por exemplo, tivemos um resgate de uma pit bull e mais oito filhotes, recebemos ajuda de todos os lados e muitos pedidos de adoção”, relata. 

Por conta do histórico, para adotar os animais resgatados é necessário ter casa própria, condições para manter um ambiente saudável e com boa ração, além de conseguir arcar com os gastos com veterinário. “Infelizmente muitas pessoas não planejam mudanças em conjunto com o animal, por isso resolvemos estabelecer algumas regras”, explica. 

Em mais de uma década, Liliane já viu situações se repetirem. Outro ponto analisado é se a pessoa tem muros em casas e telas em apartamentos. “Queremos que os animais tenham o máximo de segurança e de bem-estar em seus novos lares”, completa. 

Ação realizada em 2021 pela Frada. | Crédito: Arquivo Pessoal

A atuação da Frada também está ligada a ensinar crianças e adolescentes há, desde cedo, cuidarem de seus animais e entenderem a causa. Para Liliane, as crianças são o melhor caminho para a conscientização. Palestras, encontros e atividades são realizadas pela frente de ação. 

“Em alguns colégios, após as palestras, crianças se mobilizaram para arrecadar ração e doar para instituições e pessoas próximas. É incrível ver o trabalho fazendo efeito”, relata Liliane. As crianças tiveram a responsabilidade de ir até o local, conversar e entender a situação das instituições auxiliadas. 

“É assim que conseguimos trazer esse amor pela causa e criar seres humanos mais preparados para entender os animais”, conta. 

Como ajudar? 

Mesmo com doações, a Frada necessita de dinheiro para pagar clínicas veterinárias e hotel para animais abandonados, quando não se tem lares temporários. As formas de ajudar são por meio de doações de R$ 10 pelo Picpay, @frada.joinville, PIX, CNPJ 12.282.452/0001-92, ou por transferência bancária.

Associação Frada
Sicoob
Banco Número: 756
Agência: 3039
Conta: 314 440-2
CNPJ: 12.282.452/0001-92