Conheça o Regional do Mello, clássico grupo que mantém tradição do chorinho em Joinville
Músicos resgatam o melhor do chorinho, seresta e MPB brasileiro
Músicos resgatam o melhor do chorinho, seresta e MPB brasileiro
Em duas quintas-feiras por mês os funcionários do Bar do Ivan sabem que a casa vai encher. Dezenas de pessoas, de todas as idades, se apertam dentro do salão e ocupam toda a calçada do trecho da rua São Paulo e Alexandre Schlemm para apreciar o Regional do Mello. O grupo é um clássico de Joinville, pois há mais de 20 anos toca a mais alta qualidade do chorinho, seresta e MPB.
Sempre uniformizados, os seis músicos levam a bagagem musical e de amizade para cada show. Sem qualquer ensaio, o Regional do Mello emociona aqueles apaixonados pela música brasileira com os improvisos regados de conexão entre os amigos.
Segundo Renato, do violão sete cordas, não há repertório programado. “Nós não ensaiamos, nós tocamos juntos há muito tempo, é uma coisa bem intuitiva”, explica. Além de Renato, o Regional do Mello é composto pelo bandolim do Gauchinho, o cavaquinho do Luizinho, o pandeiro de Sandro, o acordeão do Mello e a voz de Rafaela.
Antes de se tornar Regional do Mello, o grupo teve outras formações e nomes. De acordo com Renato, o primeiro grupo tocava no Juca Alemão. Foi lá que o Mello conheceu o pessoal e começou a visitar periodicamente os novos amigos.
Conforme Renato, um dos falecidos membros da formação falou com a administração do Mercado Municipal e começaram a tocar perto da peixaria. Foram 18 anos de chorinho aos sábados.
Com o apoio do Mello, que também é um empresário da indústria, conseguiram mudar o palco do mercado de lugar e a reforma banheiros. A partir disso, o “Entre Amigos” marcou presença com alta qualidade musical e talento de cada membro do grupo.
Além de fazer parte do grupo e patrocinar melhorias no mercado, Mello também ajudava a pagar os cachês. Para Renato, ele é um promotor cultural apaixonado pela música brasileira.
Mello conta que o grupo ficou de fora do Mercado Municipal na última licitação e teve que parar as atividades. Mas há cerca de um ano e meio, decidiu retomar a equipe. Ligou para Renato, chamou Rafaela e Sandro e passaram a frequentar o Bar do Ivan às quintas-feiras.
Agora com o nome “Regional do Mello”, o grupo arrasta pessoas de todas as idades para o bar.
Além da música boa, o grupo se destaca pelos uniformes, herança da formação que tocava no Mercado Municipal. “O regional tecnicamente significa encontro regional, conjunto regional. Normalmente os conjuntos regionais tocam uniformizados, é melhor, dá uma aparência melhor, sempre arrumadinho, ninguém vai de bermuda ou de chinelo”, explica Renato.
Embora tenha começado a tocar após os 20 anos, Renato é músico profissional, com trabalhos gravados na Europa, sete discos gravados no Brasil e outras bandas. Já Mello começou mais cedo, por volta dos 12 anos.
Na época, ele ainda morava no Rio Grande do Sul, onde tocava em bares e casas noturnas desde os 14 anos. Foi do acordeão ao vibrafone até chegar em Joinville para abrir uma empresa. Hoje ele encara o Regional do Mello como parte da própria vida. “Uma espécie de uma ressurreição”, conta.
Enio Bandeira, conhecido como “Gauchinho”, não lembra da vida sem música. Aprendeu a tocar com os tios e nunca mais largou. “Eu já nasci músico, a música me escolheu”, diz Gauchinho. Para ele, o Regional do Mello é mais que um grupo, mas uma família.
Se um dia os tios o ensinaram a apreciar e fazer música, Gauchinho assumiu esse papel quando trouxe Luizinho para a equipe. Aos 13 anos, Luizinho começou a frequentar o Mercado Público e aprendeu a tocar cavaquinho com Enio. “Primeiramente significa muita música boa, grandes amigos e ótimos professores”, explica sobre o significado do Regional do Mello.
Novata no grupo, Renata Antonioli também frequentava o mercado para ouvir o “Entre amigos”. Como ainda não era cantora profissional, ela só apreciava de longe. “Eu não fazia parte, mas já admirava. É uma honra gigantesca participar, não tenho nem palavras para dizer”, conclui Rafaela.
O chorinho tocado pelo Regional do Mello pode ser considerado o primeiro estilo musical das cidades brasileiras, por volta do século XIX. Com diferentes raízes de influência africana, a marca mais expressiva do chorinho é a improvisação.
Também faz parte do repertório do grupo a seresta. Marcada principalmente pela musicalidade instrumental, a seresta é feita nos moldes das serenatas. “Nosso repertório é diferenciado, ninguém faz, nós somos o único grupo que toca de tudo, seresta, choro, bossa nova, MPB”, conta Renato.
O Regional do Mello faz sucesso, pois resgata a música instrumental brasileira, sem ensaios ou combinados. O conhecimento musical e a conexão de amigos é o que torna cada show emocionante.
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