Conheça as principais propostas de Ralf Zimmer, candidato a governador de Santa Catarina

Candidato concorre na eleição de 2022 pelo Partido Republicano da Ordem Social

Conheça as principais propostas de Ralf Zimmer, candidato a governador de Santa Catarina

Candidato concorre na eleição de 2022 pelo Partido Republicano da Ordem Social

Bernardo Gonçalves

O oitavo candidato ao governo do estado de Santa Catarina a dar entrevista ao grupo O Município – devido à ordem alfabética de nomes utilizados na urna – é Ralf Zimmer, do Partido Republicano da Ordem Social (Pros). Ele falou sobre educação, segurança pública, economia, infraestrutura viária e de qual forma pretende governar o estado.

Candidato pela primeira vez a governador, Ralf fez duras críticas ao governo do estado atual, falou sobre a polarização entre Lula e Bolsonaro e sobre ações para a cidade de Joinville.

Confira a entrevista na íntegra:

Qual a sua avaliação da educação no estado de Santa Catarina atualmente e qual proposta para melhorá-la?

A educação de Santa Catarina está abaixo do que dever ser. A gente percebe o empresariado reclamando que tem vagas de empregos, mas não tem pessoas qualificadas. Então isso naturalmente passa pela necessidade de readequar a educação e as necessidades do mercado de trabalho do estado. Também penso que devemos investir em atividades extracurriculares e esportes. Está no nosso plano de governo trazer de volta a competição sadia de matemática e oratória, com uma medalha honrosa aos vencedores. A medalha Norberto Ulysséa Ungaretti, em homenagem a um grande educador catarinense.

Isso porque a gente, desde a escola, cultiva o gosto pela disputa. Essa pedagogia de que todo mundo ganha em todo tempo, a meu ver, é equivocada. Não é assim que a vida funciona. As pessoas precisam ser treinadas desde cedo a se esforçarem, para ter recompensas nas suas ações. E é isso que a gente quer fazer com a escola do catarinense.

Segurança pública: Os índices em 2021 melhoraram muito em SC. Os casos de mortes violentas, roubos e furtos foram os menores da série histórica, desde 2008, segundo dados do Colegiado de Segurança Pública de SC. Mas o que fazer para melhorar ainda mais esses dados? Qual proposta para a segurança pública de SC?

Na realidade, a segurança pública no Brasil como um todo apresentou melhores índices. Isso é influência de dois fatores. A melhora na atuação da polícia nas fronteiras e a questão da própria pandemia da Covid-19, que fez com que a circulação das pessoas diminuísse e, consequentemente, a criminalidade. Está longe do ideal a segurança pública de Santa Catarina, com altíssimos casos de feminicídios e outros crimes, como o roubo, também continuam. Isso porque nós temos a menor proporção de policial por habitante no Brasil.

Por isso, precisamos criar mais vagas para que os policiais possam efetivamente fazer a proteção da sociedade, tanto na cidade quanto no campo. E também investir em inteligência. A Polícia Civil está sucateada. Há uma falta de inteligência e trabalho conjunto entre as polícias e há muito o que melhorar para proteger o nosso cidadão, sua liberdade e seu patrimônio.

Como melhorar a infraestrutura das rodovias estaduais de Santa Catarina?

As rodovias estaduais de Santa Catarina estão com o carimbo de incompetência do desgoverno atual, que abriu diversas licitações que se deram desertas, ou seja, foram arquivadas por falta de concorrência. Para melhorar esse quadro, passa por um corpo técnico atualizado, que se abram os procedimentos licitatórios em modo efetivamente competitivo, para termos interessados na iniciativa privada para realizar esses serviços, que é o recapeamento das nossas SCs.

Sobre infraestrutura, ainda é bom também lembrar que é preciso entrar no programa da União para a concessão de ferrovias, por meio de parcerias público-privadas, até para fomentar o transporte. Vai nos ajudar a preservar as rodovias que já se tem e também aquecer o transporte por uma via mais econômica.

Economia catarinense é destaque. Mas vemos muitas empresas deixarem o Estado. Qual proposta para fazer o caminho contrário?

Na realidade quem gera e produz emprego são os empreendedores. O estado apenas facilita ou dificulta o trabalho deles. Hoje, infelizmente, Santa Catarina dificulta. Para você atrair investidores, um dos principais pontos é a transparência da gestão pública. Ninguém quer ir para um local confuso, que hoje é o status de Santa Catarina nos últimos anos. Dois processos de impeachment, que afastaram o governador e depois ele voltou. Isso tem que acabar. Santa Catarina no ranking do Ministério Público Federal (MPF), no que tange a transparência, está na medíocre 12ª posição. Nós temos que fazer com que Santa Catarina seja o estado mais transparente sobre gestão pública no Brasil.

O catarinense, ou qualquer cidadão do mundo, tem o direito de entrar em site e acompanhar o fluxo de caixa do estado. Quanto de dinheiro está entrando, saindo, para onde está indo. Nós, aliás, vamos fazer isso. Isso atrai investimentos. Então nossa principal ação será resgatar a transparência no trato da gestão pública de Santa Catarina. E é uma proporção direta. O local, quanto mais transparente na questão pública, ele gera na iniciativa privada um sentimento de segurança para poder investir.

É novo na política. Foi candidato a deputado em 2018 e é suplente. Mas tenta o governo de SC. O que tem a oferecer ao estado?

Tenho a oferecer ao estado uma formação sólida, sou pós-graduado em gestão pública avançada. Tenho também experiência como defensor geral de Santa Catarina, entre 2016 e 2018, oportunidade que, com a minha equipe, reduzir o custo da defensoria pública e mais que dobrar o atendimento, sem contratar ninguém. O nome disso é eficiência. Reconhecer o valor dos servidores e membros, com uma política salarial decente. O nome disso é respeito.

Então, eu já tenho uma experiência vencedora na área da gestão pública, sei como fazer e estou mostrando isso no meu plano de governo, onde estão os problemas, o que deve ser feito e, sobre tudo, como e quando deve ser feito. Eu acredito que essa minha formação teórica e prática pode estar a serviço de Santa Catarina.

Você ganhou notoriedade em SC por ser o autor de um dos processos de impeachment de Moisés. Qual sua avaliação sobre o julgamento e sobre o governo atual?

Olha, o julgamento já é fato passado, né? A gente em uma democracia, gostando ou não, tem que respeitar. Olhando em retrospectiva, penso que não foi bom para Santa Catarina os impeachments, até pelos desdobramentos que tiveram. Coincidentemente ou não, mais de meio bilhão de verbas parlamentares não impositivas no final do ano passado enquanto faltam leitos de UTIs para as nossas crianças.

A minha avaliação não é nada pessoal, não tenho absolutamente nada contra a pessoa do Carlos Moisés, mas o governo dele está entre péssimo e horroroso. O estado rico, que arrecada como o nosso, não pode de nenhuma maneira ter crianças morrendo por falta de leitos de UTI como aconteceu recentemente. É uma tragédia anunciada. Desde 2018 e 2019 os médicos alertam sobre a necessidade de aumentar o número de leitos de UTIs neonatais e o que o governo do estado fez? Simplesmente não ouviu e a gente perdeu muitas vidas em Santa Catarina.

É trôpega demais essa gestão que está aí. A realidade é que, para acertar uma coisa, ela erra em três. Gasta e compra mal com o dinheiro público. Temos aí hoje um governo sem planejamento, despreparado, que saiu distribuindo dinheiro com o plano 1000. A receita do estado vai cair R$ 3,5 bilhões ano que vem, pelas reduções por determinação federal do ICMS da gasolina e comunicação, e o governo não fez caixa e foi imprudente. Distribuiu dinheiro a prefeitos sem critérios sólidos, tanto que o tribunal de contas nos deu razão no que tange a necessidade de estar no portal de transparência os empenhos, contratos, convênios dos municípios em relação ao plano 1000 e até hoje não foram. Então é um governo que deve muito a Santa Catarina nos últimos anos e eu estou disposto a colocar o estado nos trilhos do desenvolvimento.

Nacionalmente o Pros desistiu da candidatura e apoia Lula. Qual o seu posicionamento nesse sentido e sua visão da polarização Lula x Bolsonaro?

Olha, na realidade não é que desistiu. A justiça eleitoral não reconheceu a candidatura do Pablo Marçal. Com isso, o presidente do Partido, Eurípedes Gomes, alinhou-se a Luis Inácio Lula da Silva, já Marçal com Jair Bolsonaro. A polarização entre Bolsonaro e Lula é recente, mas a polarização em si não. Já houve outras anteriormente, um exemplo é nos Estados Unidos com os Republicanos contra os Democratas.

Não há um problema em relação a isso e demonstra que os outros candidatos não estão tendo a competência de se firmarem. Acaba tendo dois grandes grupos de maior destaque e, ao fim, com uma democracia sadia, quem vai escolher é a população, com cada cidadão tendo o direito do seu voto. A maioria ganha naturalmente. Então a polarização não faz mal a ninguém, mas a gente precisa continuar é no debate, não só de ideias, mas de projetos concretos. Eu, particularmente, não sou ligado a política ideologia de qualquer sentido, porque o que coloca comida na mesa e enche a barriga não é ideologia, é trabalho e emprego. Acredito que isso deve ser o debate e o foco da população.

Plano 1000. Plano municipalista, milionário e que aprovou obras em toda Santa Catarina. Qual a sua avaliação sobre e pretende continuar com ele?

Olha, o plano 1000 para mim não tem nada de municipalista. Esse negócio de mandar dinheiro a rodo para prefeito e dizer que é municipalismo, ainda mais em véspera de eleição, para mim tem outro nome, que é oportunismo. E não é nada contra os municípios, que precisam ter verbas, mas o que acontece é que foi feito a toque de caixa, em prejuízo a integração regional e em prejuízo a saúde, onde faltam leitos de UTIs para nossas crianças. Então foi feito de forma desorganizada esse repasse. Eu entrei no tribunal de contas e pedi esses contratos, foi determinado ao governo colocar no portal da transparência, e até hoje não colocaram. Falta transparência nesses repasses. Não é que se eu ganhar eu vou cortar 100% ou deixar de falar com prefeito, mas vai haver um diálogo.

Ninguém tem segurança em questão financeira em Santa Catarina, independente de quem ganhe (a eleição), porque a projeção já de estudiosos que ano que vem já vamos ter menos R$ 5 bilhões de arrecadação. A minha ideia é trabalhar com tributação baixa, mas para isso precisa ter um governo organizado, enxuto, não como esse governo aí, que distribuiu recursos milionários aos municípios, em promessa de outra parcela ser paga mais para frente. E se não tiver caixa? Aí vai fazer como, vai pegar dinheiro da onde? Então todos os prefeitos têm que estar muito alerta, independente de quem ganhe a eleição, pois a probabilidade é que não tenha caixa para honrar o que foi prometido em véspera de eleição.

Com tudo, caso evidentemente eleito, eu quero manter uma relação estreita com os prefeitos, atender primeiramente ao que estado deve atender, como vagas de leitos de UTI para crianças e políticas de integração de cada região, e aí sim, em um terceiro momento ir diretamente aos municípios.

A Prefeitura de Joinville tem um gasto de R$ 18 milhões com folha de pagamento do Hospital São José e um dos pedidos é que esse custo seja arcado pelo governo do estado. Você é contra ou a favor essa ideia? Por que?

Sou a favor que o estado ajude a arcar com os custos da saúde de todos os municípios catarinenses, também voltada a essa questão que tanto aflige nossos irmãos joinvilenses. Temos que ver a viabilidade jurídica para saber se o estado pode realizar esse repasse. Joinville tem sofrido muito com as últimas gestões e, na verdade, não recebe o valor, carinho e retorno do governo do estado que merece. É uma área pujante, que deu sempre muito para Santa Catarina e historicamente recebeu muito pouco de volta.

Na nossa gestão, Joinville pode ter certeza que a saúde, os médicos, hospitais, crianças, idosos, mulheres, filhos, pais e famílias vão ser todos atendidos sim. Farei o possível e o impossível para ajudar nesta questão do pagamento da folha dos médicos do seu grande hospital.

Uma das principais demandas da região é a duplicação da SC-418. O governo do estado contratou uma empresa neste ano para elaborar o projeto executivo da obra. O prazo para a conclusão é de seis meses, a contar da ordem de serviço, que foi assinada no início de agosto. Como pretende garantir que o projeto saia do papel? Se eleito, você se compromete a contratar uma empresa para realizar a obra quando o projeto de execução for finalizado?

Sim. E se não finalizar o processo de forma contratada, entrar com as medidas judiciais para abrir um novo contrato e penalizar o contratante. Mas se for entregue esse projeto a tempo e modo, abrir os procedimentos licitatórios. Na contratação pública não é particular, que faz como quer. Tem todo um rito e isso necessita seriedade, transparência e competência, que a gente tem a oferecer para Santa Catarina e tirar essas obras do papel.

Joinville busca uma estadualização do Ceasa. A solução foi apresentada pela prefeitura e é defendida por vereadores da cidade, porém o pedido já foi negado pelo governo estadual. Você é contra ou a favor a estadualização da unidade do Ceasa em Joinville? Por que?

Tem que ver os fundamentos da negativa. Bem verdade que esse governo do estado não tem sido bom para Joinville. O governo Carlos Moisés não é um governo que gosta de Joinville, pelas suas ações que se vê a luz do dia. Então tem que ver essa questão juridicamente, se é viável. Tem que ver com a Procuradoria Geral Estado (PGE). Por vezes temos que lembrar a população que a competências municipais, estaduais e federais. E por vezes não é possível a transferência.

Por isso temos que ver as razões do porque foi evitada essa estadualização, para poder ter uma resposta para a população. Trabalho com clareza e sempre vou trabalho e hoje, infelizmente, não posso garantir se vai dar ou não para realizar a estadualização do Ceasa.

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