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Conheça tecnologia usada em Joinville que pode ajudar a reduzir perdas de água tratada

Software promete identificar com precisão locais para fiscalização de fraudes e desperdícios

A Companhia Águas de Joinville (CAJ) assinou um contrato por performance com a empresa Alssan para reduzir as perdas de água no sistema de distribuição da cidade e aumentar o volume faturado. Em 2022, 41,40% da água tratada em Joinville foi perdida, seja de forma comercial ou física.

Para alcançar a meta de 25% de perdas, estabelecida na portaria 490/2021 do governo federal, decorrente do Marco Regulatório do Saneamento Básico, a CAJ recorreu à Justiça para autorizar a contratação de empresas na modalidade de performance.

Fonte: Águas de Joinville | Gráfico: Isabel Lima / O Município Joinville

Contrato de performance

O contrato envolve substituição de hidrômetros, fiscalização, um censo cadastral, padronização de cavalete e um software para detecção de fraudes. Nessa modalidade, a remuneração só começa após o primeiro ano do negócio, depois da implementação das obras estruturais e o início do funcionamento do serviço.

O software de machine learning (aprendizado de máquina, em inglês) em questão foi contratado pela Alssan para prestar o serviço durante os cinco anos de duração do edital.

A SmartAcqua, software escolhido, já iniciou a operação em Joinville, através de um projeto piloto, que mapeou uma região da cidade através da análise do banco de dados da CAJ e ofereceu um diagnóstico prévio.

De acordo com Clarissa Campos de Sá, gerente do Centro de Inteligência em Operações da Companhia Águas de Joinville, a busca pela redução das perdas de água no processo de captação, tratamento e distribuição é tópico da CAJ desde a abertura da empresa. “Esse sempre foi um dos nossos principais desafios”.

“A partir de certo ponto as ações ficam mais difíceis”, ela explica. Clarissa conta que a CAJ buscou iniciativas no mercado e até em universidades locais, mas foi observado o uso cada vez maior de tecnologias avançadas para alcançar as metas de redução.

A gerente conta que as empresas que não se adequarem até 2030, não receberão mais os recursos da União.

Fonte: Águas de Joinville | Gráfico: Isabel Lima / O Município Joinville

Uso do software

“Quando a CAJ foi fundada em 2006, Joinville perdia 62,72% de água. Hoje ela perde 41,8% e onde eles querem chegar é 25%”, explica Hélio Samora, CEO da SmartAcqua. O software tem o objetivo de facilitar o alcance da meta, de forma que otimize a identificação dos pontos de desperdício.

Atualmente, quando há um vazamento, as equipes da CAJ precisam mapear toda uma região com um aparelho de escuta. O processo é manual, demorado e pode ser pouco assertivo.

Para investigar uma suspeita de fraude, as chamadas perdas comerciais, é ainda mais difícil. As equipes precisam fazer fiscalizações recorrentes e dependem da análise de dados manual. Ou seja, os funcionários da CAJ baixam planilhas com o histórico de consumo das mais de 160 mil ligações de água e buscam irregularidades.

O software serve justamente para fazer as análises dos dados, calcular probabilidades e identificar com maior precisão os locais irregulares. Desta forma, as equipes da Águas de Joinville reduzem o volume de trabalho sem resultados práticos.

Hélio explica que na prova teste, a companhia pediu que o SmartAcqua analisasse mil ligações. “Dessas mil ligações, 231 precisavam de atenção. No final foram 141 visitas, onde encontraram bypass, hidrômetro danificado, deslocamento do cavalete, e até clientes que tem fonte alternativa de água.” Sem o software, o trabalho poderia demorar meses.

Funcionamento do software

Como toda inteligência artificial de machine learning, quanto mais tempo de funcionamento, maior a assertividade alcançada. A SmartAcqua pode trabalhar com uma base de dados pronta, mas também desenvolve um mapa de informações com passar do tempo. No caso de Joinville, a CAJ disponibilizou um histórico que permitiu a prova teste.

Captura de tela da apresentação sobre a SmartAcqua | Foto: Reprodução

“O software importa os dados de consumo e de produção, daí os algoritmos de matemática pura e avançada tentam entender quem são os consumidores e ruas que estão fora de padrão”, explica Hélio.

Quando o software passa a ser utilizado em uma cidade, a assertividade dele chega aos 60%. Até o fim do contrato, a SmartAcqua quer chegar em 90%.

“Quando ele [o software] recebe os dados, ele processa os dados e acha vazamento, faz uma análise econômica para ver onde é melhor começar o trabalho e gera as ordens de serviço, esses dados vão retroalimentar os dados de campo”, diz o CEO.

Toda informação é valiosa e serve para tornar a tecnologia mais inteligente e personalizada. Mesmo que o agente fiscalizador chegue no local e não identifique irregularidade, essa informação serve para tornar o software mais esperto.

Resultados esperados

O contrato de performance fechado com a Alssan tem um cronograma específico. De julho de 2022 a maio de 2023 acontece a etapa de estudos e execução. Depois são 12 meses de cálculo de resultados e funcionamento das tecnologias com pagamento variável, e os próximos 36 meses são de remuneração fixa.

Ao todo, são cinco anos de uso da SmartAcqua em Joinville. Além do software, a Alssan deve trocar quase 10% dos medidores da cidade, cerca de 15 mil, fazer adequação de 4,8 mil cavaletes, substituir 95 medidores de grandes consumidores e fazer 30 mil fiscalizações comerciais. O objetivo é encontrar quase 76 metros cúbicos (m³) de água desperdiçada por mês.

O contrato saiu no valor de R$ 8,690 milhões, com o software incluso, uma equipe que deve atuar com a CAJ na fiscalização das irregularidades e outros materiais necessários.

Está previsto também no edital que caso a contratada supere as metas estabelecidas, a remuneração será proporcional ao desempenho. Aliás, caso a contratada não apresente as metas mínimas após o período de implementação e execução, o contrato pode ser paralisado e a CAJ não vai precisar remunerar a Alssan pelo trabalho feito.

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