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Construção civil denuncia abusos no aumento de preços de materiais

Preço abusivo pode levar ao desemprego, aumento no custo das obras públicas, entre outros problemas, aponta setor

Preocupada com os abusos no aumento de preços dos materiais de construção durante a pandemia, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou duas pesquisas nos últimos meses para confirmar as causas e consequências dos reajustes. Agora, a indústria da construção civil no Brasil denuncia a prática e buscar alternativas.

O levantamento contou com a participação de associados do Sinduscon Joinville, que informaram a variação dos preços, o percentual e a data dos reajustes de materiais como cimento, bloco cerâmico, areia, brita, esquadrias, louças sanitárias, tintas, tubos e conexões, revestimentos cerâmicos, cabos elétricos, blocos de concretos entre outros itens.

Com base nas informações apuradas em todo o país, a CBIC entregou neste mês à Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade do Ministério da Economia um documento que comprova o aumento excessivo nos preços durante a pandemia e apresenta propostas para mitigar os efeitos na economia nacional.

Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, o reajuste é resultado da falta de oferta de produtos em quantidade suficiente para atender o mercado, uma vez que foi criado um desequilíbrio artificial por parte das empresas.

“Com a insegurança inicial causada pela pandemia, em março, foi gerado um falso desabastecimento, que foi sendo aproveitado pelos fornecedores para recuperar preços. Se não houver um choque de oferta urgente, a memória inflacionária irá criar um caminho sem volta”, avalia.

De acordo com o presidente do Sinduscon Joinville, Bruno Cauduro, é inadmissível que em um momento tão importante para a retomada da economia o setor esteja vivendo uma situação como essa.

“Justamente quando se espera que o mercado tenha ética e união para garantir emprego e renda, nos deparamos com práticas abusivas com efeitos negativos para toda a sociedade. O relatório da CBIC mostra as sérias consequências à economia”, comenta.

Os impactos a que Cauduro se refere incluem, segundo a Câmara Brasileira, o risco de desemprego, aumento no custo das obras públicas, dificuldades para viabilizar programas criados para impulsionar obras de infraestrutura e redução de lançamentos no último trimestre do ano. Outro reflexo deve ser o aumento do custo dos imóveis populares no país.

Para o vice-presidente da CBIC para a Região Sul, Marco Antonio Corsini, o posicionamento nacional do setor junto ao governo federal será fundamental para evitar que a escalada de preços continue da forma que tem sido vista.

“O setor da construção civil mostrou sua capacidade de enfrentamento da crise e sua resiliência diante da pandemia, com saldo positivo de empregos superior a 8,7 mil novas vagas de janeiro a julho deste ano no país, sendo cerca de 2 mil em Santa Catarina no mesmo período. Temos reunido esforços para reduzir os impactos da crise, mas essa questão do aumento excessivo dos materiais terá reflexos na geração de empregos e no ritmo das obras. Não podemos permitir esse revés”, analisa.


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