Corpus Christi não era feriado em Joinville até 1990: entenda por que a cidade celebrava outra data religiosa

Antes disso, a data religiosa celebrada na cidade era a Ascensão do Senhor

Corpus Christi não era feriado em Joinville até 1990: entenda por que a cidade celebrava outra data religiosa

Antes disso, a data religiosa celebrada na cidade era a Ascensão do Senhor

Marlos Glatz

Nesta quinta-feira, 19, é celebrado o Corpus Christi, mas o que nem todos joinvilenses sabem é que o feriado só entrou oficialmente no calendário da cidade em 1991. Antes disso, a data religiosa celebrada na cidade era outra: Ascensão do Senhor, comemorada 40 dias após a Páscoa.

A mudança tem raízes históricas e legislativas. Após o fim do Estado Novo, a Constituição de 1946 e a Lei Federal nº 605, de 5 de janeiro de 1949, passaram a regulamentar os feriados civis e religiosos no país. A lei estabelecia que os feriados civis seriam de responsabilidade federal, e os religiosos, definidos pelos municípios, respeitando as tradições locais — com o limite de sete datas por cidade.

Com base nessa legislação, a Câmara de Vereadores de Joinville aprovou, em junho de 1950, a Lei Municipal nº 197, que estabeleceu quatro feriados religiosos locais: 9 de março (aniversário da cidade), 2 de novembro (Finados), Sexta-feira Santa e a Ascensão de Nosso Senhor, data móvel e comum a diversas denominações cristãs, inclusive os luteranos.

De Ascensão do Senhor a Corpus Christi

Segundo Patrik Roger Pinheiro, historiador e coordenador do Memória Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ), essa escolha refletia o perfil religioso do município na época, que tinha a maior concentração de luteranos da América Latina. A inclusão de Corpus Christi, uma celebração católica, só viria décadas depois, com um projeto de lei apresentado pelo Executivo municipal em 1991, propondo a substituição da Ascensão do Senhor por Corpus Christi no calendário de feriados.

A proposta gerou controvérsia. Lideranças luteranas questionaram a mudança, já que a Ascensão era reconhecida por várias vertentes cristãs. Mas a justificativa oficial não era religiosa, e sim prática: alinhar Joinville ao calendário nacional, facilitando a operação de empresas e órgãos públicos estaduais e federais que já seguiam o feriado de Corpus Christi.

O então vereador Norival Silva argumentou que a diferença de datas causava transtornos para empresas que atuavam fora da cidade e para repartições públicas, que paravam enquanto Joinville seguia em expediente normal. O setor empresarial apoiou a mudança, entendendo que a cidade não podia seguir na contramão do restante do país. Com a aprovação do projeto em Joinville, Corpus Christi passou a fazer parte do calendário oficial.

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