Covid-19: criado por joinvilense, capacete de ventilação aprovado pela Anvisa apresenta resultados no tratamento
Criado por um joinvilense e batizado de Bolha de Respiração Individual Controlada (BRIC), o material impermeável e transparente, individual, descartável, com conexões respiratórias, serve de interface entre o paciente e o ventilador mecânico e foi aprovado pela Anvisa.
O equipamento já vinha sendo utilizado na Europa e nos Estados Unidos, e agora passou a ser desenvolvido e produzido em solo nacional pela empresa de tecnologia Roboris e lançado sob a marca LifeTech Engenharia. Já foram comercializadas 320 unidades do equipamento para hospitais brasileiros.
O uso da BRIC pode reduzir a inflamação pulmonar, melhorando a oxigenação e o esforço do paciente, prevenindo a intubação e evitando a ventilação mecânica invasiva com alto risco. Além disso, por ser um dispositivo vedado, diminui drasticamente as chances de contaminação dos profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à doença.
“Há muito tempo estávamos buscando implementar esta tecnologia em nosso país. A aceleração da manufatura deste dispositivo em resposta à pandemia poderá trazer um grande benefício de longo prazo para as UTIs brasileiras. Ponto para o Brasil e para a indústria nacional”, afirma o médico pneumologista Marcelo Amato, professor livre-docente da Universidade de São Paulo (USP).
O pneumologista, que também é supervisor científico da UTI Respiratória do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), testou o uso do capacete em três pacientes que, por conta da covid-19, apresentavam fibrose pulmonar em estado avançado. Ou seja, quando o tecido pulmonar é danificado pela infecção no pulmão, causa desconforto na respiração. Ele garante que foi possível reverter o quadro clínico desses pacientes com a utilização da BRIC.
“O uso do capacete nesta condição pode contribuir para remodelar a fibrose pulmonar que ainda não é definitiva, diminuindo o estresse mecânico sobre o pulmão, reduzindo a inflamação, e permitindo uma maior reabsorção de colágeno. Reduzimos assim a fibrose e nenhum paciente precisou ser intubado, eles voltaram a ficar independentes, sem uso de oxigênio suplementar”, salienta.
A utilização da BRIC foi estendida a pacientes internados com quadros graves de Covid-19 em hospitais de diversas localidades brasileiras. Mais de 300 pacientes já receberam o tratamento, aplicado em 31 hospitais diferentes nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo e Piauí.