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Covid-19: fila de espera na UTI passou de 23 para 57 pacientes em dois dias

Secretário da Saúde explica que médicos avaliam diversos fatores para decidir qual paciente deve ocupar um leito vago

Neste ano, Joinville vive uma nova fase da pandemia da Covid-19. Pela primeira vez, em um ano, há fila de pacientes para internação na terapia intensiva e ela aumenta a cada dia. Na terça-feira, 16, 23 pessoas aguardavam um leito na UTI. Em dois dias, o número subiu para 57 e se manteve nesta sexta-feira, 19.

Com uma ocupação de 96% das vagas, vários fatores definem qual paciente ocupará o leito vago. O secretário de Saúde, Jean Rodrigues da Silva, explica que a equipe médica avalia o quadro do infectado, tempo que está na fila e chances de recuperação, por exemplo.

Mas o que acontece com quem continua na espera? Estes, são atendidos em leitos semi-intensivos. De acordo com Silva, nenhum paciente morreu por falta de assistência na cidade.

Porém, até as vagas de enfermaria, que soma também os semi-intensivos, estão com uma taxa de ocupação alta, atualmente com 86%, mas que chegou a 91% na quinta-feira, 18. Por isso, na próxima semana serão instalados mais 20 leitos nesta área, afirma o secretário.

Nova variante

Silva explica que as internações e agravamento dos quadros acontecem em decorrência da variante brasileira da Covid, chamada de P1. “A variante mudou o perfil de internação e de óbitos”, explica. Agora, mais jovens têm tido infecções graves e até mesmo perdido a vida por conta do coronavírus.

“A gente teve um rapaz de 21 anos, que faleceu hoje (quinta-feira). Já tivemos de 26, 30”, conta. O paciente citado pelo secretário tinha leucemia e não resistiu às complicações causadas pelo vírus.

O primeiro caso de infecção pela P1 foi confirmado em Joinville no dia 11 de fevereiro. Um homem de 55 anos foi diagnosticado após uma viagem à Manaus (AM). Ele retornou para a cidade catarinense em 16 de janeiro, mesmo dia em que apresentou falta de ar e buscou atendimento na UPA Leste. Em seguida, foi encaminhado para internação no Hospital Bethesda. Após oito dias hospitalizado, teve alta em 25 de janeiro, com quadro estável.

Silva explica que o município não tem como protocolo fazer o sequenciamento genético do vírus, estudo que indica com qual cepa o paciente foi infectado. Por isso, não há como saber com precisão quantas pessoas já se contaminaram com a variante na cidade.

Porém, o secretário acredita que a variante já circula com força em Joinville desde o início de janeiro. Isso porque foi neste período que a Secretaria de Saúde percebeu a mudança no perfil de pacientes graves e o aumento de casos com complicações.

A nova cepa do coronavírus tem carga viral dez vezes maior que a “original”, sendo mais transmissível, segundo informações da Fiocruz. O médico infectologista Luiz Henrique de Melo explica que, quanto menor a carga viral, menor a intensidade da infecção.

Por isso, ele destaca a importância do uso de máscara e do distanciamento social, medidas que evitam o contágio e que, ainda que ele acontece, reduz a carga viral recebida, o que reflete no risco de internação, que também diminui.


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