Covid-19: médico afirma que sistema de saúde de Joinville pode entrar em colapso
Em julho, no primeiro pico da doença, 10% das pessoas afirmavam ir a bares. Hoje, o número chega a 60%
Um modelo epidemiológico, feito com base nos dados da taxa de transmissão do Covid-19 em Joinville, alerta para um avanço preocupante na ocupação dos leitos de UTI no município.
O médico Henrique Diegoli, responsável pelo Inquérito Epidemiológico da Covid-19, utilizou dados mais recentes sobre a transmissão da doença em Joinville para atualizar um modelo que já havia sido apresentado no mês de julho.
Henrique explica que o modelo não tem o objetivo de tentar acertar como vai ser o cenário nos próximos dias ou nas próximas semanas, e sim, mostrar como será o avanço da doença se a população não tomar os cuidados necessários.
“O objetivo principal do modelo é mostrar que, se continuarmos no ritmo que estamos hoje, ocorrerá um colapso do sistema de saúde”, afirma Diegoli.
Para ele, a situação chegará no limite se as pessoas continuarem a se relacionar com o mesmo número de indivíduos sem máscaras, continuarem saindo sem necessidade, fazendo as mesmas atividades que fazem hoje.
“Precisamos melhorar as medidas de distanciamento social para não concretizar o cenário apontado pelo modelo”, diz Diegoli.
O modelo também simula cenários com melhora e piora da taxa de transmissão. Se houver uma piora em 15% na taxa de transmissão da doença, a cidade precisaria de mais de 250 leitos de UTI nas próximas semanas.
Segundo o médico, mesmo com todos os recursos investidos em Joinville, não é possível a cidade ter esse número de leitos.
“Esse aumento ocorre de forma muito rápida, então a prevenção é extremamente necessária”, aponta.
A Secretaria da Saúde do município está preocupada com o avanço na piora dos indicadores de distanciamento social observados no Inquérito Epidemiológico da Covid-19.
Em julho, quando ocorreu o primeiro pico da doença, cerca de 10% das pessoas afirmaram estar saindo para bares, restaurantes, ou comércio fora o essencial. Nas últimas semanas esse número chegou a mais de 60%.
Diegoli chama atenção para o fato de que, mesmo que a pessoa consiga um leito de UTI, ela tem uma doença muito grave e com uma chance elevada de falecer.
“As pessoas que não precisam de leito de UTI também podem ter quadros bem complexos, bem ruins. Em alguns casos ficarem com sintomas de problemas respiratórios, perda do olfato, dificuldade de concentração, que podem se manter por tempo prolongado”, explica.
O médico afirma que ainda não é possível saber quais sequelas cada pessoa pode sofrer.
“Essa é uma doença que ninguém pode querer pegar, porque pode ter consequências graves para a sua saúde, mesmo sendo uma pessoa jovem”, finaliza.