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Da escolha à reprodução: como foi o processo de produção do Retratos da História Opa Bier

Historiador, fotógrafo e jornalista falam dos perrengues e alegrias vividas durante a produção das fotos

Para comemorar os 170 anos da história da cidade, o jornal O Município Joinville preparou o especial Retratos da História Opa Bier que mostra, por meio de um comparativo de fotos, o que mudou na cidade ao longo das décadas.

O primeiro trabalho realizado para que o especial tomasse forma foi o do historiador Maikon Jean Duarte, que ficou responsável por, dentro da proposta editorial sugerida, fazer a escolha de 24 imagens.

– Confira o especial Retratos da História Opa Bier, que compara fotos antigas com atuais no mesmo local e ângulo

Ele conta que sua seleção de fotos ficou limitada ao acervo já digitalizado de fotografia do Arquivo Histórico de Joinville que, por conta da pandemia, estava fechado e o impediu de ir até o local pesquisar as fotografias físicas e, caso precisasse, digitalizá-las. No total, Maikon empenhou 17 horas lendo o catálogo de fotografias e fazendo a escolha final das imagens.

“A parte mais complexa foi ir além das fotografias dos pontos tradicionais e de uma perspectiva dominante europeia. É de conhecimento a contribuição da população negra, como comprovamos em documentos e jornais do período da colônia até hoje. Mas quando assunto é fotografias disponíveis no Arquivo Histórico, ao menos as digitalizadas e dentro da abordagem editorial, é complicado de romper com o que foi construído como a ‘tradição da cidade'”, expõe.

Regiões escolhidas

Maikon explica que, no Arquivo Histórico, há muitas fotos disponíveis de regiões centrais da cidade, como prédios das ruas do Príncipe, 9 de Março e XV de Novembro, mas a dificuldade foi encontrar registros de locais mais afastados do Centro.

“Eu tentei pegar espaços tradicionais mesclando com os bairros da cidade, mas o acervo digitalizado, e provavelmente ao acervo físico também, está muito limitado a espaços centrais”, explica.

Sabrina Quariniri/O Município Joinville

Apesar das complexidades encontradas durante a pesquisa, o historiador conta que a atividade foi positiva, pois resgatou algumas memórias afetivas.

“Pesquisar em catálogo de fotografias é fácil se perder. Afinal de contas, uma imagem pode fazer parte das minhas memórias afetivas. Por isso, é um risco de ficar pensando nela. É isso que faz a pesquisa ser bacana e complexa ao mesmo tempo”, afirma o historiador, que também ficou responsável pelas legendas das fotos.

Produção das fotografias

Durante três dias, o fotógrafo Tiago Schumacher e a jornalista Sabrina Quariniri rodaram as ruas de Joinville, sob um sol de 30°C, para reproduzir as imagens dos mesmos locais e ângulos propostos. Inclusive, a temperatura foi uma das dificuldades citadas pelo profissional.

“Acredito que a maior diferença foi o clima, e Joinville é muito dinâmica. Em oito minutos vi o céu passar de temporal para sol. Fiquei pasmo”, brinca Schumacher.

O fotógrafo diz que não sentiu tanta dificuldade no trabalho realizado em Joinville, já que carrega na bagagem a experiência do especial feito pelo O Município Blumenau. Além disso, conta que o roteiro criado pela jornalista Sabrina ajudou a evitar deslocamentos desnecessários.

“Acho tão interessante explorar os detalhes que o tempo mudou. Particularmente, acho curioso o modo como aparecem ‘puxadinhos’ nas construções. Várias delas são modificadas com os anos, se tornam maiores, mas mantêm o estilo”, aponta.

Para Sabrina, a dificuldade inicial foi ter um olhar clínico para identificar os ângulos em que as fotos pudessem se encaixar para reproduzi-las de maneira mais próxima possível da original.

“No primeiro dia, o Tiago me apontava os pontos de referência dele nos prédios para fazer a foto e eu não entendia nada. Depois, eu mesma já estava identificando esses pontos. Digo com certeza que, a partir deste trabalho, nunca mais vou olhar construções antigas com os mesmos olhos”, diz.

Tiago Schumacher/Arquivo pessoal

Dificuldades técnicas

Uma das dificuldades técnicas destacadas por Tiago é a reprodução perfeita das fotos antigas. Isso acontece porque, anos atrás, as câmeras utilizavam filmes, lentes e formatos de sensores diferentes das atuais, de formato fullframe que corresponde a um sensor de 35 milímetros.

“Antigamente, os formatos eram muito maiores e isso interfere demais na perspectiva visual das fotos. Felizmente, temos o Photoshop, e através dele podemos ajustar a perspectiva para se adequar e encaixar perfeitamente à maioria das fotos”, explica.

Um dos problemas mais marcantes e que, com certeza, ficará para na memória, é que no segundo dia de produção, o drone que seria utilizado para reproduzir as fotos aéreas caiu, o que impediu que fossem feitas fotos de cima da cidade.

Outro fator que dificultou o trabalho, conta Sabrina, foi que muitos locais escolhidos pelo historiador estavam modificados, com árvores ou outras construções na frente, o que impediu o acesso para que a foto fosse tirada exatamente do mesmo ângulo.

Apesar disso, uma alegria foi compartilhada de forma unânime entre o fotógrafo e a jornalista: a hospitalidade dos moradores.

“Eles nos permitiram entrar em lojas, terrenos, abriram seus portões para podermos pegar a foto do ângulo ideal”, finaliza Tiago.


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