De pai para filhos: paixão pelos carros antigos une família
Hoje, Fernandes tem pelo menos dez veículos estacionados em casa. Um já é da pequena Amanda e outro do filho mais velho Raul
De pai para filhos: paixão pelos carros antigos une família
Hoje, Fernandes tem pelo menos dez veículos estacionados em casa. Um já é da pequena Amanda e outro do filho mais velho Raul
- Por Fernanda Silva
- 12/03/2020
- 11:00
O serralheiro Volnei Fernandes, 44 anos, possui pelo menos dez carros antigos estacionados em casa. Seu primeiro automóvel foi um Opala 71, conquistado aos 19. Na época, não sabia dirigir, mas o comprou mesmo assim e aprendeu sozinho. Inclusive, seu amor pelos automóveis já passou de pai para “filhos”.
“Está no sangue e daí já vai se apaixonando”, comenta Fernandes. Um Ford Deluxe de 80 anos já é da Amanda Fernandes, 10. Enquanto a pequena não pode dirigir, o pai a leva para curtir os eventos e encontros de carros antigos dentro do Fordão, como chamam o veículo.
O filho mais velho Raul Fernandes, 19, que já possui habilitação, ganhou do pai o fusca Toddynho, que carrega a marca da Route XV, oficina da família. “Continua com as marcas do tempo”, comenta sobre as ferrugens do fusca. A tintura é a original.
Hoje, Fernandes comanda o próprio negócio desde 2001, uma oficina de reboque, trailers, desmonte e remonte de carros antigos. O projeto do momento é transformar uma kombi em trailer e vender depois de finalizado. “Domino bastante a arte da metalurgia”, conta.
Típico de uma oficina, há ferramentas e utensílios pendurados por todas as paredes. Algumas peças de carros, como volantes, também fazem parte do ambiente. Porém, o que mais chama a atenção é o estilo vintage, placas de carros, moldes em fibra do frontal de kombis, adesivos de clubes e mais. Tudo lembra o estilo de vida de Fernandes.
Volnei pretende reformar e vender alguns de seus automóveis. “Sempre fui negociando e vendendo carro antigo, que para os outros eram uns carros velhos e eu, já gostando, fui adquirindo”, explica. Por isso, não se considera um colecionador. Apesar de amar os antigos e sempre ter alguns na garagem, ele não possui apego pelos veículos.
Apesar disso, Fernandes adotou para si um estilo: deixar as marcas das histórias e da vida do carro, conhecido como rat look ou também como cultura da ferrugem. “Tu olha as vezes e diz ‘meu Deus como esse carro anda’. Só que a mecânica dele é toda moderna já. Ela tá vestindo uma roupa antiga, mas com um corpo moderno.”
Para o serralheiro, é importante que o veículo tenha a mecânica atualizada, para que possa continuar rodando com segurança. Fernandes defende: “cuidado com o carro que tu tá botando a tua família.”
Dedicado à reforma, além da kombi que quer transformar em trailer, Fernandes também está trabalhando em uma Tiny House, ou Casa Sobre Rodas. Há quatro anos, ergueu uma para um amigo. Era um escritório, mas voltou para o serralheiro para ser alterada e passará a ser uma casa.
Em cima da caminhonete antiga, mas com a mecânica moderna, também está o começo da construção de uma dessas casas. O projeto terá sala, banheiro e quarto. Um caminhão antigo também passará por reforma. Vai ser utilizado para rebocar a casa sobre rodas e receberá uma quinta roda. “Com a mecânica nova, ele vai poder subir e descer a serra tranquilamente”, comenta.
Placas Pretas
Dos cerca 419 mil automóveis que circulam pelas ruas de Joinville, 496 deles fazer parte da categoria de coleção, segundo o Departamento de Trânsito de Santa Catarina (Detran-SC). No caso, esses veículos, que foram fabricados há mais de 30 anos, podem ter a famosa placa preta, que os identificam como item de coleção.
Porém, esse não é um objetivo do serralheiro, já que não se identifica como um colecionador. “Existe uma diferença bem grande entre placa preta e placa treta”, comenta rindo. Ele conta que muitos proprietários modificam o carro, tirando suas característica e, para ter uma placa preta isso não é permitido, acabam a comprando de forma ilegal.
Para conseguir uma placa de colecionador, o dono do automóvel deve participar de um clube de carros antigos que seja credenciado ao Detran. Além de ter 30 anos de fabricação, é exigido que 80% do carro seja original e que esteja em bom estado de conservação, além de outras exigências.
Eventos
Junto da família, o serralheiro participa de diversos eventos de carros antigos. Onde há encontro de kombis, fuscas, opalas e outros, Fernandes e a filha Amanda estão. Inclusive, já promoveram encontros em nome da marca Route XV.
Fernandes conta que esses eventos são feitos para as famílias e abertos para todo o público. As pessoas não precisam ser proprietárias de algum carro antigo, basta gostar do estilo, explica. Normalmente, há almoços ou praça de alimentação no local, além das exposições dos carros antigos, que chamam a atenção desde os pequenos até os mais velhos. No Facebook, por exemplo, há diversos eventos marcados para realizar esses encontros.
“Há um investimento muito grande, que chamam o cara até de louco ‘como que tu me paga 10 mil num carro desse, depois gasta mais 20 em cima’. Por causa da cultura e do gosto pessoal também”, defende Fernandes.