De Zeppelin a churrascada: relembre acontecimentos históricos na rua das Palmeiras, em Joinville
Construída no século 19, a alameda Brüstlein já foi palco de diversos acontecimentos que marcaram a cidade
Construída no século 19, a alameda Brüstlein já foi palco de diversos acontecimentos que marcaram a cidade
Construída no século 19 por ordem do então administrador Domínio Dona Francisca, Frédéric Brüstlein, a Alameda Brüstlein, conhecida popularmente como rua das Palmeiras, era um local tranquilo e aberto para a circulação de pessoas em Joinville. Porém, ao longo dos anos, ela já foi palco de diversos acontecimentos que fugiram da rotina e ficaram marcados na história da maior cidade de Santa Catarina.
A passagem do Graf Zeppelin LZ 127 foi um dos acontecimentos icônicos em Joinville e, por estar no Centro da cidade, a rua das Palmeiras foi o local onde diversas pessoas se reuniram para observar o dirigível alemão. O acontecimento, que ocorreu em 1º de julho de 1934, assustou grande parte delas, como conta o coordenador do arquivo histórico do município, Dilney Cunha. “Ele (Zeppelin) era gigantesco. As pessoas corriam para ver e, muitas delas, assustadas por nem saberem o que era aquilo”.
Em fotos da época, é possível confirmar a “correria” de diversos moradores enquanto ele passava por cima das palmeiras. Já em 1936, outro dirigível alemão, o LZ-129 Hindenburg, também passou pelos céus de Joinville e causou a mesma correria. O sobrevoo foi umas das últimas viagens da aeronave, que pegou fogo durante manobras de pouso nos Estados Unidos, em maio de 1937.
Segundo Dilney, tanto a passagem do Zeppelin quanto a do Hindenburg foram usadas estrategicamente pelos alemães. “Hitler usou como forma de propaganda. Por isso a rota de passagem contou com cidades com influências germânicas, como Joinville”, explica.
Outro momento marcante na rua foi a “hospedagem” das tropas de rebeldes federalistas que combatiam o governo republicano, liderado por Floriano Peixoto (1839-1895) durante a Revolução Federalista, guerra que aconteceu no Sul do Brasil. Iniciada no Rio Grande do Sul, a batalha se estendeu para os estados de Santa Catarina e Paraná e aconteceu entre 1893 e 1895.
Por conta disso, Joinville foi uma das rotas de passagem e abrigou as tropas, que eram comandadas por Umercindo Saraiva, em 10 de novembro de 1893. De acordo com Dilney, o cenário da rua mudou completamente. “Era aquela coisa meio caótica, com um monte de soldados passando por ali”.
Além da mudança, uma outra curiosidade da passagem pela cidade foi uma grande “churrascada” realizada pelos gaúchos, o que não era tradicional e de costume por conta do alto preço da carne à época. “Eles solicitaram bois para os colonos, abatidos para o consumo, e fizeram uma grande churrasco com aquela cara de domingo”, complementa.
Desde que foi construída, a rua das Palmeiras passou por mudanças importantes e uma delas foi uma intervenção urbanística. O fato aconteceu em 1973, quando foi ajardinada e transformada em um “boulevard”, ou seja, passou por jardinagem com o projeto do artista Juarez Machado, e teve a passagem de veículos proibida.
Conforme o historiador Diego Machado, Juarez imaginou como um “gigantesco tapete verde transformando a estreita rua em ampla praça, e, embora tenha contribuído para a proteção das palmeiras-imperiais, acabou se mostrando um entrave aos usos do lugar”.
Ainda de acordo com ele, por mais que o artista, na época, tivesse se pautado no lema de permissão de pisar na grama, ou seja, de que o lugar fosse de toda a liberdade das pessoas, o fato de Joinville ser uma cidade bastante chuvosa dificultou a adoção do costume de caminhar sobre o tapete verde formado entre as palmeiras-imperiais.
Tombada como Patrimônio Cultural do município de Joinville no dia 9 de março de 2005, a rua também passou por uma ação conjunta da prefeitura em 2012, que envolveu diversos órgãos de governo, para um novo projeto de requalificação.
Já a mudança mais recente foi realizada em maio deste ano, quando a Prefeitura de Joinville concluiu a remoção de seis exemplares de palmeiras. Conforme o órgão municipal, cinco árvores estavam mortas e uma estava com o tronco danificado, sem possibilidade de recuperação.
Após a retirada, as unidades de Desenvolvimento Rural e Praças, Parques e Arborização Pública anunciaram a implementação de um plano de manutenção da rua das Palmeiras. “Nos próximos seis meses, vamos trabalhar para que a remoção das raízes seja concluída. Mas a manutenção inicia logo após a remoção das árvores com a lavagem do espaço, troca das floreiras e corte da grama. Depois da análise da terra é que será definido sobre o replantio de novo exemplares”, informou Deivid Corrêa, gerente da Unidade de Praças Parques e Arborização Pública.
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