Dengue A, B, C ou D: entenda a diferença entre cada uma
Pacientes podem apresentar estado de alerta ou choque, o que pode acelerar o diagnóstico
A epidemia da dengue atingiu um marco histórico em Joinville no mês de abril, quando 20 mortes pela doença foram confirmadas apenas em 2024. Para entender os sintomas da dengue, o estado de alerta e de choque, além das variações entre a dengue A, B, C ou D, o Ministério da Saúde desenvolveu um material explicativo.
Para uma paciente ter suspeita de dengue, é comum apresentar febre e pelo menos mais dois sintomas como:
- Cefaleia (dor de cabeça);
- dor retroorbitária (dor no peito);
- exantema (erupção geralmente avermelhada na pele);
- prostração (cansaço intenso);
- mialgia (dor muscular);
- artralgia (dor nas articulações).
Alerta ou choque
Após identificar a suspeita da dengue, o próximo passo é entender se o paciente está em ALERTA ou CHOQUE. A maioria dos sinais precisa de um profissional da saúde para identificá-los.
Sinais de alerta
- Sonolência e/ou irritabilidade;
- diminuição da diurese;
- hipotermia;
- aumento repentino do hematócrito (hemácias no sangue);
- queda abrupta de plaquetas;
- desconforto respiratório;
- hipotensão postural e/ou lipotimia (queda de pressão);
- hepatomegalia dolorosa (aumento do lobo direito do fígado);
- sangramento de mucosas;
- hemorragias importantes (hematêmese e/ou melena);
- vômitos persistentes;
- dor abdominal intensa e contínua.
Sinais de choque
- Pulso rápido e fino;
- pressão arterial convergente (PA diferencial < 20 mmHg);
- enchimento capilar lento (> 2 segundos);
- hipotensão arterial (pressão baixa);
- choque
Dengue A e B
Caso o paciente não apresente os sinais de alerta ou choque, é possível que ele tenha dengue A ou B.
Dengue A
- Sem sangramento espontâneo ou induzido (prova do laço negativa);
- sem sinais de alarme;
- sem condição especial;
- sem risco social;
- sem comorbidades.
Neste caso, a orientação médica é iniciar hidratação intensa e contínua. O tratamento também pode ter uso de antitérmicos e analgésicos, sob prescrição médica.
Na dengue A, os sinais de alarme e o agravamento do quadro costumam ocorrer na fase de remissão da febre, sete dias após o contágio. Neste caso, o paciente deve voltar ao posto de saúde, pronto atendimento ou hospital.
Dengue B
- Com sangramento de pele espontâneo ou induzido (prova do laço +);
- ou condição clínica especial;
- ou risco social;
- ou comorbidades;
- sem sinal de alarme.
Nesses casos, a orientação é iniciar hidratação intensa e contínua. Além disso, um exame de sangue completo precisa ser realizado. Até o resultado do exame, o paciente deve ser tratado como se tivesse dengue A.
Caso os exames demonstrem que a quantidade de hemácias no sangue está normal, o paciente pode continuar com o tratamento da dengue A. Entretanto, se for identificado um aumento das hemácias, o paciente precisa ficar em observação constante, com a administração de hidratação intravenosa e oral por, pelo menos, 4 horas.
Após o tratamento, o paciente deve passar por uma nova bateria de exames. Caso não haja um novo aumento das hemácias, a hidratação e o tratamento podem continuar em casa. Se o paciente apresentar um novo aumento, ele passa a ser tratado com o protocolo da dengue C.
Dengue C e D
No caso da dengue C e D, o paciente tem que apresentar sinais de alarme ou choque.
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Dengue C
- Presença de algum sinal de alarme;
- manifestação hemorrágica presente ou ausente.
Neste caso, a hidratação oral intensa deve ser iniciada e o paciente precisa ficar internado por, pelo menos, 48 horas. Além disso, os seguintes exames devem ser realizados:
- hemograma completo, proteína, albumina e tipagem sanguínea; exame específico (sorologia/isolamento viral);
- e, caso necessário, gasometria, eletrólitos, transaminases, raio-x de tórax, ultrassonografia.
A cada duas horas o paciente deve ser reavaliado pela equipe médica. Após o período mínimo, o paciente deve melhorar e continuar sendo observado e medicado pelo centro médico. Para receber alta, o sangue deve ter estabilizado, não apresentar febre por 48 horas, melhora visível, plaquetas em elevação e ausência de sintomas respiratórios.
Neste caso, o paciente pode ir para casa e continuar os tratamentos no protocolo da dengue B. Caso o paciente não apresente melhora, ele pode passar a ser tratado como dengue D.
Dengue D
- Com sinais de choque;
- desconforto respiratório;
- hemorragia grave;
- disfunção grave de órgãos;
- manifestação hemorrágica presente ou ausente.
O paciente que apresentar os sintomas da dengue D vai direto para um leito de terapia intensiva, onde vai passar pelos mesmos exames do tipo C. Neste caso, a equipe médica faz uma reavaliação do quadro clínico a cada 15/20 minutos e os exames de sangue são repetidos a cada duas horas.
Caso melhore, o paciente passa a ser tratado como dengue tipo C. Mas se o corpo não responder de forma adequada, os médicos passam a investigar com mais detalhamento a condição sanguínea do paciente e aplicam tratamentos de acordo com o estágio da doença.
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