Deputado afirma que professores da educação infantil não querem voltar a trabalhar; entidades repudiam
Kennedy Nunes defendia retorno das creches particulares e denunciava centros clandestinos
Entidades profissionais publicaram notas de repúdio contra fala do deputado Kennedy Nunes (PSD) de que professores da educação infantil não teriam interesse na volta às aulas porque estão ganhando sem trabalhar.
Kenndy defendia em vídeo nas suas redes sociais a volta da educação infantil e denunciava creches clandestinas em Santa Catarina, quando afirmou que os profissionais não tinham interesse no retorno das aulas.
“É claro que é fácil para os educadores, que estão em casa ganhando sem perder nada. Eles não querem voltar a trabalhar, óbvio. Ainda mais podendo cuidar em casa de crianças e fazer uma boquinha”, disse no vídeo.
Na opinião do deputado há motivos e protocolos de segurança suficiente para permitir que os centros de educação infantil voltassem a funcionar e receber alunos. Para Kennedy Nunes, a existência de creches clandestinas seria a prova de que é possível o retorno.
Entidades repudiam
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej) considerou “descabida, descontextualizada, desrespeitosa e nociva” a fala do deputado e chamou de levianas as acusações de que servidores seriam responsáveis por creches clandestinas concorrendo com instituições particulares que estão impedidas de funcionar.
A entidade defende que a pandemia é questão de saúde pública e, que por isso, é responsabilidade do estado garantir as condições sanitárias necessárias ao retorno, e não uma decisão dos pais.
O Sinsej termina dizendo que os educadores são “valorosos, verdadeiros guerreiros. Sobrevivem à pressão, aos baixos salários, ao assédio moral, ao preconceito e aos ataques de pessoas que, como o senhor, não conhece as mazelas do dia a dia da sala de aula, da falta de condições de trabalho e da defasagem salarial histórica.”
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte-SC) também se posicionou e considerou a fala “extremamente agressiva” e um ataque aos profissionais.
A entidade diz que “a Educação Pública vem sendo alvo de uma irresponsável pressão no sentido de um retorno às aulas presenciais” e que ” a estrutura escolar que não comporta absolutamente nenhum item dos protocolos apresentados até aqui.”
A reportagem tentou diversos contatos por telefone e aplicativo de mensagem ao longo do dia com o deputado e sua assessoria, sem sucesso até o fechamento desta matéria.