Conheça a história do desembargador que preferiu se aposentar a deixar Joinville

A família possui três gerações de desembargadores. Depois de Oliveira, seu filho e neto também assumiram o cargo

Conheça a história do desembargador que preferiu se aposentar a deixar Joinville

A família possui três gerações de desembargadores. Depois de Oliveira, seu filho e neto também assumiram o cargo

Redação O Município Joinville

Joinville é uma cidade de imigrantes e migrantes. Todos os anos, recebe novos moradores. Alguns chegam para nunca mais sair. Foi o que aconteceu com um lageano, que chegou na cidade em 1957: o juiz Francisco José Rodrigues de Oliveira.

Desembargador Francisco José Rodrigues de Oliveira chegou a Joinville em 1957 | Foto: Arquivo

Em Joinville, Francisco encontrou a cidade que se tornaria um lar para toda sua família. Para não deixar os laços construídos aqui, meses após ser nomeado desembargador, solicitou sua aposentadoria.

Ele foi diretor do Fórum da comarca e teve um papel fundamental para a construção do prédio denominado Governador Ivo Silveira. Naquele período, as obras dependiam do Poder Executivo, Francisco buscou adesão junto ao prefeito, vereadores e deputados. E conseguiu! As obras iniciaram em 1967 e o prédio foi inaugurado em 1970 – dia também de sua nomeação como desembargador.

“Ele se empenhou muito por um Fórum a altura de Joinville, que passava por uma fase, como até hoje, de progresso”, recorda o filho, o desembargador Francisco José Rodrigues de Oliveira Filho, ex-presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (2008/2009) e pai do atual desembargador Francisco José Rodrigues de Oliveira Neto.

Filho (à esquerda) e Neto de Oliveira (à direita). Ambos também se tornaram desembargadores | Foto: Tribunal de Justiça de Santa Catarina/Divulgação e Sandra de Araújo

Mas, apesar da emoção de ser nomeado neste momento de conquista, Oliveira optou por não se mudar para a capital catarinense.

Atuação dentro do Fórum

Na época em que o pai foi juiz, a participação dos magistrados na vida comunitária costumava ser bem maior do que é hoje, conta o filho. Oliveira, por exemplo, foi incumbido pelo governador de colocar em funcionamento uma das primeiras escolas de nível médio locais.

Era o colégio Celso Ramos, já criado por lei, mas que ainda não estava em funcionamento. Por sua participação, o magistrado foi nomeado diretor e lecionou na escola por muitos anos.

No âmbito da educação, Oliveira Filho relembra a participação do pai como professor no Colégio Bom Jesus. Mais tarde, foi diretor do colégio da Associação Catarinense de Ensino (ACE).

Foi também durante o período em que Oliveira esteve à frente do fórum que se realizou o primeiro concurso para foro extrajudicial de Santa Catarina. Em 1967, os candidatos para trabalhar em atividades de tabelionato e cartório precisaram passar pela primeira edição do processo. Até então, esses serviços eram desenvolvidos por pessoas indicadas politicamente ou herdeiros, situação que voltou a se verificar anos após esse concurso pioneiro.

A seleção para o foro extrajudicial só foi restabelecida bem mais tarde, em cumprimento de decisão do Supremo Tribunal Federal, quando a presidência do Tribunal de Justiça de Santa Catarina estava a cargo do desembargador João Martins (1998-2000).

Três gerações

Avô, pai e filho. Três gerações da família Oliveira dedicadas à justiça catarinense. Oliveira Filho conta que não teve a oportunidade de trabalhar em Joinville, mas foi juiz em São Francisco do Sul e, posteriormente, em Joaçaba.

“Enquanto eu aguardava por Joinville, me inscrevi em Florianópolis e acabei sendo nomeado”, explica.

Já Francisco José Rodrigues de Oliveira Neto seguiu parte dos passos do avô. Ele foi juiz substituto no Fórum da cidade entre 1992 e 1994. Quando ingressou na magistratura, podia permanecer em Florianópolis, mas preferiu voltar a Joinville, substituindo o juiz titular. Oliveira Filho afirma que considera uma honra poder voltar a trabalhar pela cidade.

Assim como Oliveira pai, o filho e o neto além terem atuado como juízes e desembargadores, trabalharam com a educação, mas dessa vez nas universidades catarinenses.

“Nós somos ligados ao magistério pela herança do meu pai e das minhas avós”, destaca Oliveira Filho

Hoje, uma escola municipal, onde funciona o Centro de Atenção Integral à Criança e Adolescente (CAIC) e uma rua no bairro Boa Vista levam o nome de Desembargador Francisco José Rodrigues de Oliveira. O salão do tribunal do júri do atual Fórum Governador Ivo Silveira também recebeu o nome do antigo desembargador.

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