Dezembro Laranja: após tratamento, joinvilense se cura de câncer de pele agressivo
Edmar Germano Wessling foi diagnosticado com melanoma, tipo de câncer de pele considerado grave
Por Fernanda Silva
Aos 68 anos, Edmar Germano Wessling, morador de Joinville, descobriu um câncer de pele do tipo melanoma, considerado mais grave, após sentir coceira em uma pinta, na parte de trás do ombro. Desde então, passou por altos e baixos em um tratamento de quase dois anos até a cura da doença.
Filha de seu Edmar, Soraia Wessling da Cruz, 48 anos, recorda bem qual foi o primeiro sintoma sentido pelo pai, em novembro de 2015. “Ele dizia que parecia que tinha um bicho mordendo [a pinta] e começou a sangrar”, conta.
Incomodado, o aposentado procurou o posto de saúde, onde foi avaliado e encaminhado ao especialista. Em seguida, a pinta, do tamanho de um grão de arroz, foi retirada e enviada para biópsia. O resultado foi recebido pela família em dezembro de 2015, com o diagnóstico para câncer de pele melanoma. “Não desconfiava [do câncer]. Eu não acreditava, até começar a fazer o tratamento, daí que me dei conta”, lembra Edmar.
O médico Lucas Sant’Anna, do OncoCenter do Hospital Dona Helena, explica que o câncer de pele é dividido entre o não melanoma e o melanoma, sendo este último o mais grave. “Ele é extremamente agressivo, mas, na grande maioria dos casos, que identifica ainda na fase inicial, consegue curar. Mas ele tem grande chance de metástase”, conta.
E assim ocorreu com Edmar. Encaminhado ao Hospital São José, referência no tratamento oncológico na rede pública, o aposentado descobriu no primeiro trimestre de 2016 que o câncer já havia se espalhado para as glândulas mamárias. Soraia recorda com firmeza todos os passos dados pelo pai, a partir deste momento, rumo ao tratamento e cura do câncer.
Com a doença já na região da mama, foi necessária a retirada de linfonodos da axila. O procedimento acarretou em 12 dias de internação e vários pontos para cicatrização, lembra a filha.
Enquanto cânceres de pele menos agressivos costumam ser curados apenas com a cirurgia, o melanoma requer outros tratamentos como a retirada da pinta, quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia, a depender dos casos, explica o oncologista Lucas.
Para seu Edmar, o oncologista do Hospital São José indicou um tratamento alternativo, recorda Soraia, a imunoterapia que, segundo ele, seria mais eficaz que a quimio.
A partir daí começaram os altos e baixos no humor do pai, por conta dos efeitos colaterais da medicação, lembra a filha. “Foi um tratamento muito difícil com vários efeitos colaterais, náuseas, feridas na boca, depressão e problemas no fígado. Mas, como meu pai era uma pessoa saudável, conseguiu superar”, conta.
O período não foi fácil, segundo Soraia, mas a persistência foi o que levou Edmar a encarar a doença e os inconveniente do tratamento. Edmar conta que o processo foi importante, mas dolorido. Para ele, as primeiras semanas foram mais difíceis, até que se habitou com o tratamento. O cuidado integrativo em várias áreas da saúde também deram forças ao aposentado.
“Teve acompanhamento com nutricionista, psicólogo, mas o principal foi sua fé em Deus. E a Pitucha, a cachorrinha recém adotada, que foi importante para a parte psicológica, pois meu pai se apegou muito ela”, afirma.
Com pouco mais de um ano de tratamento medicamentoso, veio o resultado tão esperado: não foram detectadas novas células cancerígenas em seu Edmar. Ainda assim, Soraia lembra que o pai continua sendo acompanhado. “Agora, a cada seis meses ele faz os exames de sangue e de imagem. Já apareceram outras pintas, que foram retiradas, as que deram negativo para o câncer de pele”, comemora.
Desde então, Edmar não sentiu novos sintomas e os exames não apontam novas células cancerígenas. Hoje, a família compartilha a história com orgulho do caminho trilhado que, apesar de difícil, aguçou em seu Edmar a garra de viver. “Me sinto feliz”, afirma o aposentado.
Predominância
Homem branco, de olhos claros, seu Edmar trabalhou desde cedo na roça. Foram anos de exposição da pele ao sol, sem proteção, e que contribuíram para que, mais tarde, recebesse o diagnóstico de câncer, diz Soraia.
De fato, a cor da pele pode influenciar no aparecimento deste tipo de câncer, conta o oncologista. “Fator de risco: exposição prolongada ao sol, muitos casos [de câncer] na família e pele muito clara, como ruivos, albinos e loiros”, explica.
O médico lembra que o cuidado com os raios solares deve acompanhar o indivíduo durante toda sua vida. “Difícil crianças terem câncer de pele, justamente porque passaram poucos anos da vida expostas ao sol”, comenta. O mais comum é que a doença apareça a partir dos 50 anos.
Fique atento
Segundo o oncologista, o câncer de pele atinge com mais frequência a região do rosto, pescoço e braços por conta da exposição ao sol. Além disso, as células cancerígenas podem atingir feridas crônicas.
Por isso, Lucas orienta que a população sempre fique atenta aos sinais que apararem na pele. As pintas com células cancerígenas costumam crescer, podem sangrar e coçar, como foi o caso de seu Edmar. Também podem ser avermelhadas, com diferenças tons de marrom, apresentar casquinha e não cicatrizar, no caso de feridas.
O Instituto Nacional de Câncer (inca) apresenta em sua plataforma a do “ABCDE”, adotada internacionalmente, e que ajuda a identificar sinais sugestivos do tumor tipo melanoma:
- Assimetria: uma metade do sinal é diferente da outra;
- Bordas irregulares: contorno mal definido;
- Cor variável: presença de várias cores em uma mesma lesão (preta, castanha, branca, avermelhada ou azul);
- Diâmetro: maior que seis milímetros;
- Evolução: mudanças observadas em suas características, como tamanho, forma ou cor.
Dicas de prevenção
Por isso, o médico aconselha que o filtro solar seja usado diariamente. “Prevenção pode começar desde cedo, não por exposição única [ao sol], mas prolongada, ao longa da vida”, diz.
O oncologista também indica o uso de outros materiais de proteção como bonés e óculos escuros. Outro item que vem se tornando mais popular são as camisetas de banho com proteção aos raios solares, lembra.
Estas foram as mesmas recomendações recebidas por Edmar, mesmo após o diagnóstico. Os hábitos precisaram mudar. Agora, o aposentado procura não circular na rua em horário de pico dos raios solares, entre 10h e 16h. Além disso, sai de casa apenas se estiver com o protetor solar aplicado sobre a pele.