Dia dos Namorados: marido doa rim para esposa em Joinville
Lena foi internada neste Dia dos Namorados para começar o processo do transplante
Lena foi internada neste Dia dos Namorados para começar o processo do transplante
Neste Dia dos Namorados, Lena e Christian iniciam uma etapa muito esperada na vida do casal de Joinville. Após seis anos de diálises diárias, Lena vai finalmente realizar o transplante de rim, doado pelo marido e pai do filho Davi.
O transplante está marcado para 24 de junho no Hospital Municipal São José, mas Lena foi internada na Unimed nesta quarta-feira, 12, para iniciar a preparação. O sistema imunológico dela precisa ser enfraquecido antes de receber o novo órgão.
Nas redes sociais, ela relatou a trajetória dos dois e se declarou para Christian. “Hoje, Dia dos Namorados, tô aqui internada com esse homem que admiro tanto ao meu lado! Eu nunca imaginei ganhar um presente assim”, escreveu a paciente.
Lena e Christian, de 45 e 47 anos, são oradores e palestrantes. Eles se conheceram em 2005 enquanto trabalhavam em uma organização de formação de líderes. Se apaixonaram e começaram a namorar.
Alguns anos mais tarde, Lena engravidou. A gravidez foi de risco, já que ela tinha diabetes tipo 1 e desenvolveu pré-eclâmpsia, que é a pressão alta durante a gestação. Davi nasceu com sete meses e ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por mais de 40 dias.
O aguardado filho do casal recebeu alta, mas Lena descobriu que a vida não seria mais a mesma. Devido ao problema que teve durante a gravidez, os rins dela foram profundamente afetados.
“Ali lesionou meu rim e não teve volta, aos poucos fui perdendo as funções renais e hoje dependo 100% da diálise”, explica a mãe.
Na época, o casal foi informado de que ela precisaria começar diálises em no máximo cinco anos. A previsão foi certeira. Cinco anos após o nascimento de Davi, Lena começou as diálises peritoneais, que realiza em casa dormindo.
“Eu tenho um cateter na barriga, eu conecto a máquina que faz a diálise para mim”, conta Lena. “Poder fazer o tratamento em casa dormindo facilita de certa forma para a gente poder se locomover, poder viajar, levando a máquina, os equipamentos. Apesar de ser grande, a gente acaba conseguindo transportar”, relata Christian.
Desde o início das diálises, o casal foi informado de que Lena precisaria de um novo rim. O medo do procedimento fez com que eles adiassem a busca pelo doador, mas a hora chegou. A oradora já estava dependendo 100% da diálise. “Vai com medo mesmo”, repete Lena.
“É um processo de muito sofrimento porque você vai se debilitando muito. Eu tive pneumonia, água no pulmão, rotavírus e outros problemas. A máquina faz eu sobreviver, mas a doença vai tirando toda a sua qualidade de vida”, explica a paciente.
“A máquina por si só não entrega tudo que um rim faz pelo corpo humano, como a produção de sangue, enzimas e outras funções”, conta o marido. “[A máquina] acaba tirando muitas vezes minerais, vitaminas demais que não são necessários, é um processo de filtração mecânica”, complementa Christian.
Então começou a procura por um doador. Primeiro entrou na fila para receber por meio da doação de órgãos, mas não encontrava alguém compatível. Decidiram então buscar um doador vivo, que poderia ser mais fácil. Com a ajuda da Pró-Rim, que possibilitou todo o tratamento de Lena, familiares da mentora começaram a realizar exames.
Os resultados foram chegando, mas ninguém estava apto. Até que as primas de Lena decidiram tentar. Christian acompanhou a consulta médica e decidiu tentar também, só por desencargo, já que a probabilidade era mínima.
“Meu médico ligou e falou, ‘Lena, as duas primas não são compatíveis’”, recorda a paciente. “Elas são de primeiro grau, têm o mesmo sangue que eu, mesma idade, e aí eu fiquei arrasada”, relata Lena. Mas logo o médico deu a boa notícia, a procura tinha acabado, o marido dela é compatível.
Quando recebeu a notícia em junho de 2023, Lena ficou eufórica. “Não dá para acreditar, nós somos casados há 17 anos. O cara do meu lado é o cara que vai salvar a minha vida”, conta a oradora.
O ano seguinte foi de muitos exames para o casal. Lena precisou de intervenções de saúde até que a data foi marcada.
“Hoje eu me sinto honrado com essa oportunidade então de poder dar essa sobrevida, poder dar essa qualidade de vida pra nossa família como um todo”, confessa Christian. “É um grande gesto também para o nosso filho. Ele vendo toda essa doação, essa melhora da vida da mãe dele através de um ato de amor”, complementa o marido.
Christian será internado no dia 21 para realizar a doação. Ele deve ficar internado por alguns dias para se recuperar e voltar à ativa. Já Lena, ficará isolada por algumas semanas, até que o corpo aceite o novo órgão e ela possa voltar à rotina.
Lena carrega uma preocupação inevitável, pois sabe que toda cirurgia tem seus riscos, mas entende o ato do marido como um sinal de amor e de Deus. Já Christian está ansioso, ele faria a doação hoje mesmo se pudesse.
“Eu posso dizer que encontrei minha alma gêmea. Então realmente fico muito feliz e honrado com esse momento e poder desse gesto de amor e carinho”, o marido se declara.
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