Dois meses depois, Sepud avalia mudanças na Santos Dumont como positivas; motoristas reclamam
Trechos na zona Norte foram alterados no início de junho
Trechos na zona Norte foram alterados no início de junho
Dois meses após a conclusão das mudanças no trânsito da avenida Santos Dumont, Marcel Virmond, secretário da Sepud, avalia como positiva as interferências realizadas na região conhecida como rota das universidades.
No entanto, para alguns motoristas que passam pelo trecho, as alterações não foram bem apreciadas. Michel Eduardo Fukahori, 40 anos, é motorista de aplicativo e utiliza a rota diariamente, em diferentes horários. Ele classifica as mudanças como inadequadas quando se diz respeito à mobilidade urbana.
Michel é morador do bairro Aventureiro e argumenta que a rua Dona Francisca serve como funil para os trabalhadores da zona Sul acessarem a zona Industrial, por exemplo, assim como profissionais que moram na zona leste e norte utilizavam a Santos Dumont.
“Ou seja, perdeu-se uma das pistas de fluidez de todos esses bairros, daí o resultado de filas absurdas em todos os horários de entrada e saída do comércio, shopping, e troca de turno das empresas”, justifica.
Everton Camargo é morador do Bom Retiro e diz que utiliza a via todos os dias, por volta das 7h, horário de maior pico. Para ele, as modificações na Santos Dumont mais atrapalharam do que ajudaram o trânsito.
Camargo diz que os motoristas que vêm da Tenente são obrigados a passar em frente ao Garten, portanto, os que saem da Univille e da BR-101, por exemplo, precisam passar em frente ao shopping. Antes, ele cita que quem vinha da Tenente já caía diretamente na Santos Dumont sentido Centro, onde atualmente existe a pista mão dupla.
“Inventaram uma mão inglesa desnecessária, deixando somente duas vias para quem vem da Univille sentido centro. Agora tem que fazer toda aquela volta, está horrível. Tinha que fazer quem modificou passar todos os dias pelo local”, sugere.
De acordo com Virmond, no entanto, as medidas foram adotadas para equilibrar a acessibilidade viária da região, não necessariamente para agilizar o trânsito da Santos Dumont.
“A gente já calculava que haveria, em um dos sentidos, uma pequena redução da fluidez e, em outros, um ganho. Temos monitoramento feito in loco e eletrônico, pelo Waze. Na média da utilização da cidade, houve ganhos”, argumenta o secretário.
O secretário da Sepud cita que, anteriormente, o acesso à rotatória das universidades era possível ser realizado pela rua Tenente Antônio João ou pela rodovia Edgar Nelsom Meister. Contudo, a rodovia Edgar está em obras de duplicação e, consequentemente, sem sinalização.
Quando o projeto foi iniciado, conta, no começo do ano, a via não estava nem pavimentada e em diversos momentos o acesso àquela região por esta rodovia estava interrompido.
“Isso não gerava só congestionamento, mas gerava a impossibilidade das pessoas acessarem aquela região sem dar uma volta gigantesca, que é uma das solicitações que atendemos com esta mudança”, explica Virmond.
Ele afirma que a zona conta com cerca de 300 empresas diferentes e em torno de 3,5 mil alunos que frequentam as duas universidades localizadas no entorno, além da movimentação de moradores, que gerava acesso prejudicado.
O secretário aponta que, antes, o sentido de tráfego que vinha da rotatória em direção ao Centro da cidade era totalmente livre, tinha uma direita livre na Arno Dohler e só fechava o semáforo se tinha uma travessia de pedestres e continuava livre até o encontro das ruas Dona Francisca, João Colin, Blumenau e Santos Dumont.
“Todos os outros meios de acesso ou eram congestionados ou exigiam contornos de vários quilômetros. Portanto, o princípio da mudança foi esse, criamos uma alternativa a mais de acesso para região. E para criar esta alternativa, a gente colocou um tempo de semáforo na rua Santos Dumont, na esquina com a Arno Dohler. Tempo que antes era eventual, quando algum pedestre atravessava”, explica.
Virmond define as reclamações dos motoristas como “carnaval” e aponta que essa comoção é em função de motoristas que realizam o trajeto norte/sul terem saído de sua zona de conforto.
Ele afirma que a área conta com monitoramento de tempo de espera, das 7h às 7h30, durante horário de pico, e garante que nenhum motorista fica mais que quatro minutos para realizar o contorno. Para quem vai ao sentido contrário, segundo ele, ganha de dez a 15 minutos no trânsito.
O secretário critica quem reclama das alterações e assegura que os benefícios foram maiores que os malefícios, principalmente no que diz respeito à espera no trânsito. Ele ainda garante que foi ao local pessoalmente certificar-se que a demora é de apenas quatro minutos.
“Eu moro perto de um colégio, que dá um bolo de trânsito. Enquanto os pais estão querendo entrar no colégio para pegar seu filho, a cidade não existe. Se ele para no meio da rua, se a fila fica de um quilômetro atrás dele, ele não quer saber, está ali pra pegar o seu filho. Mas a hora que põe o filho dentro do carro, quer sair e tem uma fila, já mete a mão na buzina”, exemplifica.
Além de economizar tempo dos motoristas no trânsito, segundo o secretário da Sepud, as mudanças agradaram aos comerciantes da região.
Segundo ele, antes das obras, o movimento do shopping e das lojas era escasso no final da tarde, já que os condutores evitavam pegar congestionamento para ter acesso ao local.
“Os lojistas do shopping disseram ‘vocês são reis’, porque aumentou em 15% o movimento, já que no final da tarde tinha morrido”, pontua.
Virmond também cita que, em maio deste ano, antes das mudanças, a Santos Dumont ocupava o 48° lugar das vias mais congestionadas da cidade. Atualmente, ocupa o 66° lugar no ranking.
“Outro dado importante é que não teve nenhum acidente com vítima ou registro no Detrans. É um indicador importante para nós, porque tem pedestre, ciclista [que passam por ali]. Estamos satisfeitos. Nosso projeto é continuar a duplicação da Santos Dumont”, finaliza.