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Empresários do estado acreditam em mudança no perfil de consumo após pandemia

Setor produtivo prevê crescimento no comércio virtual e criação de novos modelos de negócios

Nesta quarta-feira, 20, lideranças empresariais de Santa Catarina se reuniram em uma conferência online para debater os rumos da economia pós-coronavírus. Os participantes afirmaram que a pandemia deve mudar o comportamento e consequentemente o perfil do consumidor, e que o setor produtivo precisa se reinventar para se adequar a estas mudanças.

Entre as principais característica dessa nova economia, estão o crescimento do comércio virtual e a valorização dos espaços residenciais. Com isso, toda a cadeia global de fornecimento pode ser alterada, gerando oportunidade para novos negócios.

“Deverá haver uma concentração de produtos caseiros, mais simplificados. O consumidor irá valorizar o seu espaço de convivência em sua própria casa. Na construção civil, os projetos arquitetônicos devem começar a contemplar espaços para home office. Já os espaços comerciais precisarão ser repensados, visto que a tendência é que as pessoas passem mais tempo em suas casas”, destacou o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina, Mario Cezar de Aguiar.

Com este crescimento do comércio virtual, os empresários defenderam modelos de associação entre pequenos e grandes negócios para fortalecer as empresas durante esse processo de adaptação.

“Empresas que já tinham ações digitais sairão mais rápido da crise. Entre as soluções para se adequar mais rapidamente, pequenas empresas que não tem plataformas de vendas digitais podem se associar com grandes empresas que já tem estruturadas essas plataformas para realizar vendas no e-commerce”, defendeu o superintendente do Sebrae/SC, Carlos Henrique Ramos da Fonseca.

Outro ponto defendido pelas lideranças empresariais foi a necessidade de mudança nas cadeias globais de suprimentos. Nesse cenário, a internacionalização e a exigência de novas demandas devem gerar oportunidades para alguns modelos de negócios surgirem ou até mesmo se reinventarem.

“As cadeias globais de suprimentos precisam ser repensadas. Não podemos depender apenas a China. Essa pode ser a oportunidade para algumas empresas catarinenses assumirem cadeias regionais de suprimentos”, ressaltou Fonseca.

“Muitas pessoas desempregadas estão se tornando MEIs para fazer entregas no e-commerce”, lembrou o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), Ari Rabaiolli.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio/SC), Bruno Breithaupt, propôs a utilização de mídias sociais como uma das possibilidades de reinvenção dos negócios relacionados ao turismo.

“Santa Catarina tem um ambiente muito fértil em termos de uso de mídias sociais e empresários de todos os tamanhos podem tirar proveito disso. Além disso, devem diminuir as viagens com grandes deslocamentos. Com isso, o turismo regional deve ganhar força. Nesse sentido o nosso Estado é muito forte e tem que aproveitar essa mudança”, ressaltou.

Crise

Além de propor soluções para o cenário pós-coronavírus, os empresários também comentaram sobre o funcionamento dos seus setores durante a pandemia. Segundo a presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, Maria Teresa Bustamante, a participação do setor produtivo, especialmente do Conselho das Federações Empresariais de Santa Catarina (Cofem), está sendo essencial para amortizar os efeitos da pandemia na economia do Estado.

“Em Santa Catarina muitas empresas mostraram sua capacidade de reinventar e empreender. Algumas fabricantes de tinta viraram do dia para a noite fabricantes de respiradores. O setor produtivo tem trabalhado de maneira conjunta com as autoridades em prol da retomada da economia, mantendo como ponto de partida sempre a preservação da saúde. Nenhum outro estado tem feito isso”, ressaltou.

Segundo o vice-presidente de Coordenação Distrital da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL/SC), Olair Klemtz, o comércio está atendendo com apenas 40% da capacidade durante a pandemia. Além das vendas, alguns varejistas também estão tendo dificuldades em adquirir seus produtos devido as restrições em outros estados. “Precisamos de uma união de toda a cadeia produtiva para resolver este problema”.

Neste sentido, o presidente da Fetrancesc defendeu uma campanha nacional de valorização dos produtos brasileiros. “Isso fortaleceria todos os agentes do setor produtivo. A indústria que produz, o setor de transporte que leva a carga e o varejo que atende o consumidor final”, afirmou.